Capítulo 24

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À medida que a noite avançava e o momento de dormir se aproximava, observei cada um dos vampiros enquanto se trocavam. Cada um deles exalava uma aura única de sensualidade masculina, e meus olhos percorriam seus corpos com interesse.

Ian, com sua postura relaxada e confiante, exibia músculos definidos, as tatuagens grotescas se estendiam por todo o seu corpo, e um olhar penetrante que me fazia prender a respiração por um momento. Seus ombros são largos e os braços fortes, e eu não pude deixar de admirar a forma como ele se movia com uma graça natural.

Kasper, com sua elegância refinada e postura impecável, emanava um charme irresistível. Seu corpo esguio e atlético parecia esculpido sob medida, enquanto seus olhos intensos me prendiam em um encontro magnético de olhares.

Dave, com seu sorriso brincalhão e olhos cheios de humor, exibia uma presença cativante e descontraída. Seu físico robusto e poderoso refletia uma força interior que era ao mesmo tempo intrigante e sedutora.

Max, com sua autoridade natural e presença dominante, irradiava uma aura de poder e controle. Seu porte imponente e musculoso revelava uma força que era ao mesmo tempo intimidante e irresistível.

Cada um deles despertava em mim um desejo profundo e irresistível, e enquanto os observava se prepararem para dormir, eu não pude deixar de sentir uma pontada de excitação ao pensar nas possibilidades que a noite poderia trazer. Mesmo com o comando idiota do Max, eu ainda poderia brincar com eles do meu jeito, tenho dedos, não é?

Mas ao me deparar com Joe se trocando, meu coração deu um salto doloroso em meu peito ao notar os cortes espalhados por seu corpo. Cada marca era como uma faca afundando em meu peito, uma dor lancinante que me deixava completamente atordoada.

Seu rosto, normalmente tão sério e reservado atrás da máscara, estava  marcado por essas cicatrizes antigas e recentes, e sua expressão sombria era como um reflexo da dor que ele devia suportar diariamente.

O que é isso? por que ele está todo machucado?

Lágrimas embaçavam minha visão enquanto eu lutava para compreender o que estava vendo.

A tristeza tomou conta de mim, uma onda avassaladora de desespero e impotência. Eu queria correr até ele, abraçá-lo e protegê-lo de todo o mal do mundo, mas me sentia paralisada pelo choque e pela angústia.

Cada corte era uma ferida em minha alma, uma lembrança vívida da violência que ele sofria em silêncio. Minha mente girava em pânico, incapaz de aceitar a brutalidade da realidade diante de mim.

Eu não conseguia evitar as lágrimas que corriam livremente por meu rosto, uma torrente de emoções que ameaçava me consumir. O amor que eu sentia por Joe, só intensificava minha agonia, minha necessidade desesperada de protegê-lo, de curar suas feridas, de ser o porto seguro em meio à tempestade.

Minhas mãos tremiam enquanto eu lutava para me controlar, para não ceder ao desespero que ameaçava me engolfar. Mas era difícil, tão difícil, ver o homem que eu amava, dilacerado por dentro e por fora, e não poder fazer nada para aliviar sua dor.

Eu queria gritar, queria chorar, queria correr para longe dali e nunca mais voltar. Mas eu não podia, eu não conseguia me afastar de Joe, não quando meu coração clamava por ele mais do que nunca.

Com lágrimas inundando meus olhos, eu sentia o peso do silêncio que se abateu sobre nós. Todos pareciam atordoados, sem saber como reagir à minha angústia. O ar parecia carregado com uma tensão palpável, uma sensação sufocante de desamparo.

— Adeline, o que aconteceu? Por favor, nos diga... — Dave murmurou, sua voz cheia de preocupação e incerteza.

Kasper se aproximou, seu rosto marcado por uma expressão de compaixão.

— Adeline. Por favor, nos diga como podemos ajudar.

— alguém fez alguma coisa com você? — Max pergunta.

— Me diga o nome e eu mato quem quer que seja!

Ian diz, com sua expressão dura e fria, mas seus olhos revelavam uma centelha de preocupação.

Entre soluços, eu tentei articular uma resposta, mas as palavras se recusavam a sair. Minha mente era um turbilhão de emoções, uma mistura confusa de tristeza, raiva e desespero.

— Joe... — murmurei finalmente, minha voz mal passando de um sussurro. — Ele... ele está tão machucado. Eu não... eu não posso suportar vê-lo assim.

Os olhares preocupados dos vampiros só intensificaram minha dor, uma lembrança dolorosa da impotência que eu sentia diante da situação.

Enquanto tentavam me confortar da melhor maneira que podiam, eu só conseguia pensar em Joe, afastando-se silenciosamente, sem dizer uma palavra. E enquanto o vi sair do quarto, uma sensação de desespero tomou conta de mim, uma sensação de perda avassaladora que me deixou mais frágil do que nunca.

— Por que ele está machucado? — pergunto entre as lágrimas.

Ian, suspira e se agacha em minha frente, suas mãos tatuadas estão repousadas entre seus joelhos. Kasper e Dave se sentam ao meu lado e uma mão faz carinho em minha costa enquanto a outra tira meu cabelo do rosto.
Max permanece distante, apenas observando.

— Olha, serpente... — ele começa a falar, seu tom é suave mesmo com esse apelido chato, ele não parece querer me ofender agora — O Joe tem aquele poder extra, não tem? O lance com os demônios...

— Sim...

— Os cortes são causados por eles.
Sinto as lágrimas correndo por minha bochecha.

— Pelos demônios?

— Sim. Todas as vezes que os Demônios querem sair e ele os contem, um novo corte aparece em seu corpo.

— tinham cortes muito novos.
Ian suspirou, um pouco indeciso se deveria me dizer o que quer que esteja acontecendo ou não.

— Os demônios se agitam quando...

— Já chega! — Max interrompe e se aproxima — Ian, dizer o que agita ou não os demônios do Joe, não é responsabilidade sua, essa é uma questão dele.

Max volta seu olhar para mim.

— Adeline, o Joe é um dos vampiros mais resistentes e fortes que eu já conheci, ele não merece a sua pena. Nenhum homem quer ser alvo de pena. Essas suas lágrimas não ajudam em nada. Lembre-se que está em uma equipe de poderosos, não somos crianças precisando de colo. Você é a nossa conselheira, e deve se portar como uma, agora seque essas lágrimas e se prepare para dormir, amanhã faremos o primeiro teste, e estou realmente decepcionado com vocês. Até o momento só vi piadinhas, intrigas e flertes... por acaso se esqueceram de onde estão? — Max aponta para o Ian — vá buscar o Joe aonde quer que ele tenha se enfiado — ele olha para Kasper e Dave e ordena — Desgrudem da Adeline um pouco! — e por fim se volta para mim — deite-se e durma, Adeline. amanhã enfrentará o Desafio das Sombras, concentre-se nisso e esqueça os ferimentos do Joe.

🩵


O quarto está mergulhado na escuridão, apenas a luz fraca da lua filtrando pelas cortinas, pintando o ambiente em tons de cinza. Eu estou deitada na cama, sentindo cada respiração pesada, cada batida acelerada do meu coração. A quietude é quase sufocante, como se o silêncio fosse um cobertor pesado sobre mim.

Na cama de cima, está Ian. Sinto sua presença próxima. Ele está lá, mas parece distante, como se uma barreira invisível nos separasse. Eu sinto um frio na barriga quando penso em todos eles, mas acima de tudo, sinto vontade de chorar. Sei que metade do meu cérebro não está funcionando direito, sei que boa parte do que estou sentindo é influência do feitiço de merda que aquela bruxa fez. Mas saber disso não muda o que eu sinto. Eu preciso deles, eu os amo como se os conhecesse a anos, como se já tivesse vivido coisas intensas com eles. É confuso e doloroso.

Eu vivi tanta coisa só hoje e ainda são três da manhã...

Meus pensamentos vagueiam para Joe, que entrou no quarto algumas horas atrás e se deitou em silêncio na cama dele. Sinto um aperto no peito ao pensar nele, em como ele está ferido e sofrido. Uma onda de preocupação me consome, mas uma vozinha no fundo da minha mente, a voz do Max, repete incessantemente que Joe não quer minha pena.

Respiro fundo, tentando acalmar a tempestade de emoções que me consome. Eu sei que preciso encontrar uma maneira de lidar com isso. Mas é difícil, tão difícil quando o peso do mundo parece estar sobre meus ombros. E na escuridão silenciosa do dormitório, eu me sinto perdida.

— Ian? — sussurro, esperando que ele ainda esteja acordado.

— Oi.

Ouço sua voz na cama de cima e procuro coragem para continuar falando.

— Você ainda me odeia? — A pergunta que eu mesma faço deixa meu coração acelerado.

— Não, venenosa. Não te odeio.

Um sorriso brota em meu rosto.

— Então agora somos amigos? — pergunto em um sussurro.

— Amigos porra nenhuma... — ele solta uma risadinha e se mexe na cama.

— Inimigos então? — pergunto sorrindo.

— É mais interessante, não acha, serpente?

— Acho... — bocejo — Boa noite, namorado atencioso...

— Boa noite, coisinha feia.

Flor De Esqueleto - Harém Reverso - livro 1 (CONCLUÍDO)Onde histórias criam vida. Descubra agora