Capítulo 23

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Adentramos um salão vasto e imponente, cujas paredes se erguiam até o teto abobadado, adornadas com intricados ornamentos dourados que reluziam sob a luz suave dos candelabros. O ambiente exalava grandiosidade e poder, cada detalhe meticulosamente projetado para inspirar respeito e reverência.

No centro do salão, um trono majestoso se erguia em uma plataforma elevada, dominando o espaço com sua presença imponente. O Rei Magnus estava sentado ali, imbuído de uma aura de autoridade e majestade. Seus olhos, penetrantes e sábios, varriam o salão com um olhar calculista e determinado.
Os Preponderantes, vestidos com seus uniformes de combate, estavam distribuídos pelo salão, cada um exibindo uma postura confiante e determinada. Eles eram como guerreiros preparados para enfrentar qualquer desafio que surgisse diante deles.

E então, meus olhos encontraram o Rei Magnus. Ele era como uma lenda viva, um símbolo de poder e prestígio no reino. Seu porte majestoso e sua expressão serena transmitiam uma sensação de confiança e liderança. Era a primeira vez que eu o via pessoalmente.

No fundo do salão, uma multidão de espectadores se reunia para testemunhar o evento, seus olhares curiosos e expectantes refletindo a importância dos testes que estavam prestes a começar. Era como se estivéssemos prestes a fazer história, a moldar o destino do reino com nossas próprias mãos.

Diante de toda essa grandiosidade, eu me senti pequena e insignificante.
O Rei Magnus ergueu-se do trono, sua voz ressoando pelo salão com autoridade e gravidade.

— Preponderantes, nobres espectadores, é com grande honra que dou início ao Desafio das Sombras. — Começou ele, sua voz ecoando pelas paredes do salão. — Este é um momento crucial para o nosso reino, um momento em que devemos unir nossas forças e enfrentar os desafios que se apresentam diante de nós.

Seus olhos varreram a multidão, fixando-se em cada um dos presentes com intensidade.

— Há décadas, nossa terra tem sido assolada por uma ameaça sombria, uma escuridão implacável que se espalha lentamente, devorando tudo em seu caminho. Muitos têm caído diante dela, e os nossos corações estão pesados com a destruição que ela causou.

Um murmúrio de preocupação percorreu o salão, os espectadores trocando olhares apreensivos entre si.

— Mas agora, mais do que nunca, precisamos nos unir para enfrentar essa ameaça. — Continuou o Rei Magnus, sua voz ressoando com determinação. — Pois recentemente recebemos notícias alarmantes de que essa escuridão está se aproximando rapidamente do último continente, e já está às portas de Wesnorgolgia.

Um murmúrio de choque se espalhou pelo salão, os olhares dos presentes se arregalando com a revelação do Rei Magnus. A notícia era como um golpe no coração de todos, uma lembrança sombria da urgência da situação em que estávamos.

— É por isso que os testes deste ano são mais importantes do que nunca — declarou o Rei Magnus, sua voz ressoando com determinação — precisamos reunir os nossos melhores guerreiros, os nossos mais habilidosos Preponderantes, e prepará-los para enfrentar a escuridão que se aproxima. Somente juntos, unidos em nossa determinação e coragem, poderemos esperar prevalecer sobre essa ameaça e garantir a segurança de nosso reino e da raça humana, que conta com os nossos poderes sobrenaturais para vencer as trevas.

Com essas palavras, o Rei Magnus encerra seu discurso, deixando um silêncio solene pairar sobre o salão enquanto todos absorviam a gravidade do que acabara de ser revelado. O Desafio das Sombras havia começado, e o destino do reino estava nas mãos dos vampiros evoluídos.

A notícia do Rei Magnus enviou um arrepio de medo pelo meu corpo. Olhei ao redor, vendo os rostos tensos dos outros Preponderantes refletindo a gravidade da situação. A ideia de uma escuridão iminente se aproximando do continente me deixou arrepiada de medo. Eu realmente acreditava que ela ainda estava longe de nós.

Senti uma mão suave entrelaçando os dedos nos meus e virei para ver Kasper ao meu lado, com um olhar reconfortante nos olhos.

— Nós vamos enfrentar isso juntos.
Dave, ao meu lado, soltou uma risada nervosa.

— Bem, se a escuridão destruir tudo, pelo menos não vamos mais precisar pagar impostos. — Ele brincou, tentando trazer um pouco de leveza para a situação.

Não pude deixar de sorrir diante da piada de Dave, mesmo que fosse apenas para disfarçar meu próprio medo. Enquanto conversávamos, uma das organizadoras dos testes aproveitou o fim do discurso do Rei para nos informar que um jantar de boas-vindas aconteceria no salão principal e que deveríamos ir para lá.

O jantar no salão principal era uma exibição impressionante de pratos vampirescos requintados. Enquanto nos dirigíamos à mesa designada para nossa equipe, pude ver uma variedade de iguarias, desde sangue de animais exóticos até pratos elaborados de carne e molhos de sangue humano.

Nossa mesa era adornada com toalhas de mesa de seda negra e centros de mesa de flores vermelhas vibrantes. Os lugares estavam marcados com placas de prata com nossos nomes gravados, acrescentando um toque de elegância ao ambiente sombrio.

Enquanto me acomodava, não pude deixar de notar as mesas distantes, erguidas em uma plataforma elevada, onde os dominantes organizadores do desafio e o Rei Magnus estavam sentados. Klaus estava entre eles, e me observava de cima.

Observando-os, senti um arrepio passar por mim enquanto os via olhando para nós com desprezo, como se fôssemos meros vermes e escravos em sua presença.

Apesar da atmosfera tensa, tentei me concentrar na comida diante de mim, admirando os pratos suntuosos enquanto tentava ignorar a sensação de inferioridade que vinha com a presença dos dominantes. Ainda assim, não pude deixar de sentir o peso de seus olhares sobre nós, como se estivessem nos julgando a cada movimento que fazíamos.

Enquanto estávamos à mesa e uma conversa aleatória se desenrolava, não pude deixar de notar o desconforto sutil no rosto de Joe. Seus olhos pareciam inquietos, como se estivessem buscando algo além das conversas triviais que ecoavam ao nosso redor.

Percebendo sua agitação, observei quando ele se inclinou na direção de Max e sussurrou algo em seu ouvido. A expressão de Max mudou rapidamente, e seu olhar discreto em direção a uma equipe que estava atrás de nós não passou despercebido por mim. Curiosa, segui o olhar dele e me deparei com o grupo em questão, que parecia envolto em uma conversa séria e furtiva.

Apesar dos meus esforços para captar o que estavam dizendo, não consegui distinguir suas palavras. O único que parecia ter uma visão clara do que estava acontecendo era Joe, que mantinha sua postura firme e concentrada, como se estivesse ouvindo atentamente cada palavra trocada naquela mesa distante.

Intrigada e um tanto inquieta com a situação, me peguei observando a equipe misteriosa com um misto de curiosidade e preocupação. O que estariam discutindo? Seria algo relacionado a nós?

Enquanto a tensão pairava sobre mim, Max e Joe compartilhavam da mesma inquietação que eu. Seus olhares sérios e posturas rígidas denunciavam a preocupação que os consumia naquele momento. Enquanto isso, Ian parecia alheio à atmosfera tensa, mergulhando sem cerimônia na refeição diante dele.

— Que nojo, parece que colocaram veneno nessa porra — resmungou Ian, com um tom sarcástico, empurrando a comida em seu prato com desdém. Sua observação foi recebida com um riso abafado de Dave, que não perdeu a chance de acrescentar sua própria pitada de humor à situação.

— Bem, não seria a primeira vez que alguém tentaria nos matar com a comida aqui, no último teste, eles queriam enfiar sangue de molusco no nosso rabo só porque era azul — brincou Dave, fazendo uma careta exagerada enquanto examinava o conteúdo de seu prato. Sua observação arrancou algumas risadas discretas dos outros à mesa, mas não conseguiu dissipar completamente a tensão que pairava sobre mim.

Enquanto isso, Kasper permanecia atento aos mínimos detalhes, servindo-me com uma gentileza e cuidado característicos. Sua preocupação palpável era reconfortante, e eu sabia que podia contar com ele.

— Por que esse filhos da puta não nos dão sangue dourado? Aquilo sim é comida boa — Dave resmunga — só o Reizinho de merda que come isso.

— É foda, né cara? — Ian comenta.
Ao provar a comida e concordar com Ian, dou um suspiro teatral, forçando um sorriso para tentar afastar a tensão que pairava sobre nós.

— Nossa, comida de rico é uma merda mesmo. —  Brinco, encarando meu prato com uma expressão exageradamente desapontada. — Eu prefiro as gororobas que eu e minha irmã costumávamos fazer. Pelo menos aquelas tinham sabor de verdade.

A observação arrancou um sorriso de concordância de Kasper, e mesmo que ele tentasse disfarçar, pude ver o brilho divertido em seus olhos. Dave, sempre pronto para adicionar um toque de humor à situação, não perdeu a oportunidade de fazer uma piadinha.

— Bem, eu sou mais do tipo sanduíche de presunto — disse ele com um sorriso malicioso, piscando para mim de forma sugestiva. Nós compartilhávamos uma piada interna, e o sorriso discreto de Kasper confirmou que ele também estava ciente disso.

A atmosfera descontraída que tínhamos tentado criar desmoronou quando Max pediu a atenção.

— Dave, Ian e Kasper, fiquem em alerta — ordenou ele, sua voz carregada de autoridade.

Eles pararam imediatamente suas brincadeiras, trocando olhares sérios antes de voltarem sua atenção para Max.

— O que está acontecendo? — sussurrou Kasper para Max, claramente preocupado com a mudança repentina de clima.

Max balançou a cabeça vagamente, seus olhos ainda fixos em algo distante e preocupante.

— Precisamos ficar em alerta — foi tudo o que ele disse antes de se recostar na cadeira, mantendo sua postura vigilante.


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Ao voltarmos para o dormitório 15 após o jantar tenso, Joe reuniu a equipe para uma conversa urgente. Seu olhar era sério, denotando a gravidade do assunto que estava prestes a ser abordado.

— Tenho uma informação — começou Joe. — Descobri algo durante o jantar — continuou ele, mantendo sua voz baixa para garantir que apenas nós ouvíssemos. — A equipe 02 está planejando usar a Adeline como distração para nos atacar.

O choque se espalhou pelo quarto enquanto digeríamos essa revelação.
Ao ouvir as palavras de Joe, meu coração pareceu parar por um instante.

— Como assim? — perguntou Kasper, claramente preocupado.

Joe suspirou, olhando para cada um de nós antes de continuar.

— Eles sabem que ela é a mais fraca do nosso grupo. Acham que podem nos pegar de surpresa usando-a como isca.
Usar-me como isca?

A ideia era completamente assustadora e revoltante ao mesmo tempo. Eu me senti como se tivesse sido atingida por um trem desgovernado, uma onda de medo e indignação me dominando por completo.

Meus olhos se arregalaram, e meu peito se apertou com a angústia da situação. Como poderiam pensar em me usar assim? Uma sensação de impotência se instalou em mim, misturada com uma fúria crescente. Era injusto, era desumano.

— E o que vamos fazer sobre isso? — perguntou Ian, sua expressão determinada.

Max olhou para cada um de nós, seu olhar firme e decidido.

— Eu e a Adeline já tínhamos pensado nessa possibilidade, e o mais indicado a se fazer é não deixá-la vulnerável agora.

Me encolhi um pouco em cima da minha cama, encarando meus joelhos colados um no outro quando ouvi a voz do Ian.

— Eu cuido dela.

Meu coração saltou com tanta força que até doeu.

— E por que a gente deixaria a Adeline sob seus cuidados, Ian? Não foi você que deu a ideia de matá-la quando a conheceu? — Kasper pergunta com os braços cruzados — Você e Joe sempre a trataram mal, por que agora deveríamos confiar em você? Eu acredito que seja mais seguro a Adeline ficar comigo, desde sempre me importei com ela.

A tensão estava pairando no ar enquanto Ian e Kasper trocavam olhares intensos, cada um querendo ser meu protetor.

— Eu tenho força física, sou a porra de um Elemental, tenho reflexos rápidos e posso criar armas em menos de segundos. Eu posso protegê-la melhor — Ian argumenta, seu olhar desafiador.

Mas Kasper não se deixou abalar. Com um sorriso confiante, ele retrucou:

— Eu posso criar, literalmente, um campo de força ao redor dela. Nada vai atingi-la enquanto estiver comigo.

Eu os observava, agradecida pela preocupação deles e surpresa pela intensidade da disputa. Ambos estavam determinados a assumir o papel de meu guarda-costas, e era difícil escolher entre as habilidades físicas de Ian e a proteção mágica de Kasper.

— Grandes porras é esse seu poder de fada, Kasper!

— E como você acha que vai protegê-la usando as florzinhas que estiverem em sua volta? — Kasper pergunta com arrogância.

Sinto vontade de rir por causa das alfinetadas, mas me contenho.

— Eu aprecio muito a preocupação de vocês — eu finalmente digo, tentando aliviar a tensão. — Mas não precisam brigar por mim. Vou ficar bem com qualquer um de vocês ao meu lado.

E como sempre, Dave não perdeu a chance de acrescentar sua pitada de humor à situação.

— Ah, agora é uma disputa para ver quem tem mais poder? — ele interveio, com um sorriso travesso. — Eu posso me transformar em cinquenta clones tenebrosos e tenho super força. Vou acabar com qualquer um na base da pancada! Então, acho que sou o melhor candidato para o posto, não é mesmo?

Sua piada provocou algumas risadas nervosas, mas logo Joe entrou na conversa, trazendo uma perspectiva diferente.

— Bom, eu posso atrair uma legião de demônios devoradores que acabaria até com os Dominantes —  ele diz, sua expressão séria. — Mas prefiro ficar na minha por enquanto. Só usaria esse poder em casos extremos. Mas o Max pode simplesmente mandar um cara bater com a cabeça contra a parede e ele iria obedecer, então o Max é o mais indicado.

Cada um deles apresentou argumentos convincentes, e eu me vi balançada entre o poder bruto de Ian, a magia protetora de Kasper, a força física de Dave, a destruição macabra do Joe e o controle de Max.

Enquanto os rapazes discutiam sobre quem deveria ser meu guarda-costas, não pude deixar de me sentir um pouco animada com toda a atenção que estavam me dando. Então, decidi entrar na brincadeira.

— Uau, parece que estou no meio de um torneio de gladiadores para decidir quem vai ganhar o prêmio de me proteger — comentei, deixando escapar um sorriso travesso. — Bem, acho que eu deveria sortear o vencedor, mas só depois de testar todas as habilidades de vocês, é claro.

Minhas palavras provocaram risadas e alguns olhares divertidos entre os rapazes, e eu continuei com meu tom brincalhão.

— Vocês sabem, eu poderia considerar fazer uma rodada de teste prático —  sugeri, inclinando-me para frente com um olhar sugestivo. — Quem sabe um teste de resistência física? Quem durar mais tempo ganha!

Dave soltou uma risada alta, enquanto Ian e Kasper trocavam olhares divertidos, esquecendo-se que a poucos minutos estavam a ponto de voar no pescoço um do outro. Até mesmo Joe, que geralmente mantinha uma expressão mais séria, pareceu se divertir com minha ousadia.

Antes que eu pudesse dizer mais alguma coisa, Max se intrometeu, irritado como sempre. Sua ordem para todos se revezarem como meus guardiões me deixou um pouco atônita, mas ao mesmo tempo, a ideia de ter cada um deles cuidando de mim de alguma forma era excitante, isso significava que eles iriam me revezar, eu ficaria com todos eles.

— Bem, então parece que temos um novo emprego em tempo integral — brincou Dave, seu sorriso sincero irradiando confiança.

Kasper, com sua habitual gentileza, concordou.

— Vamos garantir que você esteja segura, não importa o que aconteça.

Flor De Esqueleto - Harém Reverso - livro 1 (CONCLUÍDO)Onde histórias criam vida. Descubra agora