OO1 | Japonesa ou coreana?

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𝜗𝜚

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CERTO, já entendi. - disse com tédio. — Tá bom, eu espero.

Juízo. Beijos. - deu-se para ouvir do celular.

— Tchau papai. - desligo a ligação.

— Que cara é essa? - Aran questiona, olhando minha feição desgostosa.

— Meu pai não vai conseguir me levar pra casa hoje.

— E então?.. - Aran esperava pela parte que eu não gostei.

— Acontece que ele tem um amigo que vai me dar carona.

— Que sinistro. Cuidado para não ser um maluco. - minha melhor amiga diz se afastando aos poucos. Seu ônibus havia chegado para ir embora. — Tchauzinho! - dou um abano.

     Aquela situação seria constrangedora para ambas partes.

     Seria Yura muito rude em sentar no banco de trás como se o homem fosse um motorista particular? Mas, e se ela sentasse pela frente juntamente a ele? O que ele faria? Aran estaria certa em pedir para Yura tomar cuidado?

— Você é a filha do Minato Gohan? - um homem que dirigia em um carro preto pergunta ao estacionar na minha frente.

     O vento que batia no meu rosto estava gelado, deixando meu nariz vermelho.

— Ahm, sim. Sou eu. - respondo cautelosa.

— Nossa! Você é igualzinha a sua mãe! Entre querida, sou o amigo do seu pai que vai te dar carona. - o senhor diz com um sorriso convidativo.

     A dúvida que estava presa antes foi absorvida por um ato impulsivo, Yura sentou no banco de trás.

     É se tomado um susto por estar escurecendo e tudo estar tão preto a volta. É visto um garoto quase deitado, com uma cara relaxada.

— Não se assuste com ele. É o meu filho. - o mais velho o olha com firmeza. — Dê olá à garota.

— Oi.

— Com licença, oi. - respondo gentil enquanto o cinto é posto.

— E então, como está sua família? - o senhor dá partida a estrada.

— Está tudo certo. - não sabia a resposta perfeita para oferecer sem parecer desconfortável.

— Eu e seu pai fomos melhores amigos na idade de vocês. - "de vocês?" - Afinal, você tem 16, certo?

— Ah, sim, tenho.

— Que bom! Meu filho tem 17, serão ótimos amigos. - ele se refere ao garoto do meu lado. —Se não se conhecem, se apresente, filho.

— Meu nome é Nishimura Riki. - ele diz, deixando claro que só se apresentou por estar sendo forçado.

— Sou Minato Yura. - sorrio leve.

— Vocês são da mesma escola, não sabiam? Realmente não se conheciam antes? - o senhor Nishimura perguntava como se fosse algo inacreditável.

— Nunca havia notado ele.. - me viro para encará-lo. — Você é do segundo ano?

— Sim, sou. - o menino estava mais entediado do que nunca.

— Ah, é por isso. As outras séries só se encontram na hora do recreio. - explico ao único ouvinte prestativo, senhor Nishimura.

— Está explicado! - ele dá um tapinha no volante. — Ni-ki joga basquete no recreio, não é, filho?

— Uhum.

     Já havia notado que o caminho até casa seria longo. Estávamos na metade, eu diria, mas com um ser ignorante que não adicionava nada na conversa, os minutos que faltavam, se tornavam horas.

— Yura, você nasceu na Coréia do Sul ou no Japão? - senhor Nishimura era resistente a situações embaraçosas.

— Eu nasci no Japão, em Okayama. - brinquei com os dedos enquanto olhava para a minha frente.

— Uau, você e o Ni-ki tem muitas particularidades em comum. - ele me sorriu pelo retrovisor como quem quer dizer algo. Como se fosse um: "me desculpa pelo meu filho ser tão difícil de conversar" — Você também teve dificuldades com o idioma?

— Na verdade, não. Eu vim pra Coréia com poucos anos de idade.

— Mas, você sabe falar japonês?

— Ah, sim.

— Pro Ni-ki foi uma adaptação que deu o que falar. - Agora, o garoto parecia ouvir. — Acho que até o ano retrasado, ele não tinha amigos.

— Como vim nova, diria que nasci sabendo coreano.

— Você se sente mais o que? Japonesa ou coreana?

— Japonesa. Meus colegas fazem questão de lembrar que não sou daqui todos os dias. - rio fraco. — É bem indiferente. Não é como se eu fosse uma intrusa, mas já me acostumei muito com a Coréia.

— Você é muito inteligente. O que você quer fazer na faculdade? - fui surpreendida com mais um assunto.

— Hmm.. Gosto de direito.

— Direito? Qual você quer fazer, filho? - o homem queria muito envolver o garoto na conversa.

— Artes.

— Você quer fazer o que em artes? - tento ajudar o pai de Riki, já que ele insistia tanto em trazê-lo à tona.

— Dança. - ele era seco novamente.

— E você, Yura? Quer fazer o que no direito? - o motorista fazia uma curva familiar. Ufa, estávamos chegando.

— Quero ser advogada criminalista.

— Que novo! Muito interessante.

     O silêncio reinava. Olhei para a janela com a intenção de fugir do momento em que eu protagonizava.

     Sinto o garoto com postura cansada me olhar de relance. Não só uma vez, mas várias. Ele voltava seus olhos sobre mim e a paisagem repetidas vezes.

     Eu só queria sumir. Quem era Nishimura Riki e por que era tão bruto?

— Senhor Nishimura, é nessa esquina. - digo indicando com dedo.

— Certo. - ele segue sem questionar.

     Estávamos chegando, e eu estava me preparando para sair do carro com adrenalina de uma fuga.

— Muito obrigada pela carona, senhor Nishimura. Espero não ter dado problemas nem incômodos. - abro a porta do carro.

—Sem preocupações, querida. Obrigado pela companhia, boa semana. - o senhor se despede enquanto eu fecho a porta do veículo, fazendo meu primeiro, único e último contato visual com o filho do mais velho.

     Suspiro aliviada, como se tivesse saído de uma guerra

𝗩𝗘𝗡𝗨𝗦, n. ni-kiOnde histórias criam vida. Descubra agora