Olho para a moeda com o coração palpitando e minha mente balança como se avistasse uma cascavel.Depois de um tempo, quando tenho coragem, pego-a com a mão trêmula. Parece anormalmente fria em meus dedos, como se estivesse num congelador.
Mas não estava num congelador. Estava onde a deixei, numa gaveta da minha mesa de escritório.
E agora está aqui.
No meu carro.
O carro estacionado do lado de fora do bar onde Freen mora.
Olho ao redor, mas não há ninguém à vista. O estacionamento e as calçadas estão vazios. Há alguns carros estacionados ao longo da rua, mas eles estão a um quarteirão ou mais, perto de uma padaria.
Realmente assustada, olho para a moeda novamente.
Só pode ter acontecido duas coisas aqui. Ou peguei na gaveta do meu escritório (não me lembro de ter feito isso) e deixei no painel; ou outra pessoa pegou da gaveta e deixou aqui para eu encontrar.
O que não faz sentido. Quem faria isso? E por quê?
Começando a tremer, coloco a moeda no porta-copos entre os bancos dianteiros e pego minha bolsa no banco do passageiro. Só trouxe a chave para dentro da casa de Freen ontem à noite, mas agora não consigo ter certeza se tranquei as portas do carro ou não. Eu destranquei agora pouco?
Não sei. Não me lembro.
Como não me lembro?
Enquanto vasculho minha bolsa para pegar meu celular, meu pânico aumenta. Vou até o aplicativo de segurança e o abro. Xingo quando percebo que terei que voltar cerca de doze horas de vídeo para ver se alguém estava na casa enquanto eu estava fora. — Mas isso não pode ser possível, — eu sussurro. — O alarme
teria sido acionado. O que significa que eu teria recebido uma ligação da empresa de segurança de Heng, mas não há uma. As notificações estão em branco.
Então a única possibilidade que resta é eu ter deixado a moeda aqui e esqueci disso.
Encosto a testa no volante, fecho os olhos e respiro fundo, tentando não hiperventilar.
Esse problema de memória deve ser causado por mais do que estresse, mas sou extremamente cautelosa com os médicos. A morte dos meus pais foi causada por um diagnóstico médico errado. A da minha mãe quando o médico diagnosticou erroneamente seus sintomas de câncer de pulmão como asma, e a do meu pai quando o médico lhe disse que aquelas dores no peito que ele vinha sentindo nas últimas doze horas, não passavam de azia. O médico receitou antiácidos, quando na verdade o culpado era um ataque cardíaco. Quando papai deu entrada na sala de emergência, já era tarde demais.
Eu li em algum lugar que a maioria das infecções mortais que as pessoas pegam, são dentro dos hospitais
— Você precisa de ajuda. — digo a mim mesma. — Pare de racionalizar.
Mas o que eu diria a um médico? — Oi, eu sou Rebecca! Tenho ouvido barulhos estranhos em minha casa, potes voando sozinhos dos armários da cozinha, minha memória tem mais buracos do que um coador de espaguete, tenho uma nova amiga por correspondência na prisão e comecei um intenso caso sexual três semanas depois que minha esposa morreu com uma mulher que me chama de sua coelhinha!
E não vamos esquecer a moeda búfalo reaparecendo misteriosamente e a mulher estranha de chapéu que me espionou detrás de uma árvore e não deixou nenhuma pegada para trás. Na lama.
Ala psiquiátrica, aqui vou eu.
Apenas respire, Rebecca. Apenas se acalme e respire.
De volta em casa, estou preocupada de não ter acionado o alarme antes de sair, mas está funcionando como deveria. Digito meu código para religá-lo e fico no vestíbulo, ouvindo.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Reencontro de almas
RomantikEla joga a cabeça para trás e bebe o resto da cerveja. Bebo mais uísque e brinco com minha aliança de casamento, torcendo-a no dedo anelar com o polegar. Freen avisa. - Posso te fazer uma pergunta pessoal? - Seria ótimo se você não fizesse. Ignorand...