Capítulo 6

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Demoro um pouco para me recompor, jogo água da torneira do banheiro no rosto e enxugo os olhos. Coloco um selo em um envelope, coloco a carta dentro, fecho-a e levo-a para a caixa de correio.

Quando volto para a cozinha, Freen não está à vista. Entro na lavanderia e termino de dobrar as toalhas, volto para a cozinha e esvazio os baldes de plástico na pia, recoloco-os no chão sob os pingos, depois olho para a geladeira em busca de algo que sei que não vou comer porque não tenho apetite.

Morreu com minha esposa, junto com todo o resto.

Fecho a porta, encosto a testa nela, fecho os olhos e suspiro.

É assim que Freen me encontra.

— Você está bem?

Olho para encontrá-la parada na porta da cozinha, olhando para mim com o que pode ser preocupação. Ou alarme, não sei dizer.

— Honestamente? Não estive menos bem em provavelmente nunca. — Franzo a testa. — Isso foi uma dupla negativa?

Freen diz: — Não importa. Eu entendi. Você não está bem.

Se ela for como a maioria das pessoas que conheço, ela prefere mastigar o próprio braço a ouvir os detalhes, então mudo de assunto. — Ficarei melhor se você me disser que pode consertar meu telhado.

— Eu posso consertar seu telhado.

— Oh. Sério?

Sua expressão azeda. Insultei suas habilidades novamente.

— Desculpe. É só que não tive nenhuma boa notícia ultimamente, então estou feliz em ouvir isso.

Ela examina minha expressão. — Você não parece feliz.

— Não estou. Era uma figura de linguagem.

Nós nos encaramos em silêncio até que ela diz: - Você vai ficar menos feliz quando eu lhe disser quanto vai custar.

- Eu deveria estar sentada para isso?

- Não sei. Você tem facilidade para desmaiar?

Levanto minhas sobrancelhas. - Eu perguntaria se você estava fazendo uma piada, mas tenho certeza de que o humor não está em você.

- Você não me conhece. Eu poderia ser engraçada.

Nós olhamos uma para a outra. Nenhuma de nós sorri. Essa tatuagem de caveira no pescoço parece estar sorrindo para mim.

Pergunto: - Você é engraçada?

Sem perder o ritmo, ela diz: - Não.

Não consigo evitar: rio. - Excelente. Então eu não estou feliz e você não é engraçada. Este projeto deve ir muito bem.

- Fora que acabei de fazer você rir, então talvez eu seja hilária e você esteja feliz.

Quando apenas olho para ela, ela diz: - Você foi por um segundo, de qualquer maneira.

Isso é estranho? Não consigo dizer se isso é estranho ou não. Sentindo-me estranha e constrangida, a garganta. - Bem. Obrigada por isso.

- Sem problemas. Será por volta de dez mil.

É uma mudança de assunto tão rápida, que meu pobre cérebro leva um momento para perceber que ela está falando sobre o preço que cobrará para consertar o telhado. - Dez... mil?

- Sim.

- Dólares?

- Não, conchas. Claro que dólares.

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