— Eu não acredito que você me trouxe mesmo para a sua casa! — disse Verônica, desacreditada. A menina entrava devagar na casa enquanto o rapaz à sua frente carregava uma mala grande em cada mão.
— A ideia foi sua. — Ian rebateu ao deixar as malas cor de rosa no chão da sala.
Verônica andou em círculos devagar, olhando por todo lado. Era tudo muito limpo e arrumado, e também muito simples. Não havia decorações nem cores. Apenas móveis cor de madeira clara, quase da mesma cor que o piso.
O rapaz conferiu as horas no relógio em seu pulso. Estava tarde da noite.
— Pode olhar a casa mas não mexa nas minhas coisas. — disse ele antes de seguir andando para seu quarto.
Verônica imitou a fala dele sem emitir som enquanto ele estava de costas, e com um ar desgostoso, passou a andar pela sala. Não tinha absolutamente nada para ver ali, então, passado poucos segundos, ela decidiu seguir pelo caminho que ele havia ido. Ao andar pelo corredor, a jovem parou na primeira porta aberta. O rapaz estava enchendo uma mochila com roupas.
Ela escorou o ombro na moldura da porta, o mirando com estranheza. Ian agora fechava o zíper da bolsa e colocava uma alça em seu ombro.
— Você vai embora? — ela perguntou.
O rapaz andou até ela, parando próximo demais e encarando seus olhos castanhos escuros.
— Quer que eu durma com você?
A menina grunhiu de nojo.
— Eu detesto pessoas grudentas! — disse ela ao fingir que sentiu um arrepio pelo corpo.
Ian a encarou seriamente. Ele não acreditava em nenhuma palavra proferida por ela, e em silêncio, ele se afastou, seguindo do corredor diretamente para a porta da sala.
Verônica o seguiu com os olhos. Um meio sorriso se formava em seus lábios enquanto ela o assistia ir embora, pensando em quais vantagens poderia tirar daquela situação, e brincar com Ian por tempo determinado até poderia ser divertido, contando que não fossem longe demais.
Só até isso acabar... — ela disse a si mesma em pensamentos.
***
Ethan usava uma camiseta branca e calças moletom cinza. Um de seus braços estava atrás de sua cabeça, sobre o travesseiro, e outro acomodava a nuca de Ayla, que com as mãos unidas na barriga sobre o tecido macio de sua camisola de seda, deixava suas pernas com joelhos flexionados caídas para o lado, encostadas nas dele.
Acima deles, o teto do quarto escuro mostrava estrelas de LED azul por todo comprimento branco.
— Perdemos a casa? — a voz dela preencheu o silêncio.
— Não — ele respondeu sorridente. — A Nancy conseguiu.
— Podemos começar a mudança amanhã?
Ethan espremeu os olhos para o teto.
— Você não queria mudar os móveis? Não escolhemos os novos ainda
— Podemos fazer isso depois.
O rapaz demorou para responder.
— Por que você está com pressa, princesa?
Ayla também demorou.
— Eu só... — a voz dela saiu mais baixa, receosa. — Queria começar nossa vida...
O coração de Ethan assumiu um ritmo mais lento, como se tudo parasse novamente. Lágrimas se prepararam em suas órbitas e um sorriso tímido e triste invadiu seu rosto.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Night Rise (Livro 2)
RandomNa continuação da história de Night Ride, Ethan se depara com obstáculos inimagináveis quando Ayla é sequestrada. O resgate se torna sua prioridade, e com a colaboração do Comando Sul, de hackers, e até de companhias desagradáveis, o plano se inicia...