Estou no meu setup, com o monitor iluminando meu rosto enquanto meu personagem corre freneticamente pela floresta escura de "Dead By Daylight". A adrenalina pulsa nas minhas veias enquanto tento despistar o assassino que me persegue implacavelmente. Os sons do jogo preenchem o ambiente e, por um momento, esqueço do mundo ao meu redor.
De repente, ouço uma voz familiar chamando por mim.
— Rindou! — é Ran, meu irmão mais velho.
Faço uma pausa rápida no jogo, virando a cadeira para encará-lo. Ran está parado na porta do meu quarto, todo arrumado. Ele veste uma jaqueta estilosa e calça cargo preta com uma camiseta branca, o cabelo cuidadosamente penteado. É impossível não notar o contraste entre nós dois: eu, de moletom velho e fones de ouvido e ele, parecendo pronto para uma noite na cidade.
— Para onde você vai? — pergunto, curioso.
— Vou sair com o Smiley — responde ele, ajustando a manga da jaqueta. — Vamos voltar um pouco tarde.
Faço que sim com a cabeça, um pouco distraído. Ele e Smiley são como unha e carne, não se desgrudam. Ran dá alguns passos na minha direção, seus olhos sérios fixos em mim.
— Só não quero que você fique até tarde da noite no PC, entendeu?
Reviro os olhos, mas sorrio de leve. Ele sempre se preocupa comigo, mesmo que não precise.
— Tá bom, tá bom. Vou tentar não virar a madrugada — respondo, voltando a atenção para o jogo.
Ran sorri de volta e se vira para sair. Antes de fechar a porta, ele lança um último olhar na minha direção.
— E toma cuidado com esses assassinos, hein? — diz, com um sorriso brincalhão.
Dou uma risada curta e aceno com a cabeça, enquanto ele sai. Coloco os fones de ouvido de volta e retorno ao meu jogo, mas a presença do Ran ainda ecoa no quarto, uma lembrança constante de que, mesmo em mundos virtuais, a família está sempre por perto.
Os fones de ouvido envolvem minhas orelhas, me isolando completamente do mundo exterior. O ritmo do jogo me captura novamente, e a tensão dos sobreviventes fugindo do assassino me mantém à beira da cadeira.
As horas passam sem que eu perceba. Cada partida é mais intensa que a anterior, e o tempo parece evaporar. Meu quarto está escuro, iluminado apenas pelo brilho do monitor. A adrenalina corre solta enquanto consigo escapar do assassino em uma partida particularmente difícil. Estou tão imerso que quase não ouço o relógio tiquetaqueando ao meu lado.
Quando finalmente faço uma pausa, olho para o relógio digital na minha mesa. Meus olhos se arregalam. São 00:45. Ran vai me matar se descobrir que fiquei jogando até essa hora.
Num pulo, desligo o PC, quase tropeçando nos cabos espalhados pelo chão. Corro até o banheiro, sentindo a urgência na pressa dos meus passos.
O reflexo me mostra um rosto cansado, mas satisfeito. Adoro essas noites de jogo, mesmo sabendo que amanhã (hoje) vou me arrepender um pouco.
Entro no chuveiro, deixando a água quente lavar o cansaço e a adrenalina da minha pele. Fecho os olhos por um momento, aproveitando a sensação relaxante. Preciso ser mais cuidadoso com o tempo, mas é difícil parar quando estou tão envolvido. Enquanto a água cai, prometo a mim mesmo que vou tentar dormir mais cedo na próxima vez... ou pelo menos antes que Ran volte para casa.
Termino meu banho, a água quente ajudando a aliviar a tensão acumulada pelas horas de jogo. Saio do chuveiro e me seco rapidamente, a toalha macia absorvendo a umidade da minha pele. Visto meu pijama confortável e, com o cabelo ainda molhado, vou direto para a cama.
Me deito, mas o sono não vem. Fico olhando para o teto, com os pensamentos vagando. A adrenalina do "Dead By Daylight" ainda corre pelo meu corpo, me mantendo desperto.
Me viro para o lado e vejo meu celular em cima do criado-mudo. Sem pensar duas vezes, pego o aparelho e abro "Free Fire". Talvez mais um pouco de jogo me ajude a relaxar.
O brilho da tela ilumina meu rosto enquanto me conecto ao servidor. Começo uma partida, o familiar campo de batalha aparecendo na tela. Estou concentrado, tentando sobreviver o máximo possível, quando de repente, escuto vozes abafadas vindo de dentro de casa.
Meu coração acelera e, instintivamente, desligo o celular, e o coloco rapidamente embaixo do travesseiro. Fico imóvel, ouvindo atentamente. A porta do meu quarto está entreaberta, me permitindo ver o corredor. Vejo Ran passando, puxando Smiley pelo braço. Ran tem uma expressão determinada, enquanto Smiley parece se divertir com isso.
Sorrio, já sabendo o que eles vão fazer. Provavelmente, eles vão virar a madrugada em uma boa foda, é típico deles.
Volto a me deitar, com o celular ainda escondido debaixo do travesseiro. Fecho os olhos, mas não consigo pegar no sono.
— Porra. — resmungo e me viro para o outro lado.
Fico tentando encontrar uma posição confortável, mas o travesseiro parece estranho, a coberta me incomoda, e minha mente não para de trabalhar. Suspiro, frustrado, e finalmente me viro para encarar o teto.
A luz de LED, ajustada em tons de azul, ilumina o quarto com uma suave radiância. O azul me cerca, calmante e sereno. Sempre gostei dessa cor. Há algo na tranquilidade do azul que me faz sentir em paz. Talvez seja porque o azul me lembra o céu em um dia claro ou a profundidade do oceano. É uma cor que evoca infinitas possibilidades e uma calma que não encontro em nenhum outro lugar.
Enquanto encaro o teto, penso em como o azul sempre esteve presente na minha vida. Me lembro de quando era pequeno e Ran me levou ao aquário pela primeira vez. A vastidão azul dos tanques, com peixes exóticos nadando serenamente, me fascinou. Desde então, o azul se tornou minha cor favorita. É como se estivesse sempre lá para me lembrar de respirar fundo e manter a calma, mesmo nos momentos mais tensos.
O LED azul banha o quarto com sua luz suave, e por um momento, sinto a ansiedade diminuir. No entanto, o sono ainda não chega.
Talvez a excitação dos jogos ainda esteja presente, ou talvez minha mente simplesmente não queira desligar. Continuo olhando para o teto, perdido em pensamentos, cercado pelo reconfortante abraço do azul.
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Paixão Oculta (+16)
Fanfiction[𝗢𝗯𝗿𝗮 𝗙𝗶𝗻𝗮𝗹𝗶𝘇𝗮𝗱𝗮] Rindou e Angry são opostos que se atraem, mas seus mundos internos são tão complexos quanto o labirinto de uma mente perturbada. Rindou carrega demônios interiores que o aprisionam em sua própria incapacidade de expre...