Estou sentado na sala com Smiley, assistindo TV, mas não consigo me concentrar no que está passando. Minha mente está em Rindou e em tudo que ele disse para mim e para Smiley. As palavras bonitas, o abraço repentino... algo não está certo. Não é normal para ele agir assim do nada.
Olho para Angry, que parece estar tão preocupado quanto eu.
— O que aconteceu com o Rindou? — pergunto, tentando entender melhor.
— Rindou parecia estar incomodado com alguma coisa. — responde Angry, com a preocupação evidente em sua voz. — Ele ficou todo sentido do nada.
Imediatamente, meus olhos se arregalam. Eu sei o que está acontecendo. Rindou está tendo outra crise.
— Merda. — falo e me levanto do sofá em um pulo que faz Smiley se assustar.
— O que está acontecendo, amor?
— Rindou está tendo outra crise. — falo chorando enquanto subo as escadas rapidamente. — Quando ele começa a dizer que me ama e me abraça do nada, é porque ele vai fazer alguma coisa muito séria. Não é a primeira vez que ele faz isso.
Subo as escadas com uma pressa desesperada, cada passo mais pesado que o anterior. Chego ao banheiro e, como esperado, a porta está trancada. Rindou não quer que ninguém entre.
Sem pensar duas vezes, arrombo a porta com um empurrão decidido. E a cena que vejo me deixa desestabilizado.
Rindou está na banheira, com seus pulsos sangrando. Seu braço direito está pendendo para fora da banheira, segurando uma lâmina que pinga sangue. O choque me paralisa por um segundo antes que eu recupere a capacidade de me mover.
Começo a chorar enquanto me aproximo do Rindou, com meu coração despedaçado ver ele nesse estado.
— Rindou! — chamo por ele, com a voz cheia de dor.
Ele abre os olhos lentamente e me dá um sorriso fraco.
— Eu te amo, Ran. — ele sussurra, antes de tombar para o lado, com a lâmina caindo no chão com um som metálico.
Corro para ele, tentando estancar o sangue com minhas mãos trêmulas. Não posso e não quero perder ele como quase o perdi na última vez que ele fez isso a seis meses atrás.
— Rindou, aguenta firme, por favor! — grito, com as lágrimas caindo sem parar. Tento manter a pressão sobre os cortes, mas o medo de perder meu irmão é avassalador. — Smiley! Angry! Socorro! — chamo, com a voz quebrando de pânico. Tudo o que posso fazer agora é tentar manter Rindou consciente e esperar que alguém chegue para ajudar.
Estou em choque, mas sei que preciso agir. Ignorando o sangue que irá mancha minhas roupas, tiro Rindou da banheira com toda a força que consigo reunir. O peso dele nos meus braços é um lembrete doloroso da urgência da situação.
Coloco Rindou no meu colo e tento estancar o sangue dos pulsos dele com minhas mãos trêmulas. Meu coração está disparado, com a mente em um turbilhão de medo e desespero. Não consigo parar de chorar.
De repente, Smiley e Angry entram no banheiro, e o horror nos olhos deles só aumenta minha sensação de impotência.
— Meu Deus, Ran, o que aconteceu? — Smiley exclama, com a voz cheia de pânico.
— Ele... ele tentou... — minha voz falha, com as palavras se perdendo em meio aos soluços.
Smiley pega o celular com mãos tremendo e disca para a emergência.
— Preciso de uma ambulância, agora! Meu cunhado está gravemente ferido, ele tentou se suicidar. Por favor, venham rápido! — ele diz e dá o endereço com urgência, com a voz desesperada.
Enquanto isso, Angry se ajoelha ao meu lado, tentando ajudar a estancar o sangramento, vejo o desespero nos olhos dele. Ele parece estar em choque com tudo isso, assim como eu.
— Me desculpa por não ter feito nada, Ran.
— Não precisa se desculpar. — falo enquanto olho para Rindou. — Ele tem crises do nada, é difícil de decifrar quando ele vai ter. Ele dá sinais, mas você não tinha conhecimento disso.
— Por isso mesmo, me desculpa. — ele diz chorando.
— Não é culpa sua, não se culpe, Angry.
Sinto o corpo do Rindou ficar mole e frio, e o sangue continua a escorrer dos seus pulsos. Minhas lágrimas caem sem parar enquanto tento manter a pressão sobre os cortes, desesperado para não perdê- lo.
Os minutos parecem horas, mas finalmente ouço a sirene da ambulância se aproximando. O som é uma mistura de esperança e medo. Smiley corre para atender a emergência e guia a equipe médica até o banheiro.
Os paramédicos entram rapidamente, trazendo consigo uma onda de eficiência e urgência. Um deles se ajoelha ao meu lado, avaliando Rindou com um olhar experiente.
— Vamos cuidar dele agora, não se preocupe. — diz, com uma voz firme mas reconfortante
Eles começam a realizar os primeiros socorros, aplicando bandagens apertadas para estancar o sangramento e monitorando seus sinais vitais. Eu me afasto um pouco, ainda em estado de choque, observando cada movimento deles com olhos cheios de lágrimas.
Smiley parece perceber meu desespero e me abraça com carinho, acariciando minhas costas, tentando me oferecer algum conforto.
— Eles vão cuidar dele, amor. — diz ele, mas sua voz também está trêmula.
Os paramédicos colocam Rindou em uma maca e o preparam para a transferência.
— Precisamos levá-lo agora. — informa um deles, enquanto se dirigem para a porta.
Smiley segura a minha mão e juntos com Angry, vamos até a ambulância. Eu sou incapaz de deixar meu irmão fora de vista, devido a minha preocupação extrema.
Os rostos de todos estão marcados pela preocupação e pelo desespero. Quando Rindou é colocado na ambulância, sinto uma pontada de alívio misturada com um medo profundo, aliviado por ele estar sendo encaminhado para o hospital para que ele seja cuidado, mas com medo de não dar tempo.
— Eu vou com ele. — digo, com minha voz firme apesar do tremor.
— Eu vou com a moto com o Angry seguindo vocês até o hospital. — diz Smiley.
Um dos paramédicos acena com a cabeça, e eu subo na ambulância, segurando a mão do Rindou enquanto eles fecham as portas.
Enquanto a ambulância acelera, faço uma prece silenciosa, esperando que o amor e os cuidados que ele está recebendo sejam suficientes para trazê-lo de volta para nós.
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Paixão Oculta (+16)
Fanfiction[𝗢𝗯𝗿𝗮 𝗙𝗶𝗻𝗮𝗹𝗶𝘇𝗮𝗱𝗮] Rindou e Angry são opostos que se atraem, mas seus mundos internos são tão complexos quanto o labirinto de uma mente perturbada. Rindou carrega demônios interiores que o aprisionam em sua própria incapacidade de expre...