____ 𝘑𝘢𝘯𝘵𝘢𝘳

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Um pouco assustadas e atentas corremos pelo corredor onde havíamos visto Jae-heon ir pela última vez, receosas de que tinha dado tudo certo com ele.
Ao chegar no fim do corredor vimos que o vidro da janela estava quebrado, então nós entreolhamos.
- Você acha que?... - Pergunta Ji-su, um pouco assustada.
Antes mesmo de eu responder ouvimos passos rápidos vindo do próximo corredor, ao olharmos vimos Jae-heon correr até nós.
- Encontrei vocês. - Disse ele, se aproximando. - Que bom que estão bem.
- Quer tanto morrer assim, é? - Perguntou Ji-su, irritada.
- A gente entendeu que você gosta muito de Deus... - Eu disse, encarando o mesmo, que ao reparar estava com a lente do óculos quebrada.
- Deixa pra se encontrar com Ele depois. - Ji-su terminou a minha frase, pegando em minha mão, me puxando em direção as escadas.
- Bom... - Ele retirou o óculos quebrado. - Acontece que, Deus é onipresente. - Disse ele, olhando para nós que caminhávamos.
- Vem logo! - Gritou Ji-su, já um tanto distante dele.
- Tá! - Ele acelerou os passos, nos alcançando.
Ji-su queria passar em seu apartamento para pegar comida e mais algumas coisas antes de ir.
- Ei esperem um pouco! - Disse ele ao entrar no apartamento, nós assustando. - Alguém deve ter entrado aqui.
Logo Ji-su fechou a cara e eu dei uma risada sincera, o apartamento de Ji-su realmente era um pouquinho desorganizado...
- Algumas vezes você é bem grosso né? - Ji-su disse, entrando no apartamento, se agachando e colocando algumas coisas na mochila, deixando Jae-heon sem graça.
- Você é o primeiro a visitar o meu apartamento, além da Ye-jin.
- Ah... É?
- Nem sempre é tão ruim assim. - Ji-su diz.
- Tá... - Ele respondeu, ainda um pouco sem graça.
- Quando eu cheguei estava pior. - Eu disse, dando uma risadinha.
Ji-su pegou algumas roupas e eu basicamente só peguei minha mochila, que já estava pronta, não havia desfeito ela quando cheguei.
- Ei você não vai levar isso! - Peguei da mão de Ji-su algumas caixas de cigarro que ela havia colocado dentro da bolsa, um pouco irritada, eu não aguentava olhar para cigarro, mesmo que fosse a caixa.
- Aquilo você vai levar, né? - Disse Jae-heon, olhando para o baixo de Ji-su encostado no sofá.
A mesma encarou o instrumento por alguns segundos, e logo assentiu, colocando o baixo na sua caixa.
Já com tudo pego, saímos do apartamento, e eu ainda estava tão confusa em relação a tudo, como que tudo pode virar de ponta cabeça em um período de tempo tão curto... Parece que estou em um sonho, em um pesadelo, na verdade. Como que as pessoas estão se transformando nesses monstros horríveis? Ou melhor... Por que isso está acontecendo? Eu pareço ser um ser com a vida amaldiçoada.
Fomos com muito cuidado até o apartamento, e tivemos sorte, não havia nenhum monstro no caminho, oque fez nós chegarmos mais relaxados e muito mais rápido.
Ao chegarmos cumprimentamos todos que estavam lá, as duas crianças, a mulher, o Hyun-su e o dono do apartamento, que ainda era um estranho para nós.
Deixamos nossas mochilas no canto do apartamento, e como já era noite, fomos preparar o jantar, que consistia em arroz esquentado no microondas, alguns pedaços de carne e algas.
Ajudei Ji-su a esquentar as embalagens com o arroz e distribuir para todos na mesa, de alguma forma, parecia um ambiente pesado, todos pareciam muito confusos e assustados por dentro.
Nós sentamos em volta da mesa, ainda esperando o arroz esfriar.
- Vem, senta aqui. - O homem diz a Hyun-su, que ainda não estava conosco, na mesa só havia sobrado um espaço para ele.
- Sim. - Ele encarou todos nós, e então se juntou.
- Bom apetite. - Disse o homem, e então assentimos. - Vamos comer.
Pude ver de canto Jae-heon fazendo uma oração, em quanto todos os outros já começavam a comer, tudo em muito silêncio.
- Crianças, qual o nome de vocês? - Pergunta o homem, fazendo todos nós encararmos as crianças.
- Kim Yeong-su. - Disse o garoto, aparentemente mais novo.
- Kim Su-yeong. - Respondeu a garota,
- Kim Yeong-su e Kim Su-yeong. Kim Yeong-su e Kim Su-yeong. Nomes peculiares... - Suspirou o homem. - Eu acho que seus pais deram esses nomes parecidos pra vocês por que vocês dois sempre ficassem juntos. Yeong-su e Su-yeong. Não é isso?
- O nosso pai que deu pra gente... - A garota disse, um pouco cabisbaixa.
- Papai... - Disse o garoto, chorando.
Todos ainda encarávamos aquelas crianças em quanto comíamos, mas todos pareciam sentir a dor daquelas crianças, como eu também sentia.
A mulher que estava sentada ao lado do garoto levou sua mão até a cabeça do mesmo, acariciando o local, logo colocando um pedaço de carne na colher dele.
- Muito obrigado. - Disse ele, olhando o alimento.
Nesse meio tempo o senhor se virou para trás e voltou com uma lata de cerveja, abrindo-a e levando em direção a Jae-heon.
- Brigado mas eu... Não costumo beber. - Antes mesmo do homem ter uma reação, Ji-su tomou a lata da mão do mesmo, tomando um gole longo.
- Você realmente sabe como beber! - Respondeu o homem. - Aqui, uma pra você também. - Ele me entregou uma lata, agradeci e abri a mesma, tomando um gole.
- Peque uma você também! - Disse o senhor a Hyun-su.
- Ah eu...
- Ah é verdade você é menor. E também tem crianças aqui, não vamos violar as leis tá certo? Eu acho que você devia aprender a beber com os adultos. - E então o senhor virou a lata, bebendo um gole.
- Você acha... Que vai acontecer?
Todos ficamos pensativos, parecíamos ter medo do que estava por vir.
Terminamos nossa refeição em silêncio, logo após organizei a mesa e Ji-su me ajudou junto a mulher.
Arrumamos o chão para dormirmos, nós organizamos para alguns dormirem e outros ficarem de vigia, para a todos descansarem e também para ninguém ficar correndo perigo.
Mas eu confesso que... Não conseguia dormir, meus olhos estavam pesados e meu corpo cansado... Mas eu não conseguia dormir.
Então apenas aguardava a minha vez de ficar de guarda.
Assim que a vez de Jae-heon terminou, era a vez de Ji-su, que rapidamente se levantou e foi até a porta, pegando o seu bastão.
Alguns minutos depois eu me levantei, e caminhei até Ji-su.
- Está acordada? Vai dormir...
- Não consigo. - Me sentei rente a porta, e então a mesma se sentou ao meu lado.
- Que imaginável né? - Dei uma risada sem graça. - Quem diria que acabaríamos fugindo de pessoas que se transformaram em monstros... Dormindo na casa de um estranho.
- Ye-jin.
- Sim? - Olhei para ela, que já olhava para mim, e nosso olhos se encontraram.
- Se eu me transformar, você pode me garantir que irá me matar?
Fiquei por alguns segundos sem responder, encarando-a.
- Não estou com sintomas nem nada, só quero ter a certeza de que não vou machucar ninguém se eu me transformar.
- Eu não teria coragem.
- Você teria... Eu sei que teria. Promete isso pra mim, por favor?
- Você não vai se transformar, para com essa conversa. - Suspirei, virando o rosto. - Vamos proteger uma a outra... E tentar fazer que nada aconteça, eu não quero perder você também.
Ji-su se deitou sobre meu ombro, suspirando.
- Pelo menos deixe alguém me matar. Não precisa ser você.
- Claro... - Respondi baixo, dispensado aquela possibilidade da minha mente. - Você também pode me matar, se eu me transformar.
Pude ver ela assentindo.
- É melhor ir dormir Ye-jin, é a minha vez de ficar de guarda.
Assenti, me levantando, me encostando em outro lugar para pegar no sono.
Eu levei um tempo para adormecer, tanto que ouvi Ji-su e Hyun-su conversarem.

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