envelhecer junto

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Stenio dirigia para Paraty com ela.

— Achei que a gente fosse sair do país, nem sei. Quando você falou da surpresa de aniversário de casamento nem pensei que a gente fosse ficar por aqui.  — Ela comentou.

— Você preferia outra coisa? — Ele riu, fazendo apertando na coxa dela.

Estava num ritmo tranquilo na estrada e, por tanto, não ficava trocando de marcha. Aproveitava cada segundo de sincronia na estrada para trocá-la e acariciá-la. Nunca estiveram tão bem um com o outro, essa era a verdade.

O casamento de Yone havia sido incrível.
Eles foram os padrinhos, Clarinha levou as alianças.
As amigas tinham partido em lua de mel, e eles brincavam que iam fazer uma lua de mel também, em comemoração ao casamento alheio, já que agora não se divorciariam por nada no mundo.

— Eu prefiro qualquer coisa com você, você sabe disso. — Ela declarou, encostando a cabeça no banco do carro e olhando para o marido, completamente apaixonada.

Stenio tirou os olhos da estrada por um segundo para admirar aquele olhar apaixonado dela. O sorriso enorme não cabia mais em seu rosto. Era como se estivessem finalmente vivendo um sonho, depois de tantas tempestades.

— Você vai adorar. Bem mais que cruzeiro no Nilo, bem mais que Nova Iorque.

— Uau, esse presente tá promissor. O cruzeiro foi mara! — Ela o desafiou.

Stenio riu baixo.

— Você realmente se divertiu muito naquele cruzeiro. Eu acertei em cheio.

— Tá de brincadeira? O meio do mar é literalmente o meu lugar no mundo! — Ela riu.

— Achei que seu lugar no mundo fosse comigo. — Ele colocou a mão no coração, brincando estar ofendido.

Heloísa gargalhou, mordendo o lábio inferior.

— Isso também.

Assim que eles chegaram na orla da praia, dirigiram por lugares muito lindos. O sol estava se ponto e ela estava literalmente apaixonada por aquele lugar.

— Eu não acredito que não viemos aqui antes. — Heloísa se apressou em tirar o cinto enquanto descia do carro com pressa. — Que ideia genial alugar uma casa nesse lugar paradisíaco, amor.

Stenio foi para o porta malas e deu uma risadinha discreta, daquelas em que só se solta o ar pela narina. O sorriso no canto da boca vacilava, porque ele não podia parar de se elogiar mentalmente pela ideia genial que tinha tido. Foi pegando as malas depois de dar a chave da casa na mão de Helô.

— Essa é a chave da porta principal. — Ele especificou. — Abre pra mim? E pega um copo de água na cozinha enquanto eu descarrego nossas coisas.

— Tem certeza que não quer ajuda?

— Tenho sim. Vai lá. — Ele roubou um beijo rápido dela, e a empurrou pela cintura, com pressa.

Assim que a mulher entrou na casa ele se apressou para tirar as malas do carro e deixar todas no chão da sala que era o primeiro cômodo quando se abria a porta.

Ele ficou ali, esperando por ela. Até que ela se desse conta.

Heloísa ficou impressionada com o charme e elegância da casa. Se perdeu na vista, porque as portas de vidro mostravam a vista pro mar. Estava literalmente perto como ela gostava.
Se lembrou que o marido estava com sede e teve que acordar do transe. Talvez ele precisasse de ajuda com as malas. Fez um esforço para abandonar aquela vista maravilhosa, e foi buscar um copo d'água.

Ao passar pelos corredores, viu porta-retratos com as fotos da família. Ela com Stenio, em diversos momentos de todos aqueles anos em que se conheciam e estavam juntos. Fotos com as filhas, com a família.

Heloísa se distraiu com as memórias achando muito acolhedor tudo aquilo.

Ao chegar na cozinha, se deu conta de que a decoração da casa se parecia muito com a forma que ela e Stenio haviam decorado a casa deles.
Pegou água dentro da geladeira e serviu um copo.

Levou até ele, mas só depois de encontrar uma sacada linda com vista pro mar. O som das ondas invadiu sua mente. Ela se sentia extremamente relaxada ali.

— Esse lugar é muito lindo. — Ela comentou, dando o copo na mão dele. — Eu não quero ir embora nunca mais.

Stenio riu baixo, tomando um gole d'água.

— Olha que esquisito, eu achei esses papéis ali na entrada. — Ele deu os documentos na mão dela.

— Achei que você era o advogado aqui. — Ela pegou os papéis da mão dele, abrindo a dobradura e colocando os óculos de grau para ler.

Stenio realmente tentava segurar o sorrisinho frouxo. Estava ansioso.

Heloísa não moveu o corpo, apenas os olhos. Levantou os olhos na direção dele, completamente petrificada. Os olhos arregalados.

— Tu tá de brincadeira, não tá?

— Juro que não. — Ele colocou uma mão no coração e levantou a outra no ar, como se estivesse num julgamento, prometendo.

Helô voltou a olhar o papel completamente em choque.

— Como você faz uma coisa dessas? Você é maluco! — Ela concluiu, ainda sem saber o que dizer.

— Nós vamos ficar velhinhos juntos e a gente precisava de um lugar pra fugir quando o trabalho ficasse intenso demais. Você sempre quis morar a beira-mar, e esse é um dos nossos lugares favoritos no mundo. — Ele deu de ombros. — Eu tenho a certeza de que eu vou conseguir te convencer a fugir pra cá todo final de semana, e vamos nos desligar de tudo, e vamos ficar só nós dois. Quer dizer, só nós três. Eventualmente nós dois. — Ele se corrigiu.

Heloísa olhou ao redor e apreciou mais uma vez aquela vista que tinha tirado seu fôlego. Abriu o maior sorriso da história do mundo imaginando como seria estar ali com ele, e sentiu os olhos enchendo de lágrimas.

Quando ela se virou para ele, mordia os lábios tentando segurar o choro.
Ela tomou impulso na direção dele, que a recebeu de braços abertos.

Stenio envolveu os braços ao redor dela, a acolhendo em seu peitoral, enquanto deitava a cabeça na dela. Balançavam para um lado e para o outro, grudados.

— Eu amo você. Esse é o melhor presente do mundo. Nós vamos aproveitar muito ele, juntinhos, pra sempre.

— Eu tenho certeza disso, amor. — Ele sussurrou, beijando o topo da cabeça dela. — Eu sabia que você ia gostar muito.

— Tu foi tão atencioso. Nossa casa tá perfeita, nos mínimos detalhes.

— Espera só eu te mostrar o resto. — Ele se apressou em pegar a mão dela. — Tá preparada?

Ela assentiu repetidas vezes, ansiosa.

Stenio a levou para a praia particular deles dois, depois de um tour pela casa.

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