Formação de Cinzas

ELEMENTAIS (MEADOS DE 2200 - 2210)

O último sonho se repetia na mente de Skirah, somado a uma aflição crescente em seu peito, que a alertava sobre sua demora em procurar Lúcia. Entretanto, sabia que só lhe restava uma opção para ter qualquer pista de sua mãe: ajudar a direção do Instituto nas missões que surgissem.

Se sua genitora fora raptada, devia estar com o governo humano. Qualquer outra alternativa não a manteria viva. Então, na pior das hipóteses, a mulher que lhe deu a vida estaria servindo de cobaia para parir mais híbridos; ou seja, de qualquer sorte: viva.

Um suspiro pesado escapou dos lábios de Skirah ao ver James apagado na maca da enfermaria. A garota tinha decidido visitar ele e Laycan antes de partir. Ambos emanavam uma tranquilidade perfeita, que realmente só poderia ser possível através dos mágicos sedativos agindo ali.

Anástic apareceu naquela manhã no quarto de Melory, informando que o voo partiria no início da tarde e disponibilizou três mochilas cinzas, de tamanho pequeno, para levarem suas fardas extras e um calçado a mais para cada.

Ali na enfermaria, Sky soltou mais um longo suspiro.

Pela manhã, quando chegara lá, uma das enfermeiras, Luna, antes apresentada a Skirah por James como responsável pela separação dos dormitórios, fez-lhe algumas perguntas acerca dos relatórios de evolução passados por seu parceiro atual. A glond concordou com tudo: que estava bem, sem dores de cabeça e que as memórias tinham voltado, por mais que tudo fosse mentira.

Não estava com clima para muitas conversas.

Contudo, diante da revelação da mulher de que, na última vez em que a híbrida esteve internada, durante a patrulha classificatória, exames foram feitos enquanto estava inconsciente para avaliar sua saúde e fertilidade, a garota teve que admitir que não mantivera contato sexual com James. Diante disso, a mulher humana fez uma cara de espanto, pois aparentemente isso era algo incomum por lá.

Skirah continuou afirmando que não queria mais estar com ele no mesmo quarto e solicitou transferência. Luna, antes de sair, pediu-lhe que tentasse mais uma vez, pois eles se tratavam de parceiros potenciais para gerar uma criança muito especial. Mas, caso essa última chance não desse certo, a garota deveria procurá-la novamente.

Sky se sentia inquieta, como na noite em que sua mãe resolveu enviá-la para o ICN.

— Skirah. Venha aqui, por favor! — Gritou Moíx, deitado em uma maca mais distante da de James.

Ao ouvir o chamado, a ruiva se aproximou do leito. O tornozelo dele estava imobilizado.Parecia ter ido para revisão há pouco tempo.

— Sabe, deixa eu te falar. Eu sei que interagimos pouco nos últimos tempos. Isso é culpa minha, não sua. Tenho passado por momentos difíceis com a Lexy. — Ele comentou, endireitando a postura.

— Não precisa se explicar, sério. Espero que as coisas entre vocês se resolvam.

— Obrigada, mas te chamei porque eu preciso te pedir algo. Você é uma das mais fortes de nossas fêmeas e eu não estou em condições de acompanhá-las nessa missão. Por isso... proteja a Lexy e a Mel por mim. 

— Okay, não diga mais nada. Fiquei comovida. Vou cuidar delas da melhor forma que eu puder.

— Obrigada. Você até que não é tão babaca.

— Me acha babaca?

— Às vezes você age como se não ligasse pra nada.

— Isso é ruim? Desculpa, é a primeira vez que interajo com tanta gente ao mesmo tempo. Costumo me perder.

— Bom, não é ruim, mas intimida. Só que quando sai da defensiva, se torna alguém agradável de se conversar. E ouve críticas.

— Nem todas as críticas. Ouvi as suas. Espero que tenhamos sido amigos antes.