Rindou...

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Acordo com os raios de sol entrando pela janela, iluminando o quarto do Rindou com uma luz suave e silenciosa. Por um momento, esqueço onde estou, a familiaridade do ambiente me engana, me fazendo pensar que tudo está normal. Mas então, a realidade cai sobre mim como um peso, lembrando de onde realmente estou e por que estou aqui.

Estou deitado na cama do Rindou, ainda abraçando o seu moletom favorito. O cheiro dele, uma mistura de amaciante de roupas e o perfume característico que ele sempre usava, está impregnado no tecido, trazendo uma sensação reconfortante, mas ao mesmo tempo dolorosa. A sensação de medo é tão forte que meu peito dói.

Olho ao redor do quarto, tomando consciência dos detalhes familiares. As prateleiras cheias de livros, os pôsteres de bandas que ele gosta, a pequena coleção de figuras de ação que ele guarda com tanto cuidado. Tudo parece tão normal, como se ele fosse entrar pela porta a qualquer momento, sorrindo e rindo como sempre. Mas sei que isso não vai acontecer. Não agora.

Me sento na cama, sentindo o peso das últimas horas cair sobre meus ombros. A lembrança do vídeo que ele deixou para mim ainda está fresca na minha mente, cada palavra ecoando, cada nota de música tocando meu coração de uma forma que nunca imaginei. É como se ele estivesse tentando me consolar, me preparar para uma realidade sem ele, mas eu não consigo aceitar.

Eu respiro fundo, tentando acalmar a tempestade de emoções dentro de mim. Mas o silêncio do quarto, a ausência do Rindou, é ensurdecedor. Tudo o que posso fazer é me agarrar às lembranças, ao moletom que ele usava, ao som de sua voz na gravação. Tento me preparar para o dia, para enfrentar a realidade, mas cada movimento é pesado, cada pensamento é uma batalha.

Eu sei que preciso sair daqui, que preciso enfrentar o que está acontecendo, mas por um momento, tudo o que quero é ficar neste quarto, cercado pelas coisas que ele ama, me sentindo um pouco mais perto dele. Fecho os olhos, tentando segurar as lágrimas, mas elas vêm de qualquer maneira, quentes e silenciosas.

— Rindou... — sussurro, minha voz quebrando. — Por favor, volta pra nós... para mim... eu não sei o que é viver sem você aqui comigo...

Eu me levanto da cama, com meus movimentos pesados e lentos. As lágrimas ainda escorrem pelo meu rosto, mas eu as seco rapidamente com a manga do moletom, tentando me recompor. Não é o momento para me desmoronar, Rindou precisa de mim agora, mais do que nunca.

Saio do quarto, fechando a porta com cuidado, como se o barulho pudesse quebrar o frágil silêncio que paira no ar. O corredor parece mais longo e vazio do que o normal, cada passo ecoando suavemente enquanto caminho em direção ao banheiro. Preciso me arrumar, preciso estar pronto para ver meu irmão no hospital.

No banheiro, encaro meu reflexo no espelho. Meus olhos estão vermelhos e inchados, o rosto marcado pela noite mal dormida e pelo choro constante. Tomo uma ducha rápida, a água quente ajudando a aliviar a tensão nos meus músculos, mas não fazendo muito para acalmar minha mente.

Coloco roupas limpas, optando por algo simples e confortável. Penteio o cabelo, mas minhas mãos tremem levemente, uma ansiedade persistente que se recusa a me deixar. Volto ao banheiro e lavo o rosto mais uma vez, como se isso pudesse lavar também o peso das últimas horas.

Finalmente, pego o celular para verificar mensagens e atualizações, mas há um vazio que me lembra que nada mudou. Saio do quarto, descendo as escadas e encontrando a casa mergulhada em um silêncio pesado.

Desço as escadas, cada degrau parecendo uma eternidade enquanto o peso das últimas horas me acompanha. A casa está silenciosa, o que a torna ainda mais opressiva. Quando chego ao térreo, vejo Smiley e Angry na sala, ambos com expressões cansadas e preocupadas.

Paixão Oculta (+16)Onde histórias criam vida. Descubra agora