Juntos, Rindou

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Estou andando pelo corredor do hospital, meu coração batendo forte no peito. A voz do Ran ao telefone ainda ecoa na minha cabeça, cheia de uma emoção que quase não consigo acreditar. "Rindou acordou do coma," ele disse, e desde então, tudo se tornou um borrão de movimentos rápidos e sentimentos intensos.

Cada passo que dou parece me levar mais perto do inacreditável. Eu quase tropeço em mim mesmo, mal conseguindo conter a euforia que me invade. As luzes fluorescentes do hospital piscam acima de mim, mas tudo o que consigo ver é o rosto do Rindou, acordado e respirando.

Chego à porta do quarto, minha mão tremendo ao alcançar a maçaneta. Pego um momento para respirar fundo, tentando acalmar meu coração disparado. Mas é impossível. A adrenalina é forte demais, a emoção é avassaladora.

Abro a porta e entro, meu olhar procurando imediatamente por Rindou. Ele está lá, deitado na cama, e mesmo com a máscara de oxigênio e os fios ainda conectados, seus olhos estão abertos, vivos. E quando nossos olhos se encontram, sinto uma onda de alívio e alegria me envolver, quase me derrubando.

— Rindou! — digo, minha voz falhando um pouco de emoção. Me aproximo rapidamente, quase correndo até a cama. — Você está acordado!

Ran e Smiley estão ali também, mas no momento, é como se só existisse eu e Rindou. A realidade ainda parece surreal, como se estivesse em um sonho do qual tenho medo de acordar.

Eu toco sua mão, sentindo a vida pulsando ali, e uma risada aliviada escapa dos meus lábios.

— Eu sabia que você voltaria... — murmuro, apertando sua mão. — Eu sabia.

Vejo o sorriso fraco do Rindou se formar, um gesto pequeno, mas cheio de significado. É como se aquele simples movimento iluminasse todo o quarto, enchendo o espaço com uma esperança renovada. Ele levanta os braços com esforço, os músculos ainda fracos e sem prática após tanto tempo, e se senta na cama. Me aproximo mais, sentindo meu coração disparar com a proximidade.

Rindou se inclina para mim, envolvendo seus braços ao redor do meu corpo. Eu sinto sua força frágil, mas o calor do abraço é real, sólido, um elo que eu pensei ter perdido para sempre. Ele murmura com voz rouca e cansada:

— Você é incrível, Souya. Me desculpa por todas as vezes que fui rude com você.

Essas palavras me atingem como um tsunami. Sinto meus olhos se encherem de lágrimas e, antes que eu perceba, estou chorando. Mas desta vez, são lágrimas de alívio e felicidade. Aperto Rindou contra mim, com cuidado para não machucá-lo, mas sem conseguir conter a emoção que me domina.

— Não precisa se desculpar. — digo, a voz embargada de emoção. — O que importa é que você está aqui, que você voltou para nós.

As lágrimas escorrem pelo meu rosto, se misturando com o alívio e a alegria. Nunca imaginei que um abraço pudesse significar tanto.

Abraço Rindou com força, sentindo cada batida fraca, mas presente, do coração dele. É um momento que parece parar o tempo, onde tudo o que importa é que ele está aqui, que ele está vivo. E, no fundo do meu coração, sei que, apesar de tudo, há uma chance de reconstrução, de cura. E, acima de tudo, de nunca desistir de quem amamos.

Rindou se afasta um pouco do abraço, seus olhos cheios de lágrimas, mas com um brilho que não vejo há duas semanas. Ele respira fundo, como se estivesse se preparando para dizer algo importante.

— Eu prometo, Angry... Eu vou ser uma pessoa diferente, melhor. Não quero mais ser um fardo para vocês.

Ouvir essas palavras me deixa com um nó na garganta. Sorrio para ele, tentando passar toda a minha sinceridade e carinho através do olhar. Seguro as mãos dele, frias e trêmulas, e falo com a voz suave, mas firme:

— Você não precisa mudar nada, Rindou. Eu amo você do jeito que é, com todas as suas qualidades, defeitos e jeito. O que importa é você ser você mesmo.

Rindou me olha, surpreso, como se não estivesse esperando essa resposta.

—!Mas... e tudo que eu fiz? Tudo pelo que fiz vocês passarem?

Balanço a cabeça, apertando suas mãos com mais força.

— Nós vamos superar tudo isso juntos. O que importa é que você está aqui, que quer melhorar e que nós estamos ao seu lado. Você não é um fardo, nunca foi. Você é nosso Rindou, nosso amigo, e isso nunca vai mudar.

Ele parece absorver minhas palavras, o brilho em seus olhos crescendo. Solto um suspiro, sentindo um peso enorme ser retirado dos meus ombros.

— O mais importante é que você seja feliz, Rindou. Seja quem você é, sem tentar ser alguém diferente. Nós amamos você por ser quem você é, com tudo o que isso implica. E vamos enfrentar tudo juntos, como sempre fizemos.

Vejo um pequeno sorriso se formar no rosto dele, e meu coração se aquece com a sensação de que, apesar de tudo, estamos começando a encontrar um caminho de volta para a luz.

Vejo Rindou começar a chorar novamente, as lágrimas escorrendo silenciosamente pelo seu rosto. Ele me puxa para mais perto, me envolvendo em um abraço mais apertado. Sinto a fraqueza em seus braços, mas também a sinceridade e o calor do gesto. Ele encosta a cabeça no meu ombro e murmura com a voz entrecortada pelas lágrimas:

— Você é incrível, Souya. Eu não sei o que faria sem vocês.

Meu coração aperta ao ouvir essas palavras, um misto de tristeza e alívio me tomando por completo. Eu retribuo o abraço, segurando ele com toda a força que posso, como se quisesse garantir que ele realmente sentisse o quanto ele é amado.

— Estamos todos aqui para você, Rin. — sussurro, a voz embargada pela emoção. —Sempre estivemos e sempre estaremos. Você nunca está sozinho.

Rindou se agarra a mim, como se precisasse desse contato para se manter ancorado à realidade. E naquele momento, percebo o quanto ele deve ter se sentido perdido e sozinho, o quanto deve ter lutado internamente. Sinto uma enorme responsabilidade, mas também uma gratidão profunda por estarmos todos aqui, juntos, para ajudá-lo a superar essa escuridão.

Enquanto ficamos ali, abraçados, sinto que algo muda. É como se o peso do mundo estivesse começando a se dissipar, mesmo que apenas um pouco. Rindou começa a se acalmar, seus soluços diminuindo, e ele respira fundo, como se estivesse tentando se recompor.

— Vamos superar isso. — murmuro, sem soltar sua mão. — Juntos, Rindou. — e pela primeira vez em muito tempo, sinto que ele acredita nisso também.

Paixão Oculta (+16)Onde histórias criam vida. Descubra agora