mais uma vez

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— Oi, amor da minha vida. — Stenio cumprimentou a empregada assim que entrou na casa, abraçando. — Que saudade! Como foi de férias? Tudo certo? Ainda bem que você voltou eu não tava aguentando mais! — Disse o advogado, aliviado.

— Foi ótimo dotô stenio.. Tava era com saudade de Clarinha, desesperada pra voltar de uma vez pro Rio de Janeiro.. — A senhora desabafou, chateada. — A menina tá enorme e eu perdi tudo.

— Quem vê pensa que ficou um ano longe, né Creusa.. — O advogado se jogou no sofá da sala. — Vem cá, Helô tá aí? Saí mais cedo do escritório e pensei em pegar a Clarinha já pro final de semana.

— Dona Helô tá trabalhando visse.. — A expressão facial dela mudou imediatamente.

— Que? Tá em operação?

— Dona Helô não faz mais operação não, dotô Stenio. É só que ela disse que queria estar aqui quando o sinhô viesse buscar Clara.. Ela não vai gostar se o senhor não esperar ela chegar pra pegar a menina, visse?

Stenio estranhou aquilo tudo, ficando curioso.

— Que isso? Ela não quer que eu pegue minha filha pro final de semana mais?

— Não é isso, doutor.. Ela só queria tá aqui pra se despedir da menina. Esse período tá sendo muito difícil pra ela, a bichinha não tá bem. Ela é um grude com essa menina, o sinhô tinha que ver. Parece outra mulher.

— Eu sei, eu vejo. Eu sei que ela tá bem diferente. — Stenio se preocupou.

— Eu vou lá pegar Clarinha pra ficar com o senhor aqui na sala enquanto a gente espera Donelô. Ela já deve ter acordado do cochilo da tarde, espere.

Creusa entrou na casa e Stenio ficou parado olhando para o fim do corredor, pensativo.  Se preocupou por Helô.

Quando a filha o viu, ainda sonolenta, abriu o maior sorriso da história do mundo.

— Papai! — Ela comemorou animada já se jogando na direção dele.

Stenio a pegou no colo, beijando o rosto da filha.

— Oi fadinha. Acordou do cochilo agora, neném? Que preguiça, papai. Meu Deus! — Ele comentou com a voz mais doce e derretida da história do mundo.

A menina agarrou o pescoço do pai, deitando a cabeça em seu ombro. Fechou os olhos de novo, agora confortável nos braços de quem ela morria de saudade.

— Creusinha.. — Stenio chamou a mulher antes que ela se retirasse.

— Oi, dotô? — Ela se virou para ele, disponível para o que quer que fosse.

— A Helô tá mal? — Ele se preocupou.

— Ela sempre fica, em todo divórcio. — Creusa disse como se fosse óbvio. — Esse em especial tem muito mais em jogo do que os outros. Sem contar que o passado de vocês não foi muito gentil. O sinhô me de licença, viu? Eu preciso fazer o jantar.

— Não precisa fazer não. — Stenio negou. — Por que você não descansa? Vai ver a Brisa ou algo do tipo. Eu vou pedir uma comidinha pra gente jantar e a Helô fica um pouco mais com a Clara.

Ele tinha mudado da água para o vinho. A ideia de Helô sofrer o incomodava mais do que gostaria.

— É mermo é?

— É mesmo. — Stenio assentiu. — Mas não conta pra ela.

— Ai, o sinhô.. — Creusa deu uma risadinha. — Só porque eu gosto do romance, viu?

Ela chegou no horário cravado. Já foi falando com Creusa, pensando que o barulho vindo da cozinha era ela.

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