____ 𝘈𝘱𝘦𝘯𝘥𝘪𝘤𝘪𝘵𝘦

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Eu estava no sofá, Ji-su havia avisado que iria ao banheiro alguns minutos atrás, mas estava demorando demais, mesmo se tivesse ido cagar, ninguém demorava tanto tempo assim.
De repente, Eun-yoo chegou em mim desesperada, apontando para o banheiro.
- A Ji-su... A Ji-su tá passando mal! - Disse ela.
Ao ouvir o nome de Ji-su eu me desesperei.
Corri para o banheiro em uma velocidade que eu nem sabia que era capaz de correr, chegando lá, me deparei com Ji-su caída no chão.
Meu coração a essa altura já estava quase saindo pela boca, minhas mãos estavam trêmulas e mil pensamentos passavam pela minha cabeça.
A peguei no colo, como um bebê, e logo quando pensava aonde leva-la, Eun-hyeok já estava na porta do banheiro, Eun-yoo já havia informado ele. A levamos para o sofá, eu podia ouvir ela gemendo de dor. Ela suava frio, e seu rosto estava pálido.
Eu sabia que ela estava com alguma coisa, aquilo que ela sentia não estava normal, não estava, e eu sabia disso.
Em volta do sofá estava praticamente todos do térreo, alguns preocupados e outros só são curiosos e querem saber oque aconteceu.
- Há quanto tempo você tá doente? - Pergunta Eun-hyeok
- To bem... - Ela praticando sussurrou as palavras, ainda gemendo baixo, conseguíamos ver sem esforços que ela sentia dor.
Eun-hyeok apertou levemente o local de onde ela não tirava a mão, a fazendo gemer, dessa vez alto.
Eu não aquentava vê-la assim, doía em mim vê-la sentindo dor, era horrível.
- Vamo ver se dói quando eu tirar a mão. - E doeu. A fazendo gritar de novo.
- Eu acho que é apendicite.
- Apendicite? - Pergunta ela.
- Seu apêndice. - Ele responde.
- E oque a gente vai fazer? - Uma mulher pergunta em meio a todos. - E como você sabe?
- Ele tem que saber. - Diz Eun-yoo. - Estudava medicina quando a gente era pobre.
Uma tensão percorreu a sala, aquela situação era preocupante.
- Oque a gente vai fazer agora? - Pergunta aquela criança, a Su-yeong.
- Ela vai ficar bem. - Responde uma mulher, a dona da creche.
- A hora crítica... - Outra mulher diz, me fazendo suspirar. - Está se aproximando pros dois lados.
Todos deixaram Ji-su sozinha na sala, no corredor ao lado estava, Eun-hyeok, Jae-heon, Eun-yoo e eu, que estava sentada, com as mãos no rosto, desesperada, sem ideia do que fazer.
- Se o apêndice se romper vai ser complicado. Ela pode ter uma infecção no peritônio. E as bactérias se espalhariam por todo corpo dela.
- Precisa de cirurgia? - Pergunta Jae-heon.
- Não há nada que possamos fazer aqui. Eu também não sou tão capaz.
- E dai? Você tá falando que não vai fazer nada ajudar? Faz alguma coisa! Faz oque puder. Eu preciso me vingar dela. - Diz Eun-yoo
- Se vingar? É só por isso que quer ver ela curada? - Perguntei, levantando a cabeça em sua direção, indignada.
Me levantei com raiva e fui até a sala onde estava Ji-su, me agachando na altura do sofá, encarando Ji-su em quanto passava a mão gentilmente na sua testa, tirando os fios de cabelo grudados no suor.
- Por que não me contou? - Perguntei.
- Pensei que não fosse nada. - Responde ela, quase como um suspiro.
Eu estava me segurando, mas ao olhar para ela naquele exato momento, meus olhos se encheram de lágrimas, escondi o rosto no sofá.
- Não precisa se desesperar. - Diz ela, me ouvindo chorar.
- Como não? - Respondi, erguendo meu rosto, limpando as lágrimas.
- Eu vou ficar bem...
Eun-hyeok, Jae-heon e Eun-yoo entraram na sala, logo sequei meu rosto com a manga da blusa, dando espaço para Eun-hyeok se abaixar e conversar com Ji-su.
- Você precisa fazer uma cirurgia, e se eu fizer a cirurgia... Como uma pessoa sem experiência, você tem chances de...
- Então é isso? Eu posso morrer? - Perguntou ela, com a voz fraca.
- Sim. - Responde ele.
Nesse momento uma angústia terrível percorria o meu corpo inteiro, minha vontade de desabar em choro era imensa, mas eu precisava ser forte para passar esperanças para a Ji-su, ela precisa de esperanças.
- Há uma chance maior de morrer do que sobreviver. Você ainda quer fazer? - Pergunta ele.
- Uhum. - Ela concorda, engolindo em seco. - Se eu não fizer não vou ter mesmo nenhuma chance. - Conclui ela, e então todos eles saíram da sala, inclusive eu. Eu queria saber qual seria o plano, e se realmente estava sendo bem elaborado para tentar a todo custo ter sucesso na operação.
- Eu vou fazer a cirurgia. Eu preciso de anestésicos, antibióticos, soro e instrumentos cirúrgicos. - Diz ele, a todos que estavam ali para ouvi-lo.
- Eu vou lá. - Diz Jae-heon.
- Tá tentando morrer? - Pergunta Sang-wook. - Só vai ser um fardo nesse estado.
- Olha só. Eu vou com vocês. - Diz Yu-ri, ela tinha um conhecimento muito bom sobre remédios e coisas relacionadas, sempre foi ela que fez a maioria dos curativos dos que se machucam aqui.
- Não vai. - Diz o senho An.
- Existem dezenas de instrumentos cirúrgicos. A menos que traga o hospital inteiro, alguém que sabe oque você precisa que deve ir. - Ela assentiu ao senhor An, que parecia não gostar da ideia.
- Ajuda a gente. - Pede o Eun-hyeok e o senhor An então concorda.
Nosso plano começou.
Eu não me ofereci para ir ao hospital, fora a minha grande chance de morrer, eu não sou forte o bastante para lutar, séria um fardo ir atrás deles.
Com a pouca água filtrada que tínhamos, usamos para higienizar tudo oque precisávamos.
Colocamos máscaras e então fervemos a água, limpando todos os equipamentos que já tínhamos aqui nela.
Com a mesma água fervente, limpamos a bancada onde será feita a cirurgia.
Eun-yoo prendeu uma cortina e nós terminamos de arrumar tudo oque seria usado, só faltavam as coisas precisas do hospital.
Eun-hyeok estudava como ele faria cirurgia, e eu com cuidado levei Ji-su até a bancada.
Os que iriam ao hospital estavam se preparando dentro do carro fortificado pelo senhor Han, e meu maior medo era eles não conseguirem voltar.
Ji-su já tinha a sua camisa erguida, com um pano sobre ela, com apenas um furo no lugar onde seria feito a cirurgia.
Estava tudo pronto, só precisávamos dos abençoados utensílios e remédios do hospital.
Eu estava sentada ao lado de Ji-su na bancada, encarando o seu rosto, tentando me manter calma, tudo daria certo.
- Você está confortável? Quer que eu tire os seus sapatos? - Perguntei.
- Não precisa... Está tudo bem.
Sorri para ela, tentando esconder a enorme angústia que eu sentia.
- Tem algo para me dizer? Caso eu não volte...
É claro que eu tenho algo a dizer pra ela... Mas não quero ouça isso estando prestes a fazer uma cirurgia que tem mais chances dela morrer do que sobreviver.
- Não fala isso Ji-su. É claro que você vai voltar. - Disse eu, engolindo em seco.
- Não tem nada para me dizer?
- É claro que tenho. - Levei minha mão até o seu rosto, acariciando sua bochecha. - Eu quero que você saiba que todos os meus gestos são puramente verdadeiros. Que todos os meus suspiros são de fascínio, que todos os meus olhares são de paixão e admiração, que todos os meus abraços são de afeição, que todos os meus beijos são de amor. Que todo o riso é verdadeiro. Que todos os meus "eu te amo" é de corpo e alma. Eu te admiro por cada gesto de carinho. Você é a melhor pessoa que eu poderia ter na minha vida. É isso que eu tenho a te dizer. E eu sei que você vai voltar, e eu estarei aqui te esperando.
E ao reparar em seu rosto, aqueles olhinhos maravilhosos e brilhantes estavam inundados em meio às lágrimas em quanto sentia tanta dor. Os cantos de seus lábios transformaram-se em um belo sorriso, em quanto a mesma dizia:
- Eu te amo, Ye-jin.

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