Supermercado

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Estou no meu setup, jogando "Dead By Daylight", tentando me aliviar do estresse depois de ver Angry. A adrenalina do jogo normalmente me ajuda a esquecer os problemas, mas hoje, minha mente continua voltando àquela cena na cozinha. Tento me concentrar no jogo, guiando meu personagem pelos cenários escuros e evitando o assassino.

De repente, ouço alguém batendo na porta do meu quarto. Respiro fundo e digo:

— Pode entrar.

A porta se abre lentamente, e ali está Ran, com um olhar preocupado. Ele me estuda por um momento antes de falar.

— Rindou, por que você mudou de repente? O que aconteceu?

Olho para o monitor, evitando o olhar dele.

— Não é nada, Ran. Eu só quero ficar sozinho.

Ran não se deixa enganar tão facilmente. Ele entra no quarto, fecha a porta atrás de si e se aproxima de mim. Acaricia meu rosto, um gesto reconfortante e cheio de carinho.

— Você não precisa ficar com ciúmes, Rindou. Por mais que eu namore o Smiley e Angry me chame de "cunhadinho", você vai continuar sendo para sempre meu irmãozinho e o meu favorito.

Sinto um calor reconfortante no peito. As palavras do Ran me atingem de forma inesperada, dissipando o ciúme que estava corroendo por dentro. Sorrio, e sem pensar duas vezes, abraço Ran. Ele retribui o abraço com força, transmitindo uma sensação de segurança que só ele consegue proporcionar.

— Desculpa, Ran. É só... difícil às vezes. — murmuro contra o ombro dele.

— Eu sei. Mas uma hora você vai se acostumar. — responde ele suavemente, soltando o abraço. — Agora, pode fazer um favor para mim? Preciso que você vá ao supermercado.

Assinto, desligando o PC e me levantando. Descemos as escadas juntos, e Ran me entrega uma lista de compras.

— Aqui está a lista. Não deve demorar muito.

Antes que eu possa sair de casa, Angry aparece de repente.

— Vou junto! — diz ele, com aquele sorriso que tanto me irrita.

Faço cara feia, mas Ran olha para mim, um aviso silencioso em seu olhar. Isso só pode ser brincadeira, já começo o dia me fodendo. Solto um suspiro pesado.

— Tá, vamos logo. — respondo, resignado.

Saímos de casa juntos, eu e Angry. Ele continua com aquele sorriso irritante, mas pelo menos, as palavras do Ran ainda ecoam na minha mente, acalmando um pouco o meu coração. Eu sou o favorito dele. Ran sempre consegue me lembrar do que realmente importa, e por mais difícil que seja lidar com Angry, sei que Ran sempre estará lá por mim.

 Ran sempre consegue me lembrar do que realmente importa, e por mais difícil que seja lidar com Angry, sei que Ran sempre estará lá por mim

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No supermercado, Angry empurra o carrinho, o meu humor já não é um dos melhores, e a presença dele só piora as coisas. O prato perfeito para uma desgraça acontecer.

Vou riscando os itens da lista um por um. Pego o leite, riscando ele com um movimento brusco. Pego pão, riscando com um pouco mais de força. Pego ovos, quase furando o papel com a caneta. Enquanto coloco as coisas no carrinho, tento ignorar a presença irritante do Angry ao meu lado.

— Não acredito que tive que vir com você. — murmuro, olhando para a lista e tentando encontrar o próximo item.

— Ah, qual é, Rindou, não é tão ruim assim. — responde Angry, com aquele sorriso irritante.

Reviro os olhos e continuo minha missão, buscando o próximo item. De repente, sinto uma batida forte na parte de trás das minhas pernas. O carrinho se chocou contra mim, me fazendo perder o equilíbrio por um segundo.

Me viro rapidamente, lançando um olhar mortal para Angry, que está com uma expressão de falsa inocência.

— Foi sem querer. — diz ele, levantando as mãos como se estivesse se rendendo.

— Sei, meu ovo que foi sem querer. — resmungo, voltando minha atenção para a lista.

Ele ri, e eu só fico mais irritado. Continuamos a pegar os itens, continuo colocando eles no carrinho e riscando eles da lista com força crescente. Angry parece estar se divertindo com a situação, o que só aumenta minha raiva. Cada vez que ele faz um comentário ou dá uma risadinha, minha vontade de jogar alguma coisa na cabeça dele cresce.

Finalmente, chegamos ao último item da lista. Coloco ele no carrinho e risco o papel com tanta força que quase rasgo.

— Pronto, acabamos. Vamos pagar isso logo e sair daqui. — digo, já sem paciência.

Enquanto nos dirigimos ao caixa, Angry tenta uma última piada.

— Ei, Rindou, quer que eu empurre o carrinho com mais cuidado?

— Se você não quiser que eu empurre esse carrinho em você, é melhor calar a boca. — respondo, sem esconder minha irritação.

Ele ri novamente, mas pelo menos fica quieto durante a fila no caixa.

Angry está ao meu lado, ainda empurrando o carrinho com aquele sorriso irritante no rosto. Já estou contando os minutos para voltar para casa e me livrar da presença dele.

Enquanto a atendente passa os itens, Angry olha para o lado e vê uma barrinha de chocolate. Seus olhos brilham como se tivesse encontrado um tesouro escondido.

— Ei, Rindou, posso levar essa barrinha de chocolate? — pergunta ele, pegando a barra e levantando ela na minha direção.

Olho para ele, sem acreditar na audácia.

— Não. — respondo, curto e grosso.

Ele franze a testa, claramente surpreso com a minha resposta.

— Por quê? É só uma barrinha de chocolate.

Suspiro, tentando manter a calma.

— Não está na lista, Angry. Vou comprar e pagar apenas pelos itens que estão na lista.

Ele revira os olhos, como se estivesse lidando com uma criança teimosa.

— Ah, vamos lá, Rindou. Uma barrinha de chocolate não vai fazer diferença.

Cruzo os braços, firme na minha decisão.

— Não importa. Se não está na lista, não vamos levar. E ponto final.

Angry solta um suspiro exagerado, mas acaba colocando a barrinha de volta no lugar. A moça continua passando os itens, e eu fico de olho em Angry, garantindo que ele não tente mais nada.

Finalmente, terminamos de passar todos os produtos. Pago a conta, e começamos a empacotar as compras. Angry ainda está com aquela expressão de derrota no rosto, mas pelo menos ele parou de sorrir.

— Você é realmente chato, sabia? — diz ele, pegando uma sacola.

— Só estou fazendo o que Ran pediu. — respondo, sem me deixar abalar.

Saímos do supermercado, Angry ainda resmunga ao meu lado. Isso é o inferno na terra, literalmente. Pelo menos agora, com as compras feitas, estamos mais perto do fim dessa missão. E da paz que espero encontrar de volta em casa.

A missão está concluída, e eu sobrevivi à experiência sem cometer um crime. É melhor Ran me agradecer por isso.

Paixão Oculta (+16)Onde histórias criam vida. Descubra agora