56 - Enfrentar os meus pecados.

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Vou ter um encontro romântico com o Erick! Depois da semana e do dia que tive, só consigo pensar nisso enquanto dirijo a caminho do meu trabalho

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Vou ter um encontro romântico com o Erick! Depois da semana e do dia que tive, só consigo pensar nisso enquanto dirijo a caminho do meu trabalho. Já tive muitos encontros e, confesso, nenhum que eu realmente me importasse. Geralmente, esses encontros eu sabia como iam terminar. No entanto, pensar em um encontro com o Erick, mesmo o conhecendo, parece surreal para mim. Não consigo ignorar o desconforto que sinto; é como se alguém estivesse me colocando em uma situação de risco. Estou excitada e apavorada ao mesmo tempo. A conversa que tive com ele hoje foi como tirar um peso dos meus ombros. Finalmente, consigo enxergar a luz no fim do túnel, e não digo isso me baseando somente nessa conversa, mas também na prisão do Nicholas e na futura prisão do Jared Dubois.

Há um tempo, fui abordada por um detetive chamado Wexford. Ele tinha a intenção de me usar como testemunha no caso Madame Lynn e achava que eu era apenas um peão no jogo sujo da Victoria. Como bom detetive que era, não demorou para descobrir que eu era a rainha do jogo depois que Victoria adoeceu. No entanto, ele não conseguiu provas suficientes para me incriminar, e comecei a criar formas de garantir que ele nunca conseguisse me pegar.

Isso começou quando decidi investir na empresa com as meninas; eu precisava arrumar formas de usar o meu dinheiro sem que ninguém suspeitasse. Não me orgulho disso, mas eu precisava fazer isso. Depois de um tempo, mesmo desconfiando de mim, fui chamada pelo menos mais uma vez à delegacia.

— Senhora Portia Callahan? — O detetive Wexford perguntou, anotando meu sobrenome em uma folha.

— Sim, sou eu. — Mantive a expressão tranquila, escondendo a tensão que crescia em mim.

— Trabalhou para a Madame Lynn, correto?

— Eu trabalhei. — Minha perna ameaçou tremer para cima e para baixo, mas me contive.

— Quando parou de trabalhar para ela?

— Há alguns meses, quando decidi abrir uma empresa de eventos com minhas amigas, Sarah e Megan. — Ele anotou os nomes na folha.

— Desde então, não atendeu mais nenhum cliente?

— Alguns, quando fico sem dinheiro.

— Qual sua relação com Eli Lawson? — Sua pergunta me pegou de surpresa.

— Ele foi meu cliente. — Respondi rapidamente, sem dar margem para especulações.

— E visita seus clientes na cadeia, senhorita Callahan?

— Eli se tornou um amigo para mim, eu o visito de vez em quando.

O detetive deslizou uma foto na minha direção, mostrando minha imagem com Gregory na boate.

— Esse é Gregory Taylor Lawson, filho do senhor Lawson, seu amigo da cadeia?

— Sim. — Respondi com calma, tentando entender onde ele queria chegar.

— Me responda uma coisa, senhorita Callahan — ele pediu, me encarando — Como pode uma prostituta ser tão influente?

— Como o senhor disse, sou uma prostituta, detetive. E não qualquer prostituta, sou uma acompanhante de luxo. Conheço os mais variados tipos de pessoas, desde a escória da sociedade até os mais influentes desse país: médicos, policiais, juízes, políticos. — Seus olhos se iluminaram como luzes de Natal.

— Poderia me dar o nome de um deles?

— Não poderia, meu chefe me mataria. — Sorri, mostrando todos os meus dentes.

— Quem é o seu chefe? A Madame Lynn?

— Madame Lynn está fora do jogo, detetive. Pense grande — Coloquei meu cotovelo na mesa, apoiando meu queixo na mão, ainda sorrindo. — Pense em um escândalo.

O detetive Wexford continuou me observando, seus olhos escrutinando cada palavra que eu dizia. Ele suspeitava, mas não tinha provas concretas para me incriminar. A chamada para este interrogatório era sua tentativa de puxar as cordas, ver até onde eu iria me expor.

Depois daquela conversa com o detetive, decidi que precisava agir rapidamente para me proteger. Mesmo que meu nome verdadeiro não estivesse diretamente ligado à boate da Madame Lynn, era questão de tempo até que alguém descobrisse minha verdadeira conexão com tudo aquilo, como já estavam começando a fazer.

Pensando nisso, decidi vender a boate. Gregory foi a primeira pessoa para quem ofereci, mas sua traição em relação a Nicholas e sua postura em relação a mim me fizeram mudar de ideia rapidamente. Então, mirei na pessoa que mais queria prejudicar: Jared Dubois.

Fiz um acordo extrajudicial com o detetive. Disse a ele que entregaria provas de que Jared Dubois era meu chefe, além de ser o verdadeiro proprietário da boate Madame Lynn. Prometi entregar a lista completa para ele, contendo os nomes de todas as pessoas influentes com quem Jared estava envolvido. E, no final, teria minha vingança contra aquele futuro senador.

O problema nisso tudo tem um nome, e é Gregory. Não sei como ele lidará com essa traição. Afinal, não só não vendi a boate para ele, como também entreguei a lista à polícia e ao Jared.

Paro meu carro no lugar de sempre, em um estacionamento do outro lado da rua, em frente ao escritório. No entanto, uma movimentação diferente chama minha atenção.

Observo a rua atentamente, procurando o que não se encaixa na cena: as lojas estão abertas, todas funcionando normalmente. Sarah não dirige, mas sei que Megan está dirigindo por elas quando Max não as traz até o escritório, e confirmo isso ao ver o carro de Sarah parado alguns metros adiante.

Um homem acende um cigarro em frente a uma das lojas. Ele parece distraído, usando uma blusa com capuz cobrindo o rosto. No entanto, quando ele assopra a fumaça do cigarro, vejo seu rosto e o reconheço como um dos capangas do Greg. E se esse cara está aqui, Greg não deve estar muito longe.

Um frio na barriga me atinge e fecho os olhos, pensando no que fazer. Meus instintos dizem que algo grande está para acontecer. A sensação é como saltar de paraquedas: você sabe que vai cair, mas não está preparado para isso.

Fugir? Ficar? Enfrentar? Lutar? Conversar com o Greg?

Quando era mais nova, eu não era ingênua; sabia que chegaria o dia em que as coisas sairiam do controle e eu teria que fugir. Tinha um plano para isso. Dentro de uma caixa que guardava no teto do meu banheiro, no apartamento antigo que peguei quando fui morar com o Erick, há um passaporte com outro nome: Lily Thompson. Também há algum dinheiro para eu não precisar usar cartão, e um destino: uma vila de pescadores na Grécia, onde sei que estaria segura. Há também itens indispensáveis, como uma foto dos meus pais que guardei durante todos esses anos. Essa caixa, que está escondida no apartamento do Erick, agora parece muito convidativa.

No entanto, imagens das minhas amigas sofrendo represálias por algo que eu fiz vêm à minha mente. O rosto do Erick, hoje de manhã, me convidando para um encontro romântico me atormenta. Até mesmo Max, sofrendo por minha culpa, me causa remorso.

Eli tinha razão, amigos e família nos tornam fracos. E é essa fraqueza que estou sentindo agora.

Abro os meus olhos e encaro o homem do outro lado da rua, certificando-me de que é somente ele. Procuro Greg entre as pessoas circulando pela calçada, mas não encontro nenhum sinal dele.

Abro o compartimento do meu carro e pego um soco inglês de dentro dele, colocando-o no bolso do meu casaco. Me xingo mentalmente e saio do carro, pronta para enfrentar meus pecados.

Despedida de solteiro vol.2Onde histórias criam vida. Descubra agora