— Stenio.. — Ela o chamou assim que o chuveiro desligou. Estava impaciente, nervosa, agoniada.
Assim que ele abriu a porta ela se arrependeu. Devia ter pensado melhor ao invés de chamar o ex que estava recém saindo do banho.
— O que foi, Helô? — Ele olhou, preocupado. A atenção completamente nela.
Os cabelos grisalhos despenteados.
A toalha amarrada na cintura, o corpo com gotículas de água espalhadas por toda a parte. Ele nunca secava o corpo por completo, era uma característica dele. Ele dizia que era refrescante pelo calor do Rio de Janeiro.Ela se perdeu por uns segundos e ele notou.
— Ela tá muito sensível toda vez que você sai. Eu tive que ficar acalmando ela enquanto você tomava banho, cara. E ela adormeceu de tanto chorar. — Heloisa explicou, angustiada.
Stenio suspirou e a puxou pra perto, e a envolveu num abraço. Ela correspondeu, aceitando. Aos poucos sentiu os batimentos cardíacos regularizando. Batendo na mesma frequência que os dele. Sentiu o carinho que ele fazia em suas costas, com a ponta dos dedos, por dentro do blazer.
Ele não a soltou por algum tempo. E ela ficou ali, sendo acolhida e com os olhos fechados aproveitando o momento. O afeto, o cheiro, a sensação daqueles braços que a envolviam.
— Tá mais calma? — Ele perguntou, se afastando o suficiente só para ver o rosto da esposa.
Heloísa assentiu, silenciosa.
— É uma boa coisa que eu estou aqui. E vou estar quando ela acordar. E aos poucos ela vai superar isso. Vamos superar isso juntos, quer dizer. Você sabe que ela sempre foi grudada em mim, desde a gravidez. — Ele riu baixo. — Ela te ama muito, mas com a voz de quem ela chutava na sua barriga? — Ele a provocou.
— A sua. — Heloísa revirou os olhos, rindo.
— Pois é. Neném, ela só dormia no colo de quem?
— No seu. — Heloísa bufou.
— Ela é a cara de quem? — Ele continuou, empolgado.
— Ei. Não exagera também. — Heloísa levantou o indicador para ele parar. — Tem muita coisa minha ali também.
Ele caiu na gargalhada, acariciando os braços dela da altura do cotovelo até os ombros, repetidas vezes, afagando.
— Agora já estamos resolvendo o problema. Ela vai voltar a me ter pertinho, e aos poucos a saudade vai embora. — Ele explicou.
Ela engoliu a seco.
— As vezes dá pra ficar pertinho e continuar morrendo de saudade. — Ela comentou, sem pensar.
Stenio deu uma risadinha.
— Tá com saudade do seu maridinho? — Perguntou brincalhão, segurando o rosto dela com ambas as mãos.
— Eu tô falando da Clara.. — Ela desviou o olhar. — Não encosta em mim, vai me molhar. Você acabou de tomar banho, tá cheirosinho e eu já tô com roupa de sair.. — Ela comentou.
— Eu preferia meu cheiro de antes, sabia? — Ele roçou o nariz ao dela.
— Quando você tava fedido? — Ela brincou, tentando quebrar a sensualidade do clima.
— Quando seu cheiro estava em mim. Seu gosto na minha língua. Os arranhões por toda a parte. — Ele foi breve, não deixando ela fugir do assunto.
— Esquece isso, Stenio. Agora você vai voltar a morar aqui, não dá pra..
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