Todo o resto já foi quebrado nessas viagens do tempo. Corpo. Alma. Mente. Confiança. Vontade. Bondade. Mas seu coração se mantinha intacto, a única coisa que não lhe permitia quebrar por completo. Ele já não era o mesmo Takemichi que seus amigos con...
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02 de dezembro de 2009.
Draken grunhiu frustrado pela quinta vez em apenas uma hora. Seus olhos nunca deixando Mitsuya que costurava com o rosto vermelho pela atenção que recebia. Os dois estavam a horas ali, sequer havia outras pessoas junto a eles, Sakura tendo ido embora a pouco mais de hora e sendo a última a deixar os dois sozinhos, em seu rosto um sorrisinho de quem aprontaria algo, mas Draken não estava interessado na vida da garota para procurar motivos ou planos.
— Você pode ir embora a hora que quiser Draken — Mitsuya murmurou.
Ele na verdade agradeceria por isso. Mas também ficaria triste. De qualquer modo era a melhor decisão que o amigo poderia tomar. Ele o olhava fixamente demais, o deixando desconcertado. Além disso também havia um clima quente na sala, que apenas ele via. Uma tensão e eletricidade que sempre aparecia quando estava perto de Draken nos últimos meses, cada vez mais crescente.
Sua resposta a isso era ficar cada vez mais rígido, as vezes até esquecia de respirar, apenas para controlar os próprios movimentos. Apesar de ser um namoro fracassado e ser ele a insistir que Draken continuasse nele até ser seguro, ele ainda era comprometido. Isso não o agradava. Mas pior do que isso era não saber o quão longe Mikey poderia ir caso Ken terminasse com ele antes de sua máscara cair.
Mas Mitsuya policiava seus pensamentos o máximo que podia. Porque mesmo que não fosse com Mikey, ainda seria com outro. Takashi estava bem consciente de seus sentimentos desde que começaram a passar tanto tempo juntos, mas também sabia que não eram correspondidos.
— Eu não vou te deixar aqui sozinho — Draken determinou.
Não que o arroxeado não fosse capaz de se cuidar, ainda mais quando estavam em território de Toman e os delinquentes da área que não eram da gangue conheciam bem sua reputação, posição e força do outro, mas o instinto de proteger ao dragão gêmeo era muito grande para ignorar. E ele não gostava de ignorar seus instintos, por mais que fizesse isso a algumas semanas por pedido de Takashi.
Céus, ele não suportava mais olhar na cara de Mikey. O namoro que já não ia bem desde o início do ano estava agora mais frio do que nunca. Ele poderia muito bem dizer que ele e Mikey tiveram um entendimento mútuo de que havia acabado pela distância que estavam se o menor não se agarrasse a ele durante as reuniões, como se a deixar claro para os outros que ainda estavam sim juntos, apesar dos vários boatos que começavam a se espalhar.
Boatos que Mikey desmentia na cara dura, como se Draken fosse um idiota. Burro demais para ver por trás de suas palavras.
"Eu não estava em puteiro Kenchin, que mal pensar que isso é verdade. Estão apenas querendo que a gente brigue. Além disso, quem mora em um puteiro é você."
Puteiro nunca era usado para descrever sua casa em outros momentos, apenas quando Mikey queria se defender, jogando uma culpa inexistente em seus ombros. Como se ele escolhesse estar naquele quarto minúsculo, cercado por gemidos e cheiro de sexo e cigarros. Como se ele se deitasse com as mulheres que ali residem e trabalham, como se as tratasse como algo além de família.
