Capítulo 58

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Ian estava sozinho na lateral escura do prédio. Ele apanhou o celular do bolso, deslizou o dedo pela tela e o levou até a orelha. E sua chamada não demorou para ser atendida.

Alô

Ao ouvir a voz do outro lado da linha, ele quase desistiu de falar. Mas, desistir de algo não era bem a sua praia.

— Isso é coisa sua? — ele perguntou calmamente.

Uma risada baixa fora ouvida. — Reencontrou sua irmã? Demorou um pouco mais do que eu esperava — Ace respondeu.

Ian permaneceu em silêncio, adiando as palavras que queria dizer.

Eu sei que você disse para eu não xeretar e te deixar em paz. Mas você ajudou a salvar os meus irmãos... mais de uma vez. Nada mais justo do que fornecer proteção para você e a sua.

O rapaz umedeceu os lábios antes de perguntar:

— Como você a encontrou? Não era para ninguém conseguir. Foi a V...?

Na verdade eu não a encontrei. — Ace o interrompeu. — Eu apenas encerrei o vínculo de seu pai com você. Com isso eu soube do que ele fazia com ela e da história de que ela fugiu e aquela coisa toda. Mas... você sempre soube onde ela estava, não é?

Ian não respondeu. Não conseguiu.

Bem... não importa. Eu a procurei, admito, e não consegui encontrá-la. Ela apareceu sozinha quando a barra ficou limpa. Acho que ela sempre acreditou que um dia voltaria.

Mais um momento de silêncio enquanto o rapaz loiro segurava a comoção emperrada em seu peito.

Ei, garoto... — a voz de Ace preencheu o novo silêncio. — Fica de boa. Agora vocês estão seguros.

Ian engoliu sua emoção, respirou fundo e abriu a boca para dizer um "Obrigado", mas antes que pudesse falar a primeira sílaba, Ace acrescentou:

E não me agradeça. Apenas fique na minha equipe e nem pense em nos largar.

Ian quase riu, e então, a chamada foi encerrada pelo Vega.

O rapaz guardou o celular no bolso lentamente enquanto sua cabeça desacelerava, foi nesse instante que Verônica apareceu em seus pensamentos.

— Porra... — ele murmurou para si e se apressou em correr para dentro do prédio.

Ian entrou no saguão pela porta da frente e deu passos largos em direção ao balcão, mas um assobio o fez parar no meio do caminho. Ele procurou o som, olhando para os lados, e então avistou Kevin em uma das portas das salas do lado esquerdo do foyer.

Ele andou até lá com uma expressão preocupada no rosto, e assim que parou diante do amigo que guardava a porta de braços cruzados, o viu apanhando uma chave no bolso.

— Ela tá aqui — disse Kevin ao se virar e colocar a chave na fechadura.

Ian assentiu aliviado, e um segundo depois seu rosto transformou-se em alarme novamente.

— Você trancou ela? — ele perguntou perturbado.

Kevin o olhou por cima do ombro. Nunca tinha visto Ian mostrando tantas emoções em um único dia.

— Era pra deixar ela fugir? — ele retrucou, saindo da frente da porta sem abri-la.

— Não... mas... — Ian encarou a maçaneta, depois balançou a cabeça. — Esquece. — ele a segurou pronto para girar, mas Kevin voltou a falar:

— Ah! E ela disse que não foi ela que trouxe a Isa de volta. Você vacilou — disse ele com tranquilidade ao novamente cruzar os braços com despreocupação.

Night Rise (Livro 2)Onde histórias criam vida. Descubra agora