Capítulo 17

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Ian manteve sua vista voltada para o chão, e com um gesto simples de cabeça, indicou a cadeira ao lado.

Verônica soltou uma curta e inesperada risada nasal, fazendo que não com a cabeça.

— Vamos observar a paisagem e aproveitar o clima da noite? — ela perguntou com ironia. Ainda não entendia o porquê ele se aproximava tanto. Ele não sabia literalmente nada sobre ela, nem sequer seu sobrenome, enquanto a própria, sabia cada mísero detalhe sobre a vida dele. De seu passado até suas mínimas predileções. Seu interesse era fundamentado, mas o dele não era. O dele era passageiro, mesmo que intenso.

Ian levantou-se em silêncio, dando um passo mais próximo dela.

Verônica ergueu o olhar para encontrar o dele. Mesmo com a vastidão ao seu redor, Ian parecia enorme à sua frente. Não no sentido avantajado na altura, mas que, tudo em sua panorâmica se derretia quando ele se erguia. Todo seu controle mental enfraquecia.

Ele abaixou o capuz. Dessa vez seus olhos possuíam brilho. Talvez as luzes da área da piscina refletissem no seu azul oceânico, mas aquele fulgor misterioso ainda permanecia ali. Às vezes parecia perigoso, às vezes parecia sombrio. Era como um enigma. E para Verônica, era um livro aberto onde tudo que ela conhecia era superficial. Estava tentada a descobrir o que havia em seu interior. Ansiava por ler as entrelinhas. Metade do tempo sentia como se possuísse vantagem por saber detalhes demais, e na outra metade sentia como se tudo que soubesse fosse inútil. Ele não se resumia àquilo. Havia muito mais a conhecer.

— Quarenta e seis minutos atrasadas. — disse Ian.

Ela franziu o rosto em uma expressão que estava entre confusão e deboche.

— Passou quarenta e seis minutos esperando? O que faria se eu não viesse? — ela apertou o casaquinho contra o corpo, o olhando com curiosidade e um sorriso desdenhoso. Essa noite oferecia um frio sombrio e a jovem estava arrependida de não ter posto uma calça. Ela usava uma saia jeans e uma blusa branca e fina, sendo o casaquinho amarelo sua única fonte de aquecimento, mas, achando que devido a hora, o rapaz não estaria mais lá, não achou que fosse necessário se agasalhar.

— Eu a deixaria em paz. — Ian respondeu. Seu rosto parecia entediado e sua voz não mostrava sentimento. — Mas você está aqui. — ele continuou. Dessa vez, uma pequena curva maliciosa formou um sorriso ladino.

O olhar dela fora desviado para o lado, arrependendo-se de ter ido o encontrar, mesmo esperando que ele já não estivesse mais lá.

Ian se aproximou mais um pouco e passou por ela, como se a jovem fosse uma presa intimidada, ele deu meia volta e parou seu corpo logo atrás, quase colado às costas dela.

Verônica sentia a presença dele em cima de si, como se a tomasse e fosse grande demais para haver alguma escapatória. De repente, ela sentiu uma pequena e suave lufada de ar próximo ao seu pescoço. Ian estava perigosamente próximo, não que eles já não houvessem ido um pouco mais além disso.

A sensação dos lábios dele atravessou a mente de Verônica como um flash de memória. Aquilo não podia acontecer outra vez.

Ian deslizou uma de suas mãos na cintura dela. O silêncio predominava no instante. Verônica sentiu um calafrio invadi-la e quando a mão dele a apertou, o ar comprimido em seus pulmões quase congelou.

A outra mão dele afastou os cabelos dela do pescoço. A jovem estava imóvel. Seu corpo não respondia aos seus comandos, mas respondia instantaneamente a cada toque do rapaz. Ele aproximou seus lábios do ouvido dela, e ela teve certeza que ele diria algo. Talvez houvesse desistido de falar, porque levou cerca de 5 segundos para os lábios dele deslizarem pela curva de seu pescoço.

Night Rise (Livro 2)Onde histórias criam vida. Descubra agora