Capítulo 32 - Tão humano quanto nós dois

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Veneráveis, vocês gostaram da revelação bombástica do capítulo anterior? O Zen humano os surpreendeu? Se sim, acredito que vocês vão amar o de hoje... 👀

No capítulo anterior...

Yusuke e Tetsurou experimentam a noite cruel Sazanka, mas Zen os salva cobrindo-os com suas caudas para que eles não morram congelados. Durante a manhã, eles não encontram o kitsune entre eles, mas um homem loiro e humano que alega ser Zen.

 Durante a manhã, eles não encontram o kitsune entre eles, mas um homem loiro e humano que alega ser Zen

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O frio ainda era dilacerante, mas eles não podiam ficar mais naquela caverna. A tempestade não se importava com suas necessidades, então teriam que seguir através dela. Os yuki-bakeshika estavam selados, prontos para partir. Yusuke terminava de desamarrá-los do canino. Os animais bufaram, revigorados, mas ficaram inquietos de repente, querendo se desvencilhar das mãos enfaixadas.

Só quando sentiu uma presença às costas que entendeu que os yuki-bakeshika se agitaram porque Tetsurou se aproximava junto com o novo humano.

Yusuke travou, sendo apenas um espectador de tanta decadência.

Zen era estranho até para as montarias de sua tia e, se antes os bichos o obedeciam comportadamente, agora pareciam querer se afastar de um parasita.

Nem Yusuke conseguia olhar. O pior demônio de Makai, o ser mais sanguinário, temido, arrogante e sádico que tinha conhecido, se transformou em um serzinho que não parava de tremer enquanto rodava, compulsivamente, o colar misterioso pendendo no meio de seu peito. O chapéu ornamentado estava de novo sobre suas madeixas agora acinzentadas, os véus pretos da peça tremulavam. Em seu rosto ainda era possível ver a fagulha do que já foi, mesmo que as pupilas não fossem mais fendas, e sim duas bolas pretas, dividindo as írises em castanho e verde; e ele tentasse a todo custo esconder a falta das orelhas de raposa. Havia uma mistura de raiva e deboche em suas linhas, como se ele estivesse se segurando para não gargalhar tão alto que até as pessoas do Palácio Impuro em Sakuiya ouviriam, e se sentiriam tão assombrados pelo som como Yusuke estava pela mera expectativa de ouvi-lo enlouquecer.

Ele estava assustadoramente calmo, entretanto. E isso era arrepiante — mais do que qualquer onda de gelo se esgueirando pelas roupas.

Porque se Sakuiya no Zen havia perdido os poderes e se transformado em um ser que ele mesmo desprezava... como todos eles iriam sobreviver àquela missão?

Tinham só mais dois dias para salvar a princesa.

Mesmo sofrendo com o açoite do vento, Zen tocou no canino da ossada do animal morto e pressionou os dedos, esperando algo. Nada aconteceu. Sua mão pálida sem marcas tremia. Yusuke imaginou que ele estava concentrado demais em não morrer congelado para se importar com o que acontecia ao redor.

— Como ele está? — perguntou diretamente a Tetsurou, o rosto vincado de preocupação.

— Precisamos tirá-lo daqui. — Foi só o que Tetsurou respondeu.

Pétalas de Akayama [PT-BR]Onde histórias criam vida. Descubra agora