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22 de novembro de 2009

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22 de novembro de 2009.

Shinichiro não se lembra de muitas coisas da sua infância, mas as poucas que lembra são muito marcantes a seu próprio jeito. O que ele mais evitou pensar por longos e longos anos mas que ultimamente estava sempre à tona em sua memória era um episódio que lhe moldou ações e personalidade. Ele tinha quatro anos, poucos meses antes de conhecer Takeomi Akashi.

Shinichiro possuía dois amigos que o acompanhavam desde antes de sua mãe parar de o levar no parquinho na esquina da residência sano. Ele ainda ia, mas sem ela, apenas para brincar com os dois amigos que estavam ali toda tarde sem falta com seus responsáveis.

Era suposto que o aconteceu naquela terça-feira fosse bem, ao menos minimamente visto como algo bom. Não foi. Os dois amigos – que ele não se lembra rosto ou nomes atualmente -, foram alvos de um idiota valentão por qualquer motivo que fosse. Shinichiro não aceitou isso e avançou. Avançou pela raiva, raiva de ver seus amigos machucados e não aceitar ficar parado assistindo, mas o que o manteve em cima do pirralho o socando não foi a raiva.

Ele já estava inconsciente, mas o sangue banhando suas mãos fez toda a sua raiva sumir. Ele não sabia identificar pelo que foi substituída, mas era bom.

Ele foi tirado de cima do idiota pela mãe de um dos seus amigos e apesar de ter feito isso para defender e proteger o resultado foi as mães e os próprios amigos o olhando com medo, chamando de monstro e se afastando.

Shinichiro nunca mais viu os dois, a ponto deles se tornarem sombras em suas memórias. Nenhuma outra criança se aproximou, seus responsáveis não deixavam, com medo. Shinichiro nunca mais bateu em ninguém e associou seu pequeno momento de violência como o motivo para ele estar sozinho. Ele não queria ficar sozinho, sem amigos. Já bastava se sentir sozinho em casa onde os pais não lhe davam atenção e seu avô era muito ocupado.

Isso o moldou. Com o tempo, com a repetição tão convicta em sua mente, ele deixou sua força junto a esse pequeno episódio. Esquecida o máximo possível. Shinichiro sano podia não ser o melhor mentiroso, mas conseguia mentir muito bem para si mesmo.

Até Takemichi voltar e ele começar a se questionar sobre si mesmo. Mesmo que o receio ainda fosse grande, mesmo que a crença estivesse tão enraizada em sua mente.

Naquele momento presente, no entanto, ao escutar Takeomi falando no telefone com quem sabia ser Emanuella ele finalmente rompeu essa barreira. O primeiro soco foi desferido junto com seu ultimato.

Takemichi jamais se afastaria, jamais o deixaria sozinho, apenas por ele ter sido violento. Não, Takemichi não era como aqueles pais, como aquelas crianças. Ele o entendia, o amava. Takemichi também não se importaria em usar o máximo de violência possível contra qualquer um que ameace sua vida e de quem ele gostava.

Chegou a hora de deixar o passado no passado. Chegou a hora de parar de medo, parar de se conter. Eu não vou deixar Takemichi ser o único a proteger.

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