Capítulo 26

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Ao olhar para o painel principal do Netux, meu coração se aperta com uma mistura de alívio por termos sobrevivido e tristeza profunda ao ver o número assustador de mortes nas outras equipes. Cada nome que aparece ali é uma vida perdida, um destino que não pode ser desfeito.

Sinto um nó na garganta e meus olhos se enchem de lágrimas enquanto absorvo a magnitude da tragédia que se desenrolou durante o teste. É difícil acreditar que tantas vidas foram ceifadas em tão pouco tempo, e a sensação de impotência me consome.

É então que sinto os braços reconfortantes do Kasper me envolvendo em um abraço protetor. Seu gesto caloroso me traz um pouco de conforto em meio à dor e à angústia que sinto. Por um momento, permito-me fraquejar, deixando as lágrimas escorrerem enquanto me permito ser consolada pelo calor de seu abraço.

Mas ao ouvir a voz ecoando pelos alto-falantes do Netux, anunciando a comemoração no salão de festas, uma mistura de emoções toma conta de mim. Ainda estou abalada pelas mortes, mas a ideia de um momento de descontração e alívio é reconfortante.

Sinto a mão do Dave entrelaçando os dedos com os meus, um gesto simples, mas reconfortante. Ele sempre teve esse dom de me fazer sorrir nos momentos mais sombrios. Com um olhar solidário, ele tenta animar o clima com uma de suas piadas típicas.

— Vamos lá, Adeline, parece que sobrevivemos ao primeiro round deste pesadelo. Quem diria que participar de testes de vida ou morte poderia ser tão emocionante, não é mesmo? Acho que merecemos uma pausa para comemorar antes de enfrentar o próximo desafio. E com você ao nosso lado, não há enigma que não possamos resolver! Antes que esses outros trogloditas comecem a te bajular por ter nos salvado hoje, preciso lembrá-la de que eu e o Kasper acreditamos no seu potencial desde o inicio.

Por um momento, permito-me sorrir, mesmo que seja apenas uma pequena luz no meio da escuridão que nos cerca.

— Está tentando ganhar pontos? — Kasper sorri.

— Para nós dois, amigo.

— Vocês parecem cachorrinhos — Ian resmunga, meus olhos se encontram com suas írises vermelhas e eu lhe dou uma piscadela.

— Você também, Ian. — Zombo e ele vira os olhos.

Ao entrarmos no salão de festas, somos recebidos por uma explosão de energia e alegria que parece contagiar até mesmo os cantos mais sombrios da minha alma. A música alta pulsa no ar, acompanhada pelo ritmo pulsante das luzes que dançam freneticamente ao redor do ambiente.

O salão em si é um espetáculo à parte, com suas paredes revestidas por painéis luminosos que mudam de cor a cada batida da música. Mesas adornadas com luzes de LED exibem uma variedade de bebidas e petiscos deliciosos, convidando os sobreviventes a se deliciarem e se refrescarem após os desafios enfrentados.

No centro do salão, um DJ comanda as batidas eletrônicas, misturando sons que fazem todos se moverem ao ritmo da música. As pessoas dançam e pulam animadamente, exibindo sorrisos radiantes e gestos de celebração.

A adrenalina do momento se mistura com o alívio de termos sobrevivido ao primeiro teste, criando uma atmosfera de festa que nos envolve e nos encoraja a desfrutar deste breve momento de descontração. Ao lado dos meus cinco homens, permito-me mergulhar nessa onda de alegria, deixando para trás as preocupações e os medos que nos assombram lá fora.

Com o ritmo vibrante da música pulsando em meus ouvidos, permito-me mergulhar na pista de dança ao lado de Dave e Kasper. Nossos corpos se movem em perfeita sincronia com a batida, criando uma harmonia de movimentos que parece transcender o espaço ao nosso redor.

Dave e Kasper, sempre tão protetores e companheiros, dançam comigo como se estivéssemos em nossa própria bolha de amizade. Seus sorrisos contagiantes refletem a energia positiva que preenche o ambiente, enquanto nos movemos ao som da música com alegria e entusiasmo.

Enquanto isso, observo de relance Joe e Max, que optaram por se acomodar nos sofás próximos à pista de dança. Max, com seu meio sorriso misterioso, observa nossa animação com os braços cruzados, enquanto Joe parece menos entusiasmado, limitando-se a beber sua bebida com uma expressão mais séria.
Ian, por sua vez, parece ter se perdido na multidão, desaparecendo entre os outros competidores que se entregam à dança e à celebração. Sinto um leve aperto no peito ao perceber sua ausência, mas logo volto a me deixar levar pela música e pelos movimentos, aproveitando cada momento ao lado dos meus pãezinhos leais.

Envolvida pela música pulsante e pelos movimentos frenéticos ao meu redor, sinto-me imersa em uma atmosfera quente e eletrizante. O aroma adocicado das bebidas mistura-se ao suave perfume de tantas pessoas reunidas, criando uma fragrância exótica que paira no ar.

Cada batida da música ressoa em meu corpo, fazendo-me pulsar em sintonia com o ritmo frenético. Meus pés deslizam pelo chão iluminado, enquanto meus braços se erguem no ar em perfeita harmonia com a melodia envolvente.

A energia do ambiente é contagiante, envolvendo-me em uma aura de pura euforia. Risadas ecoam ao meu redor, misturadas aos gritos de alegria e aos aplausos que acompanham cada nova música.

Enquanto dançava, não pude deixar de notar algumas garotas se aproximando de Joe e Max, que estavam relaxados nos sofás.

Os sorrisos sedutores e olhares provocantes delas eram difíceis de ignorar, e uma sensação incômoda começou a crescer dentro de mim.
A irritação começou a borbulhar quando vi as garotas se aproximando ainda mais, como se estivessem tentando se infiltrar em nossa bolha de intimidade. Seus gestos sugeriam uma certa intenção, e eu me vi ficando cada vez mais incomodada com a situação.
Por mais que tentasse afastar os pensamentos de ciúmes, era difícil não sentir um aperto no peito ao vê-las se aproximando de Joe e Max com tanta desenvoltura.

— Kasper, Dave, preciso resolver uma coisa — murmurei rapidamente, sentindo uma urgência crescente enquanto me afastava da pista de dança em direção a Joe e Max. A cada passo, minha determinação crescia, impulsionada pelo desconforto que as garotas ao redor deles estavam me causando.

Com cada passo, minha irritação aumentava ao ver a cena à minha frente. Uma das garotas já se aconchegava no colo de Joe, mas os olhos dele estavam fixos em mim enquanto eu me aproximava. Por outro lado, Max já estava envolvido em uma conversa animada com outra garota, parecendo não se incomodar com a situação.

Traidor de merda!

Joe, por sua vez, parecia desconfortável com a garota em seu colo, mas optou por ignorá-la enquanto eu me aproximava com determinação. O sangue pulsava em minhas veias, uma mistura de ciúmes e indignação me impulsionando para o que estava prestes a acontecer.

Com a raiva fervendo em minhas veias, avancei como um furacão em direção à garota que já estava se esfregando no pau do Joe, os olhos dela arregalaram de horror quando me aproximei. Agarrei seus cabelos com uma força quase sobrenatural, arrastando-a impiedosamente para longe do colo de Joe. Seus gritos ecoavam pelo salão, uma cacofonia aguda que se misturava com o som distante da música.

Cada movimento era impulsionado por uma explosão de adrenalina, minhas mãos transformadas em garras enquanto eu a arrastava pelo chão. Os outros ao redor pareciam ter se tornado fantasmas, suas vozes abafadas pela minha fúria.

A garota, tentava desesperadamente se desvencilhar, suas palavras se misturando em uma súplica desesperada. No entanto, eu não estava disposta a ouvir. Um sorriso cruel se estampou em meus lábios quando percebi minha resistência ao seu poder de controle mental. Era uma sensação de superioridade, que só inflamava ainda mais minha ira.

Cada golpe que desferia era uma libertação, um alívio momentâneo para o turbilhão de emoções que me consumia. A dor que infligia àquela garota não era apenas física, mas uma manifestação do meu próprio tormento interno.

Foi somente quando as mãos firmes de Kasper e Dave me puxaram para longe dela que a névoa de fúria começou a se dissipar. Ofegante, me vi encarando a cena caótica ao meu redor, mãos trêmulas e coração pulsante, enquanto o rugido da tempestade interior aos poucos se transformava em um sussurro distante.

Com o coração ainda martelando no peito, eu soltei um suspiro tenso, tentando recuperar o fôlego após a explosão de raiva.

Kasper permanecia ao meu lado.

— Que porra foi essa? — ele pergunta enquanto a garota tentava se levantar do chão diante de nós.

Dave fez um gesto como se fosse ajudá-la, mas eu estapeei sua mão o impedindo de fazer isso.

— Você não é doido de ajudar essa menina, Dave!

Ele jogou os braços para cima com uma risadinha e se afastou da garota que teve que se levantar sozinha.

Ao meu redor, o salão de festas parecia um turbilhão de reações. Alguns espectadores pareciam se deleitar com o espetáculo, suas risadas flutuando pelo ar como notas discordantes. Outros, porém, olhavam com olhares de julgamento, seus olhos cintilando com uma mistura de repulsa e desaprovação.

Eu sentia os olhares sobre mim, como agulhas perfurando minha pele, mas minha atenção estava fixada na figura da garota ao lado de Max. Seus olhos se encontraram com os meus em um desafio silencioso, faíscas de fúria saltando entre nós como eletricidade estática. Eu estava prestes a avançar em sua direção também, movida por uma mistura ardente de raiva e ciúmes.

No entanto, antes que eu pudesse dar um passo adiante, uma figura se interpôs entre nós. Era Joe, sua expressão séria e determinada enquanto me segurava com firmeza, impedindo-me de prosseguir. Um arrepio percorreu minha espinha quando percebi o motivo por trás de sua intervenção. Aquela garota era uma Metamorfo, uma adversária formidável cujas habilidades eu não poderia igualar.

— Ei? Relaxa! — Joe fala me arrastando para longe da garota.

Max continua sentado, me encarando com as sobrancelhas franzidas.
Sinto raiva dele, muita raiva.

A frustração borbulhou dentro de mim, uma tempestade incontrolável que ameaçava me consumir. Eu tremia de raiva, meus punhos cerrados em impotência enquanto eu lutava contra a maré de emoções que ameaçava me submergir. Era uma sensação avassaladora, a sensação de estar presa em um redemoinho de emoções turbulentas.

Aquele momento de tensão foi interrompido pelo aparecimento de Ian, cuja expressão carrancuda ecoava a própria tempestade que rugia dentro de mim. Seus olhos faiscavam com uma intensidade que eu sempre testemunhava, uma fúria contida que prometia desencadear um caos ainda maior.

Ele se aproximou com passos decididos, sua presença imponente ecoando no silêncio tenso que pairava ao nosso redor. Eu mal pude conter um arrepio quando seus olhos encontraram os meus, faíscas de determinação brilhando em seu olhar.

Ian dirigiu sua atenção para a garota ao lado de Max, sua voz soando como trovão quando ele finalmente falou:

— Vaza!

As palavras foram curtas e afiadas, carregadas com uma autoridade inegável que brotava de sua postura confiante. A garota pareceu hesitar por um momento, seus olhos se estreitando em uma mistura de surpresa e indignação diante do desafio aberto de Ian. No entanto, diante da determinação implacável em seu rosto, ela logo recuou, desaparecendo na multidão com um olhar carregado de ressentimento.
Um silêncio pesado caiu sobre nós quando Ian se virou para encarar o restante do grupo, sua expressão ainda séria.

Ele fixou seu olhar em mim, observando minha reação, meu corpo treme de raiva, meus punhos estão fechados e minha respiração está desregulada e rápida. Ian deixa um pequeno sorrisinho de canto nascer ao me ver com toda essa raiva.

Como se tivesse gostado de conhecer a minha selvageria.

Com a raiva borbulhando dentro de mim como lava incandescente, eu me afastei do grupo e marchei em direção ao bar da festa, determinada a encontrar uma válvula de escape para o turbilhão de emoções que me consumia. Ignorando os olhares curiosos que me acompanhavam, alcancei os copos e comecei a despejar bebida com uma intensidade quase desesperada, sem me importar com as misturas ou as consequências.

Enquanto eu me entregava ao néctar amargo da minha própria raiva, senti a presença de Kasper e Dave se aproximando, como sombras silenciosas em meio ao caos da festa. Dave, sempre pronto para uma piada, abriu a boca para lançar seu comentário, um sorriso dançando em seus lábios enquanto ele se preparava para arrancar um riso de mim.

— Olha só, pessoal, a rainha dos socos está pegando fogo esta noite! Então, Adeline, você tem uma maneira peculiar de fazer amigas, não é? Bater nelas é a nova forma de se enturmar no Netux? — ele disse com um tom de zombaria irônica, esperando provocar uma risada.

Mas para mim, suas palavras caíram como pedras pesadas, a piada não tinha o mesmo charme quando o calor da briga ainda ardia em minhas veias.
Eu revirei os olhos com um suspiro pesado, ignorando sua tentativa de humor enquanto afundava mais um gole de bebida. As palavras de Dave se perderam na cacofonia da festa, afogadas pelo som ensurdecedor da música pulsante e pelas batidas frenéticas do meu próprio coração, enquanto eu continuava a buscar uma fuga na escuridão ardente do álcool.

— Adeline, o que você fez foi perigoso — começou Kasper, sua voz carregada de seriedade. — Você não pode simplesmente sair atacando as pessoas sem saber seus poderes.

Revirei os olhos, sentindo o calor da raiva subindo pelo meu corpo.

— Ah, claro, Kasper, você é sempre tão sensato —respondi com um tom ácido — me desculpe se não sou tão perfeita quanto você.

Dave interveio com uma risada nervosa, tentando dissipar a tensão.

— Eita, pessoal, vamos acalmar os ânimos aqui. Adeline, não seja tão dura com o Kasper, ele só está preocupado com você.

Senti um nó se formando em minha garganta, uma mistura de emoções conflitantes me engolfando.

— Desculpa — murmurei, minha voz embargada pelas lágrimas que começavam a brotar.

Fala sério? Agora estou chorando?

— Eu só... Eu só queria... Eu não queria fazer isso, não queria ser bruta... Eu não queria que ninguém se machucasse. É que ver aquela menina se esfregando no Joe e a outra toda soltinha perto do Max me fez perder o controle. Vocês viram como o Max ficou? Ele pareceu gostar da atenção daquela menina! Isso é injusto! Ele proibiu vocês de ficarem comigo mesmo sabendo que estou enfeitiçada e agora vai começar a ficar com garotas aleatórias na minha frente? Isso... isso é crueldade!

As palavras mal saíram antes que eu fosse dominada por soluços, minhas mãos tremendo enquanto as lágrimas rolavam livremente pelo meu rosto. Era como se todo o peso do mundo estivesse sobre meus ombros, e eu não conseguia mais suportar.

— Precisamos conversar com o Max sobre isso — Kasper diz ao Dave.

— Pois é.

— Por que ela está chorando? — Ouço a voz do Ian e levanto a cabeça.

— Porque o Max estava bem felizinho com a Metamorfo pulguenta — Dave responde — e ele não deixa a Adeline ser feliz com a gente.

Ian puxa um banco ao meu lado no bar, se senta e começa a falar.

— Você não pode atacar as pessoas sem saber o poder del...

— Ai! Foda-se! Isso é culpa de vocês! Se não querem que eu saia arrastando nenhuma garota pelos cabelos novamente, então não me provoque! Que porra!

Ian, franze a testa e tira o copo de bebida da minha mão. Solto um grunhido de frustação.

— Porra!

— Mas que boquinha suja você tem, feiosa. Não foi a gente que estava dando moral para aquelas garotas. Se controla aí. — Ian resmunga e toma todo o líquido do meu copo.

— E onde você estava, hein? — pergunto cheia de ódio — por que sumiu do nada?

— Eu fui mijar, venenosa, posso?

Volto meu olhar para o Kasper que agora está bebendo e fazendo caretas.

— Kasper... — murmuro — você já me desculpou por ter sido grossa?

— Claro que já, amor.

Um pequeno sorriso escapa dos meus lábios.

— Você pede desculpas quando é grossa com ele? — Ian pergunta cruzando os braços.

— Sim?

— Por quê?

Dave solta uma risadinha e responde antes de mim.

— Porque o Kasper não é um babaca igual a você.

Ian o fulmina com o olhar.

— É por isso, serpente?

— Sim. Você é meu inimigo, esqueceu? Eu não tenho que te pedir desculpas depois de ser grossa, mas o Kasper... bom, o Kasper é o Kasper...

Kasper sorri satisfeito e levanta o copo em direção a Ian.

— Eu sou o preferido dela — ele diz.

— Que nada! O preferido sou eu — Dave diz.

— Ela só prefere vocês porque eu ainda não a fodi — Ian responde com desdém.

— Que inferno! — grito irritada — eu vou para o quarto!

Me levanto e começo a caminhar em direção aos dormitórios. Mas ouço os passos deles atrás de mim, como sempre. Viro os olhos, mesmo que meu coração esteja disparado por ter os três me seguindo até o quarto.

Flor De Esqueleto - Harém Reverso - livro 1 (CONCLUÍDO)Onde histórias criam vida. Descubra agora