Eu abro o portão da garagem, e o som ecoa pelo espaço, revelando a moto ali guardada. Lá está ela: minha Yamaha YZF-R6 azul brilhante, reluzindo sob a luz do começo do final da tarde. A visão dela sempre traz um sorriso ao meu rosto, e hoje não é diferente. Sinto uma onda de nostalgia percorrer meu corpo enquanto puxo a moto cuidadosamente, ouvindo o ronco suave do motor ao ligá-la.
Assim que a retiro da garagem, olho para a calçada e vejo Angry já se preparando. Ele está ali, ajustando o capacete na cabeça com um semblante meio concentrado. Eu sorrio. É quase engraçado o quão dedicado ele é a cada detalhe, até em momentos como este.
Aproximo a moto da calçada, o motor rugindo baixinho, e me pego admirando a cena: Angry, com aquele jeito dele, ajeitando a faixa azul no capacete, os dedos passando pelos fechos para ter certeza de que está tudo certo.
— Pronto? — pergunto, erguendo a voz para alcançar ele. Angry me olha e abre um sorriso largo, aquele que é impossível não se contagiar.
— Prontíssimo. — ele responde, e a empolgação é visível no brilho dos seus olhos.
Eu dou uma risada baixa, colocando meu próprio capacete enquanto observo ele dar os toques finais no dele. Coloco a moto em ponto morto e apoio os pés no chão, esperando ele subir. Essa sensação de liberdade... de estar prestes a dividir um momento assim com ele, faz meu coração bater mais forte.
Eu dou uma risada baixa, quase inaudível, quando vejo Angry se aproximando da moto com um pouco de hesitação. Ele passa a mão no banco traseiro, avaliando a altura, e eu já sei que ele está calculando como vai subir. A Yamaha YZF-R6 realmente não é das motos mais baixas, ainda mais na parte do garupa.
Ele tenta colocar o pé no estribo, mas hesita por um momento, como se estivesse tentando descobrir o melhor jeito de subir sem perder o equilíbrio. Meus lábios se curvam em um sorriso enquanto o observo. É até engraçado ver Angry, sempre tão calmo e determinado, se atrapalhando um pouco com a situação.
— Tá precisando de uma mão aí? — pergunto, contendo a risada, mas o tom provocativo é impossível de disfarçar.
Ele me lança um olhar que é uma mistura de frustração e diversão, e isso só me faz rir ainda mais.
— Ah, qual é, Rindou, você sabe que essa moto foi feita pra pessoas... mais altas, tipo você. — ele rebate, com um sorrisinho se formando em seus lábios.
Depois de mais uma tentativa, ele finalmente consegue se acomodar no banco traseiro, com um leve pulo que quase me faz rir alto. Assim que ele se ajeita, passa os braços ao redor da minha cintura, e eu sinto seu abraço firme.
— Tá confortável aí? — provoco mais uma vez, virando o rosto de leve para olhar pra ele.
— Nem vem, Haitani. — ele murmura, mas está sorrindo também, e eu dou partida na moto com um sorriso nos lábios, pronto para essa pequena aventura juntos.
— Eu vou ter cuidado com você, tá? — digo, virando um pouco a cabeça para que ele me escute melhor. Sinto as mãos do Angry apertarem levemente minha cintura em resposta, e eu sei que ele confia em mim. É uma responsabilidade e, ao mesmo tempo, algo que me faz querer proteger esse momento com tudo que eu tenho.
Com um movimento lento, eu alcanço o capacete dele e fecho a viseira, garantindo que ele esteja devidamente preparado para a viagem. Depois, faço o mesmo com a minha, clicando a viseira no lugar. O som suave do plástico encaixando ressoa como o início de algo especial. Dou uma última olhada para a rua à nossa frente, me certificando de que estamos prontos para partir.
Seguro firme o guidão, sinto o ronco da Yamaha vibrar sob nós, tiro os pés do chão e acelero suavemente, fazendo a moto deslizar pela rua. O vento bate contra nós, e a sensação de liberdade é quase instantânea. Enquanto seguimos o caminho, corto a avenida, desviando dos carros com facilidade. A cidade ao nosso redor parece apenas um borrão enquanto aceleramos, e por um momento, é como se apenas nós dois existíssemos.

VOCÊ ESTÁ LENDO
Paixão Oculta (+16)
Fiksi Penggemar[𝗢𝗯𝗿𝗮 𝗙𝗶𝗻𝗮𝗹𝗶𝘇𝗮𝗱𝗮] Rindou e Angry são opostos que se atraem, mas seus mundos internos são tão complexos quanto o labirinto de uma mente perturbada. Rindou carrega demônios interiores que o aprisionam em sua própria incapacidade de expre...