Capítulo 62

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— Eu decidi o meu projeto para a empresa. — disse Joel, e o peito do Sr. Vega voltou a se encher de expectativa. Significava que ele não estava totalmente errado, o menino realmente estava ávido quanto aos negócios. O homem sorriu e assentiu com um movimento de cabeça, indicando para que o jovem prosseguisse.

— Eu quero continuar a pesquisa da Lótus de Verbena. — declarou Joel.

Matteo com as mãos na cintura, pestanejou intrigado. A dor de cabeça de Ace pulsou mais uma vez enquanto ele fechava os olhos lentamente.

Anthony já estava colhendo impaciência por dentro mesmo que não a plantasse, mais uma vez sentindo uma mistura de irritação e decepção.

— Absolutamente não. Procure outra coisa. — ele declarou com firmeza. Seus olhos ferozes poderiam até intimidar Joel, isso se ele já não estivesse tão determinado.

Anthony não pretendia deixar que Ayla soubesse o que realmente havia acontecido, muito menos ter essa flor como um lembrete doloroso e constante de tudo que havia acontecido. Ele sabia que de certa forma, estava sendo egoísta ao ignorar todos os benefícios que a planta poderia trazer à sociedade apenas para proteger sua filha de uma verdade terrível, e para proteger a si mesmo de lembranças pungentes. E como consequência, proteger a sua empresa e seus infindáveis negócios de uma degradação.

***

Alex engoliu em seco, não sabia o que fazer, mas sabia que sua irmã não estava nem um pouco bem. Ele se aproximou e a abraçou, afagando atrás da cabeça dela enquanto a permitia chorar livremente.

Ayla deixou alguns soluços escapar de sua garganta e as lágrimas quentes eram unicamente motivadas pela lembrança vivaz em sua memória. Lembrança daquela noite onde teve o seu primeiro encontro com Verônica...

— Eu não sei quem é você, e não o que você acha que sabe sobre mim, mas você não me conhece. — Ayla virou o rosto para frente, também apoiando os antebraços na grade da sacada.

— Está enganada. — Verônica respondeu com simplicidade. — Eu te conheço melhor do que você mesma. — ela sorriu com malícia, voltando a olhar para a jovem que também a olhou. — Eu sei coisas sobre você, que nem você mesma sabe — continuou ela.

E para Ayla, aquilo soou como uma cantiga misteriosa que a chamava para o desconhecido.

— Então por que você não me conta? — sugeriu ela, como se desafiasse passivamente a outra.

— Acho melhor você sentar para não cair para trás. Eu sei o quanto a princesa é frágil — Verônica retrucou ao olhá-la de cima a baixo com um sorriso desafiador.

Ayla retribuiu o olhar, mas o seu era crítico. Ethan havia lhe contado sobre uma gênia da computação que ajudou no seu sequestro e que foi a falha essencial para apanhar o mandante e realizar o resgate, mas o fato mais engraçado de tudo foi quando ele mencionou a relação dela com Ian. A julgar pelas palavras da jovem garota de óculos, e por ela estar ali naquela noite, Ayla suspeitava de que eram a mesma pessoa.

Verônica deu meia volta e andou até o sofá. Antes de segui-la, Ayla deu uma última olhada para a fora, contemplando a brilhante escultura de fogo que queimava determinada, e absorvendo um pouco daquela determinação flamejante e preparando sua mente para o que viesse, a jovem andou até o sofá.

Verônica sentou-se em uma ponta e Ayla na outra, cruzando as pernas e trazendo para o colo o moletom que Ethan havia deixado para trás. Não era ele, mas serviria para lhe dar apoio.

— Eu não sei se você sabe quem eu sou, mas eu fui uma das pessoas envolvidas no seu... — Verônica gesticulou vago, com preguiça de continuar a frase.

Night Rise (Livro 2)Onde histórias criam vida. Descubra agora