Capítulo 44

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— Espera! — ela gritou para as costas do rapaz quando ele estava no fim do corredor.

Verônica não sabia ao certo o porquê de as atitudes dele influenciarem tanto em suas decisões. Até instantes atrás ela estava bem consigo mesma sobre virar a página e deixar tudo o que vivera nesses últimos dias para trás, mas, olhá-lo daquela forma emperrou uma engrenagem em seu coração e fez tudo parar. Será que já o conhecia tão intimamente a ponto entender o que ele sentia apenas pelo olhar? Se era isso, ela não sabia, tampouco iria descobrir agora pois sua mente silenciou no momento em que as emoções passaram a transbordar.

Ian parou de andar ao ouvi-la mas demorou a se virar. Verônica tinha o poder de fazê-lo se sentir incerto, de fazê-lo duvidar, de fazê-lo voltar e se fosse necessário... e até mesmo implorar.

Ele retornou até ela devagar, mas com um semblante quase assustador. A menina piscou os olhos atrás das lentes, atordoada com a maneira que ele se aproximava, a fazendo dar passos para trás e até encostar na parede.

— Se você me disser que é isso o que você quer de verdade, eu a esquecerei hoje — começou Ian, agora cara a cara com ela, colocando uma mão na parede, ao lado da cabeça da jovem. — Mas se você disser que está com medo, com receio ou qualquer coisa do tipo, eu posso tentar consertar essa sua mente maluca com você. Eu sei o que eu quero, e eu quero ter você.

Verônica sentiu seu estômago saltar e a sensação de que seu coração iria explodir. Seus olhos estavam molhados mas não a ponto de formar lágrimas inteiras. Havia uma vontade presa em seu ser que não podia ser domada quando ele estava tão perto assim. E com o coração doendo, sedenta por apenas mais um pouco de tempo afável com ele, ela levou suas mãos para o rosto do rapaz e o trouxe para um beijo profundo.

Ian largou o moletom que segurava com a mão livre e agarrou a cintura dela, empurrando-a na direção da parede enquanto seu corpo avançava como ímã. Os braços de Verônica em volta do pescoço dele não deixava haver espaço entre os dois.

Aquele beijo fugaz significava esperança para Ian que enquanto tomava os lábios da jovem sabia que o que ela sentia era tão profundo quanto o sentimento dele. Era real, não importava o quanto ela tentasse negar ou fugir. Palavras não significam tanto quanto ações.

Ele afastou seus lábios, deixando sua respiração tórrida e ofegante contra os dela.

— Isso é uma despedida ou um começo, Emily? — ele perguntou, mantendo seu olhar sobre a boca dela, mesmo com o medo de uma resposta negativa lhe rondando pelas profundezas de seu cérebro, e sabendo que encará-la dizendo que não o quer seria doloroso demais.

A jovem sentiu todo corpo eriçar ao ouvir seu verdadeiro nome. Era estranho... e... bom.

— Acho que teremos que conversar — ela respondeu em tom de incerteza, com olhos que pediam desculpa de forma silenciosa.

Ian abaixou a vista balançando a cabeça.

— Não faz isso comigo... — pediu ele.

— Você não me conhece... — ela sussurrou dolorosamente.

— Então me deixe tentar! — ele exclamou em voz baixa, elevando o olhar para ela.

A jovem balançou a cabeça de um lado para o outro enquanto seus olhos se enchiam.

— Você não vai gostar...

Ian percebeu naquele momento o quão frágil Verônica poderia ser por dentro, e ele não viu isso como um defeito, só viu alguém que precisava ser cuidado.

— Não é você quem decide isso. — ele segurou na lateral do rosto dela com uma mão. — Vamos tentar. — disse a olhando nos olhos, reparando que os dela estavam tão tristes quanto os seus.

Night Rise (Livro 2)Onde histórias criam vida. Descubra agora