CAPÍTULO 17

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ADELINE

Com as pernas ainda trêmulas e o coração disparado, permiti que Ian me conduzisse para fora do banheiro, tremendo como uma folha ao vento. Minha mente ainda estava em turbilhão, repleta de imagens assustadoras daqueles demônios que o Joe convocou.

Cada passo que dávamos em direção ao dormitório 15 era uma luta contra o medo que se enraizava profundamente em meu ser. Ian, ao meu lado, parecia preocupado, mas sua presença não conseguia dissipar completamente a sensação de terror que me envolvia.

Alguns vampiros se esbarraram conosco pelos corredores, e sempre que encaravam demais, Ian os repreendia com a agressividade natural dele.

Era de se esperar que eles me olhassem daquele jeito, eu estava de toalha, chorando, sendo carregada pelo temido Ian.

Ao entrarmos no quarto, um arrepio percorreu minha espinha ao notar a ausência dos outros membros da equipe. O silêncio pesava no ambiente, amplificando a solidão que sentia. Eu queria o Kasper, ou o Dave, ou o Max, eu queria eles.

Observando ao redor, pude notar as beliches arrumadas, cada uma delas representando o refúgio temporário de meus companheiros de equipe. No entanto, naquele momento, apenas eu e Ian ocupávamos aquele espaço vasto e vazio.

O quarto era iluminado apenas pela luz suave que penetrava através das cortinas entreabertas, criando sombras dançantes que pareciam ganhar vida própria. Os móveis simples e funcionais contrastavam com a aura sombria que pairava no ar.

Ian me guiou até uma das camas, onde me sentei com cautela, ainda tentando recuperar o controle sobre meus próprios medos.

Enquanto o silêncio pesava sobre nós, me vi encolhida na cama, abraçando meus joelhos enquanto tentava acalmar os tremores que percorriam meu corpo. O terror daquele momento ainda reverberava em minha mente, deixando-me frágil e vulnerável.

Eu sentia meu corpo ainda trêmulo, as mãos trêmulas enquanto lutava para processar o que havia acontecido. Cada movimento, cada toque de Ian, era como um bálsamo suave sobre a ferida aberta em minha alma. Ele não precisava dizer nada; sua presença silenciosa e solidária falava mais alto do que qualquer palavra.

Quando ele abriu o guarda-roupa e selecionou algumas roupas para mim, senti um calor reconfortante se espalhar por meu peito. Apesar de todas as nossas diferenças, naquele momento, ele estava ali por mim. Cada peça de roupa que ele escolhia era tratada com cuidado, como se estivesse lidando com algo precioso e frágil.

À medida que ele me ajudava a vestir as roupas, eu me sentia protegida. Seus movimentos eram gentis e calmos, sem pressa, como se estivesse ciente da minha fragilidade naquele momento.

Eu olhava para ele, vendo além da fachada de indiferença que ele tantas vezes mostrava. Havia uma humanidade ali, uma compaixão que eu não esperava encontrar. Apesar de nossas diferenças e conflitos, naquele instante, éramos apenas dois seres compartilhando a mesma vulnerabilidade.

Eu olhei para ele, os olhos buscando os dele em silenciosa gratidão. Por mais complexo que fosse nosso relacionamento, naquele momento, ele havia sido meu porto seguro, meu anjo da guarda em um momento de desespero. E por isso, eu o agradecia, do fundo do meu coração.

Eu percebi, através dos olhos de Ian, uma tempestade contida de emoções. Havia uma raiva contida, mas, dessa vez, não direcionada a mim. Era uma ira impotente, dirigida ao que tinham feito comigo. Seus olhos, normalmente tão frios e calculistas, agora exibiam uma centelha de preocupação, um lampejo de humanidade.

Flor De Esqueleto - Harém Reverso - livro 1 (CONCLUÍDO)Onde histórias criam vida. Descubra agora