cuidados especiais

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Porchay

Eu odeio segunda. Odeio mesmo. Não sei como existem seres humanos que possam gostar de segundas. É o pior dia da semana, que fica ainda pior quando você acorda cedo pra ir pra faculdade. Ô desgraça-

Acordei com uma dor de cabeça e uma tontura horrível, até pensei que eu fosse cair no chão ali mesmo. Infelizmente não consegui convencer Porsche de que estava morrendo com alguma doença terminal que exigisse descanso total, então tive que me arrumar pra ir.

Hoje, por algum milagre, estava calor mesmo de manhã, o que era bom e ruim ao mesmo tempo. Eu acho que sou muito mal agradecido.

- Tô saindo! - gritei passando pelo portão e dando de cara com um carro.. familiar? Que eu pensei que fosse de Kinn, já que Hia disse que iria sair.

O vidro abaixou lentamente e a cada segundo, o rosto do L'Oréal Paris ficava mais claro. Que ótimo. Segunda de manhã e ele na minha frente

- bom dia pirralho! - revirei os olhos e ajeitei a bolsa nas costas. - quer carona?

- querer eu quero, mas não de você. - respondi andando pela calçada com o carro me seguindo. - não enche Kim.

- ah, vai. Só quero ajudar. - não. Ele não quer. E eu sei disso pelo sorrisinho de canalha se torcendo nos lábios dele - vamos, entra pirralho.

- alguém vem me buscar. - menti. - vaza Kim.

- ahg que garoto chato. Eu só tô tentando aju- interrompi colocando os fones no ouvido. Ele deve estar bravo. Pouco me importa.

Tudo parecia rodando e piscando, me deixando cada vez mais tonto. Eu escutava a buzina bem atrás de mim. Senti vontade até de jogar uma pedra no carro, mas não joguei. Deve ser caro e eu não tenho dinheiro pra pagar o concerto depois.

Na porta de entrada, Kim correu e ficou do meu lado. Andando e sorrindo.. como um completo idiota.

- oque você quer? Eu tenho que ir pra aula. - perguntei parando.

- nada, ué. Só te acompanhar. Pirralho.

- você não tem namorada, ou.. amigos? - a dor de cabeça infernal só fazia com que o rosto dele me desse mais vontade de socar.

- não é da sua conta. - tentei desviar, mas continuava sendo impedido

- porra Kim. Eu tenho que ir, não quero me atrasar. Vai encher o saco de outro, caralho. - ele sorriu e saiu do caminho. Só me dei conta de que havia xingado.. umas 2 horas depois.

O Hia não deixa eu xingar, mas às vezes sai, sabe? Ele não deixa eu fazer muito coisa, na verdade. Coisas que ele faz sem preocupação. E eu realmente não entendo.
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Deu a hora do almoço e eu juro que não prestei atenção em nada que acontecia ao meu redor. Minha cabeça doía e ainda dói. Só peguei meu sanduíche e sentei em um banco pra comer.

Dei duas mordidas e não aguentei tudo, por mais que eu estivesse com fome, a dor e tontura não deixavam eu me alimentar. Aí chegou o L'Oréal Paris pra me infernizar.

- eai, pirralho. - ignorei guardando o pão de novo - você não vai comer? - neguei com a cabeça e ele chegou mais perto. - por que?

- não tô afim. - dei de ombros

- hm. Ô pirralho-

- não tô afim. - repeti. Entenda. NÃO - TÔ - AFIM

Eu iria gritar com ele ou algo assim, se eu estivesse bem. Meu corpo dói, minha cabeça dói, me sinto tonto e fraco. Não quero gastar minhas energias desse jeito.

Pirralho atrevido!            Kimchay/JeffcodeOnde histórias criam vida. Descubra agora