Capítulo 38

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— Você disse que era uma emergência — indagou Matteo com mau humor.

Você disse que era uma emergência — Isaac reproduziu ridiculamente uma imitação.

Ambos se olharam feio, como se não suportasse a presença um do outro.

Os dois rapazes estavam sentados lado a lado nas cadeiras de visita ao outro lado da opulenta mesa escura e espelhada do escritório de Nancy. A ruiva os olhava com um leve teor de reprovação, como quem vê dois adolescentes brigando por coisas levianas.

— Escutem aqui! — começou ela. — Esse casamento precisa ser perfeito para os noivos. Você é o melhor amigo do noivo — ela concentrou seu olhar sério em Isaac por um segundo, logo depois o passou para Matteo. — E você é o melhor amigo da noiva. Isso significa que agora nós vamos trabalhar juntos e eu acho muito bom vocês começarem a se darem bem!

Os meninos se retraíram no lugar, abaixando o olhar como crianças que levaram bronca.

— Ou vão ter que se beijar! — Nancy acrescentou com ar de sabe tudo, passando as mãos por baixo do cabelo com orgulho e ignorando as carrancas direcionadas a ela, quando de repente, a porta se abre e por ela entra uma moça um pouco mais jovem, de pele escura, cabelos encaracolados e, apesar do sorriso, seus olhos amendoados dilatavam um mistério sedutor. Ela caminhou até a mesa segurando contra o peito uma pasta preta e fina de couro junto com uma folha de contrato sobre ela, e, parando ao lado de Nancy e dobrando-se sobre a cintura, a moça pôs a folha sobre a mesa, alinhando-a diante da ruiva que neste momento, segurava o ar inconscientemente, e só quando teve que inclinar-se para alcançar uma caneta e assinar o documento, lembrou de soltar o oxigênio com toda sutileza que conseguia. Bom, nem tanta sutileza assim. A moça a olhava de perto e podia quase sentir que a ruiva sentia sim um certo calafrio com sua presença. O ligeiro nervosismo que ela apresentava era o que sustentava o sorriso contido da moça que provavelmente se divertia com o cenário.

— Aqui estão as últimas folhas de pagamento do escritório Khalil — disse ele com suavidade ao deixar a pasta preta ao lado da folha que a ruiva assinava.

Isaac, com um cotovelo apoiado no braço da poltrona e o rosto apoiado no punho, sorria discretamente enquanto contemplava a beleza da jovem moça. Já Matteo, concentrava seu olhar no próprio colo, nada interessado.

— Obrigada, Amandina. — disse Nancy com um sorriso rápido ao deixar a caneta sobre a mesa e elevar seu olhar para o da moça, que já vigiava o seu rosto desde que se aproximou.

Amandina sorriu e assentiu com a cabeça, recolhendo a folha de documento e se dirigindo para a porta. Conforme ela se afastava em passos sutis e majestosos sobre um salto fino, Nancy, que estava com os ombros tensos, pôde relaxar. A moça em questão lhe causava arrepios e vontades proibidas na qual ela precisava se controlar.

Isaac seguiu a bela jovem com os olhos, girando o pescoço para não perder um segundo da saída dela, até a porta bater, e então, ele voltou o rosto para Nancy rapidamente.

— É ela? É a que você falou quando estava bêbada que não poderia pegar? — disparou com um sorriso canalha.

— Se envolver com alguém do trabalho é como cuspir pra cima. — disse Matteo casualmente, limpando uma poeira invisível de seu blazer.

— Ah, cala essa boca! — Isaac rebateu, franzindo o cenho para o rapaz. — Ethan vai casar com a chefe dele, e daí? Qual é o problema? — ele empinou o queixo uma vez, como se incitasse o outro a responder.

Matteo ergueu uma sobrancelha para Isaac, expressando nojo e coisas do tipo.

— Esquece esse cara — Isaac balançou a cabeça se voltando para Nancy que estava estranhamente calada.

Night Rise (Livro 2)Onde histórias criam vida. Descubra agora