Capítulo 14 - Ordens do Capitão

4.6K 386 44
                                    

Três dias haviam se passado e ele não mandou nenhum torpedo ou ligou. Alguma coisa dentro de mim esperava ansiosamente pelo contato e pela segunda vez eu estava esperando demais das pessoas. Quando eu vou parar de ser besta?
Hoje teríamos a nossa primeira incursão desde o início do curso. Estava confiante que iria ser sucesso. Já eram cinco da tarde e limpava minha arma com cautela enquanto ouvia música.

- Focada Capitã?

Perguntou João com aquele jeito sínico dele.

- Aconteceu alguma coisa?

- Sempre na defensiva....

- O que você quer, João?

Ele me olhou surpreso, acho que ele não esperava a minha falta de vontade de conversar com ele.

- Nada..

- Então pode se retirar!

Ele saiu pisando duro, eu não dei moral pra ele por causa do aviso do Roberto, foi por conta que eu não pretendia ter amizade com nenhum deles.

- Capitã? O João estava lhe encomendando?

Chega Pardal perguntando desconfiado. O que estava acontecendo?

- Não zero cinco! Por acaso você estava me vigiando?

Perguntei firme.

- Não, senhora!

- Tem certeza?

- Só estou cumprindo ordens Capitã!
Ordens? Que palhaçada era aquela?

- Você pode escolher: falar agora ou uma advertência?

Eu disse sem olhar em seus olhos, continuava limpando a pistola.

- Ordens do Capitão!

Eu deixei um riso sarcástico escapar. Me recompôs e levantei indo até o mesmo.

- E você acha certo o que ele te pediu pra fazer?

- Não, senhora!

- Você vai continuar fazendo?

- Não, senhora!

- Acho bom, pois essa caveira aqui no seu peito é pra prender bandido e não ficar em cima do que não é da sua conta!

Eu disse colocando o dedo com força no bordado da camisa.

- Estamos entendidos zero cinco?

- Sim senhora! Permissão para me retirar!

- Permissão concedida!

Ele saiu nervoso, a falta de contato dele não significava que ele não sabia o que estava acontecendo. Ele foi esperto, mas não mais do que eu.

A noite chegou e começamos a nos preparar para a incursão. Eram quatro viaturas com cinco caveiras dentro, íamos armados até os dentes. Resolvemos inovar, chegariam pelo pedaço de mata que tinha atrás da favela. Eu ia na frente observando e abrindo passagem, caminhava estrategicamente pelas vielas. Avistei dois traficantes com carga e fuzil fazendo trocas e dei permissão para atirar, foi feito. Mais acima um casal vendendo drogas dentro de um carrinho de picolé, eles eram criativos. Foram mortos também. Íamos pegando as cargas e colocando na mochila que carregavamos.

- psiu.

Ouvi e decidi olhar pra trás, era o Nico me chamando. Ele apontou para a esquerda e avistei lá em baixo um carro da polícia militar. Era foda! A gente em incursão e os caras dando bobeira lá em baixo. Com o binóculo consegui ver nitidamente o que estava acontecendo. Era uma troca de armas por dinheiro, o sangue me subiu à cabeça.

CAPITÃO NASCIMENTO | VOCÊ VAI CUMPRIR?Onde histórias criam vida. Descubra agora