Capítulo 14

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— Espera... — pediu Verônica calmamente.

Ian permaneceu próximo, sem se mover do lugar. Seu rosto voltado para ela como se não existisse mais nada à sua volta.

— Isso não faz sentido. O que quer de mim? — continuou ela.

O rapaz estreitou os olhos e um segundo de confusão.

— Por que eu iria querer alguma coisa de você?

Verônica partilhou da mesma confusão que ele. Como se nada além do desejo que nutriam um pelo outro, tivesse coerência.

— E então? — ela perguntou franzindo o cenho. — Por que me perturba desse jeito?

Ian não demonstrou nenhuma reação diferente.

— Tenho interesse em você. E você tem em mim. Por que você dificulta o que é tão simples?

Verônica sentiu uma onda lhe aturdir. Ele colocava aquilo de forma tão fácil, que realmente parecia ser. Mas não era. Não para ela. A posição de Verônica era arriscada.

— Eu não tenho a menor intenção de me envolver com você. — ela mentiu, obedecendo seu senso.

Ele desviou o olhar para o lado, checando se ainda não havia ninguém perto, e no momento seguinte, se inclinou para a orelha dela e sussurrou algo por um breve segundo.

Verônica sentiu-se invadida pelo aroma frio de hortelã que o rapaz exalava. Ele se afastou, e a olhou uma última vez, um olhar que parecia dizer algo em meio ao silêncio perturbador que surgia quando seus olhos se sencontravam.

***

Naquela mesma noite, o segurança do Sr. Vega atravessou a porta da frente do anexo com duas maletas pretas, uma em cada mão.

Anthony apresentava um aspecto cansado. Sua camisa caríssima estava com as mangas arregaçadas, e seu paletó, jogado ao sofá. Ele havia passado o dia inteiro ali, pois qualquer mudança ou contato repentino dos sequestradores seria  importante. O homem segurava um copo de uísque, sentado com as pernas cruzadas numa poltrona de estofado vermelho sangue, à um canto da sala. Ace e Rick também estavam presentes no cômodo, um em cada sofá de frente para o outro. Ambos compartilhando uma silenciosa aflição.

À medida que o segurança se aproximava, o Sr. Vega deixou seu copo na mesinha de pé alto ao lado, e se ergueu. Os dois rapazes, disfarçadamente, ficaram atentos. O homem entregou as duas maletas ao Sr. Vega, inclinando-se levemente para ele e sussurrando algo inaudível à distância.

Quando o segurança afastou-se, Anthony voltou sua atenção para Ace.

— Me leve até o cofre. — pediu.

O rapaz assentiu de primeira, levantou-se e seguiu para as escadas. Atrás dele, o Sr. Vega, e atrás desse, Rick.

Durante o caminho, já no corredor estimado, Ethan saía de dentro de um cômodo, e fechando a porta atrás de si, cruzou os braços e observou placidamente os três indivíduos marcharem em sua direção pelo corredor. Ao passar pelo dito rapaz, o Anthony empertigado apenas o ignorou, mas logo atrás dele, o olhar de Rick confirmou a Ethan alguma coisa.

Eles andaram até uma saleta de escritório. O homem caminhou para dentro da sala, e na última parede, atrás de uma mesa, abriu um cofre. Ele depositou uma das maletas lá dentro e fechou a tampa. Os repetidos "bips" informavam que uma senha havia sido configurada. Após isso, ele virou-se para os rapazes novamente.

— O documento legítimo ficará guardado aqui até Ayla voltar. Afinal, será dela em algum momento. — disse com serenidade, segurando a maleta que restou, ao lado do corpo.

Night Rise (Livro 2)Onde histórias criam vida. Descubra agora