Capítulo 13 - Eu só tinha ele..

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Acordei me espreguiçando, olhei para o lado na esperança de vê-lo ainda dormindo, o que me surpreendeu pois eu estava sozinha na cama, levantei para averiguar se estava na sala ou banheiro e não. Ele não estava mais no apartamento.

- Idiota!

Sussurrei para mim mesmo ao acreditar que iria acordar e ele estar lá. Olhei no relógio e era bem cedo, cinco horas. Eu não tinha visto a hora que ele saiu. Avistei um pedaço de papel higiênico no balcão e era um recado, nele havia escrito:

" Tive que ir, se cuida".

Outra decepção por eu ser emocional demais. Eu decidi que aquilo não me abalaria, iria seguir em frente pois eu não deveria esperar nada das pessoas além de mim é claro!

Tomei um banho demorado e tomei um café reforçado, o dia não seria fácil. Cheguei ao Batalhão no horário certo e cumprimentei a Equipe.

- Bom dia Capitã, reunião em cinco minutos.
Carvalho informou quando passei por ele no corredor.

- Bom dia Comandante, ok!

Deixei minhas coisas na sala e me apressei para a reunião, eu tinha certeza que era sobre a saída de Roberto.

Cheguei na sala e estavam todos da Equipe, os cumprimentei novamente e fiquei aguardando a reunião.

- Bom dia Equipe!

Carvalho chegou saldando a todos.

- Como todos sabem, o Capitão Nascimento foi ministrar o nosso curso. Nesse tempo quem ficará a frente da operação Paulo Segundo será a nossa Capitã Lima. Posso contar com vocês?

- Sim Senhor!

Respondemos em uníssono.

- Ótimo, estão liberados.

Era quarta-feira e não teríamos incursão, apenas rotas. Eu fiquei responsável pela rota noturna como de costume.

- Capitã, podemos conversar?

Olhei pra trás e era o Pardal.

- Sim.. aconteceu alguma coisa?

- A mãe do Fogueteiro está lá fora..

Um zumbido no meu ouvido fez com que eu perdesse o foco no mundo, eu tinha atirado nele e aquela mãe lá fora poderia ou não saber disso.

- Ela quer falar com agente?

- Com a senhora... Na verdade era com o Capitão..

- Acompanhe ela até minha sala..

- Sim senhora!

Adentrei a minha sala e tentei não transparecer nervosismo.

- Bom dia.. a senhora é a Capitã Lima?

- Bom dia, sim..

- Eu queria pedir pra senhora o direito de enterrar meu filho..

- Ele era do movimento, senhora?

- Não.. ele só era fogueteiro.. acharam o corpo dele e sumiram com ele.. eu não consegui nem vê-lo..

- Ele era filho único?

- Sim.. eu só tinha ele..

Eu não consegui dizer mais nada. Ela se retirou da sala depois de secar as lágrimas.

A tarde passou e eu não consegui fazer nada, a voz daquela mulher estava na minha cabeça repetindo a mesma frase.

" Eu só tinha ele"

Olhei no relógio que marcava seus e meia, tomei uma decisão maluca e segui em frente. Desci aquelas escadas do batalhão com velocidade e secando as minhas lágrimas.

CAPITÃO NASCIMENTO | VOCÊ VAI CUMPRIR?Onde histórias criam vida. Descubra agora