LUA (MEADOS DE 2200 - 2210)

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- Laycan? - Skirah chamou o garoto sem conseguir enxergar bem na escuridão, acariciando o que deveria ser o rosto dele com as mãos úmidas e trêmulas de nervosismo. Estavam os três jogados em uma cela revestida de barras prateadas. Sky havia acabado de despertar. O centro de sua testa pulsava de dor, seus ouvidos zuniam um baixo ruído agudo. Os outros dois colegas ainda estavam apagados.

- Já acordou? - Perguntou uma voz masculina aveludada vinda da escuridão. Então a luz repentina se espalhou de um ponto desconhecido e a híbrida glond pôde ver que sua prisão ficava no centro de uma sala completamente metálica, sem móveis. As paredes cor grafite e o teto curvado eram uma coisa só, sem divisões.

- Quem é você? - A garota perguntou, vendo o alien despido, e careca, de pele vermelha, como seus olhos se aproximar.

- Eu sou Akun. O guardião. Nós pedimos desculpas pela recepção agressiva. Dificilmente temos visitas que não sejam uma real ameaça. Já irei soltá-la. - Ele disse, acariciando as barras prateadas da cela que dissolviam ao seu toque.

- Eu vim pela minha mãe, o nome dela é...

- Lúcia. A lua de nosso Sol. Você disse lá fora.

- Oi?

De repente, passos acelerados e urgentes foram ouvidos, aumentando de intensidade conforme se aproximavam. Do canto da sala agora iluminada, surgiu da parede repentinamente dissolvida uma mulher descalça em uma graciosa roupa que começava como espartilho sem mangas decorado de metal alien preto e uma saia branca rodada de cetim que ia até seus joelhos. Sua pele estava pálida e seus longos cabelos loiros, cheios e ondulados, emolduravam gentis olhos castanhos que pareciam agitados, confusos... a expressão formada em seu rosto ao ver Skirah era de pura preocupação.

"Mamãe", Sky quis dizer, mas a estranheza da situação a engasgou.

- Bebê! - Disse a mulher, abrindo os braços, e a híbrida hesitou pela confusão, mesmo percebendo que de alguma forma parte das barras que a continham tinham desaparecido. Não entendia o que estava acontecendo.

- Isso é um tipo de maldição? - Ela perguntou, virando-se para se abaixar e chacoalhar os colegas, tentando inutilmente acordá-los.

- Não que eu saiba. - Respondeu Akun, fitando a mulher loira ainda de braços abertos, sem demonstrar sequer um traço de emoção.

Após desistir de acordá-los e manter contato visual com o alien de olhos completamente vermelhos, vendo que não a feriria, Sky se levantou e foi até a mulher, aceitando seu abraço de maneira desconcertada.

- Você é a Lúcia mesmo?

- Já te disse que o nome correto é mãe. Sabe que eu fico muito chateada quando você não me obedece. - A loira disse, soltando sua filha para examiná-la dos pés à cabeça.

Tantas coisas para contar, tantas para perguntar, mas Skirah não conseguia dizer nada, porque sua mãe estava estranha. Talvez tivessem feito algo com ela, deduziu. Precisava tirar Lúcia o mais rápido possível dali.

- Eu sei. É muito pra processar, e você sempre foi lenta com essas coisas, mas me perdoe por ser egoísta e esperar que me conte primeiro o que você faz aqui, filhinha.

- Vim te salvar.

- Eu me salvei antes que você conseguisse. - A mulher respondeu rindo, e Akun a acompanhou como se ela tivesse dito algo realmente muito engraçado.

- Está muito limpa e bem vestida, mãe.

- É para a cerimônia. Você chegou em bom tempo. O chefe daqui dessa nave se apaixonou por mim assim que me viu. Loucura, não é? Parece que quanto mais envelheço, mais fico irresistível.

Formação de CinzasOnde histórias criam vida. Descubra agora