Capítulo 7

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Às oito horas em ponto da manhã seguinte, a Sra. Personalidade bate na minha porta.

Na verdade, espanca ela com força brutal. Como se ela fosse a líder de uma equipe da SWAT e tivesse a tarefa de derrubar um grupo de sequestradores enlouquecidos para salvar a vida de uma centena de pessoas.

Abro a porta e olho para ela. — Bom dia, Sra. Sarocha. Qual é a emergência?

Franzindo a testa, ela me olha de cima a baixo.

Como a casa está congelando, estou vestindo um suéter volumoso com um colete de penas sobre ele junto com calça de moletom e um cachecol, mas a mulher me olha como se eu estivesse usando uma colmeia em cima da minha cabeça combinando com calças de couro.

Ela pergunta: — Você está bem?

— Pareço que não estou bem? Não, não responda isso. Por que você estava tentando arrombar minha porta?

— Estou aqui há dez minutos.

— Vejo que seu senso de tempo é tão bom quanto seu senso de humor.

Ela levanta o braço. Enrolado em seu pulso está um relógio preto grosso. Algum tipo de coisa esportiva que rastreia seus passos e espiona você enquanto dorme. Ela bate no cristal. A leitura mostra dez depois das oito.

— Dez minutos. E pela quarta vez, é Freen.

Eu não acabei de olhar para o relógio na cozinha? Dizia oito em ponto. Surpresa, eu digo: — Desculpe. Meus relógios devem estar errados.

— Sua audição também está ruim?

Porque parece ser a nossa coisa, ficamos lá e olhamos uma para a outra em silêncio.

Até que ela exige: — Olha, você vai me deixar entrar ou não?

— Ainda não decidi.

— Bem, decida. Eu não estou ficando mais jovem.

Quantos anos ela tem? Trinta? Trinta e cinco? Difícil dizer. Ela está em ótima forma, qualquer que seja a idade. Deus, esses braços. E essas coxas definidas.

— Sim, entre, — digo muito alto, tentando abafar a voz idiota na minha cabeça sorrindo com sua aparência.

Evitando seus olhos, deixo a porta aberta, viro-me e entro na cozinha. Sento-me à mesa, depois levanto novamente porque não sei o que fazer comigo mesma.

A porta da frente se fecha. Passos cruzam o saguão. Ela se arrasta para a cozinha e fica a poucos metros de distância de mim.

Começamos nosso jogo de olhares silenciosos de Quem Vai Dizer Algo Estranho Primeiro.

Eu quebro sob a tensão antes que ela o faça. — Eu tenho o seu dinheiro.

Ela olha para minhas mãos vazias. — Eu tenho que cavar no seu quintal por ele, ou você vai me dar?

— Sabe, acho que você mentiu quando disse que não tem senso de humor. Acho que você é uma grande comediante.

— Você pode xingar na minha frente se quiser. Não vou me ofender.

Eu tomo um momento para massagear minha testa antes de suspirar. — Isso é muito generoso. Obrigada. Fiquei acordada a noite toda me preocupando em como não perturbar sua delicadeza.

— De nada. E para constar, minha delicadeza é tão sólida quanto meu humor.

Ou ela está tentando não sorrir, ou está tendo dores de estômago. É difícil dizer. A mulher tem um rosto como uma parede de tijolos.

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