Capítulo 22

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— Agora ouça com atenção, — diz Nam, tornando-se profissional novamente. — Preciso te contar uma coisa importante.

— O quê?

— Não importa o que aconteça, não diga ao fantasma que ele está morto. Eles não têm ideia de que não estão mais vivos.

Estou convencida de que estamos em uma cela acolchoada em algum lugar tendo essa conversa. Essa é realmente a única explicação razoável.

Enquanto sento olhando para ela incrédula, ela continua.

— Fantasmas são simplesmente almas com uma história para contar. Quando uma pessoa morre de forma trágica ou violenta, seu espírito muitas vezes não consegue seguir em frente. Eles têm negócios inacabados que os mantêm ligados a este reino. Até que eles se fechem, eles permanecerão aqui, assombrando as pessoas e lugares que mais significaram para eles enquanto estavam vivos.

— Você está ouvindo as palavras que saem da sua boca?

Ela arqueia uma sobrancelha. — Estou ciente de que isso é difícil para você, querida, mas não há necessidade de ser rude.

Culpada, suspiro. — Desculpe.

— Como eu estava dizendo... o que eu estava dizendo?

— Fantasmas precisam de encerramento.

— Sim está certo. E até que eles consigam, eles estão presos aqui, vagando pela terra, na miséria.

Ela me encara com expectativa.

— Você está dizendo que precisamos ajudar esse fantasma que não existe e definitivamente não está me assombrando a ter uma conclusão.

Nam sorri. — Isso mesmo.

Estupendo. Ela quer que eu desista da arte e me torne um guia para espíritos perdidos. — Espero que você não se ofenda com isso, mas essa é a coisa mais idiota que já ouvi.

Posso dizer pela expressão dela que ela está definitivamente ofendida.

Ela funga, levantando o nariz. — Tudo bem. Se você não quer minha ajuda, não posso forçá-la a aceitar. — Ela se levanta, leva a caneca para a pia e joga o resto do chá no ralo. Enxaguando a caneca, ela diz por cima do ombro: — Você precisa que seu escritório seja limpo hoje?

— Sério? Vamos agir como se essa conversa nunca tivesse acontecido?

Ela se vira para me nivelar com um olhar frio. — Eu tinha a impressão de que mergulhar em negação é onde você se sente mais confortável.

— Aí. Isso foi duro.

— Não sou de adoçar as coisas.

Digo secamente: — Nossa, não me diga.

Nós olhamos uma para a outra do outro lado da sala, até que eu finalmente desisto.

— Ok, mesmo que eu concordasse com essa insanidade – o que não vou, só estou dizendo se – e então?

Sua expressão suaviza. Ela coloca a caneca no escorredor ao lado da pia e volta para sua cadeira. — Então tentamos entrar em contato com o espírito para ver o que ele quer.

— Você está falando da coisa da sessão espírita novamente.

— Correto.

Nós olhamos uma para a outra do outro lado da mesa enquanto tento recuperar meu cérebro do espaço sideral, onde ele foi para um bom descanso dessa conversa ridícula.

— Ou talvez eu devesse ir ao terapeuta. Parece que pode ser um dinheiro mais bem gasto.

— Oh, não haverá cobrança, minha querida. Ela poderia fazer isso como um favor pessoal.

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