Capítulo Vinte e Nove

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Triny

O quarto escuro, eu estava sangrando e cheia de frio porque acabaram de me jogar água fria, não tinha nada para me cobrir.

— Você me deve uma vida! — ele gritou para mim, o som vinha baixo, mas deu para entender que ele gritava — Vadia, Vadia, Vadia.

O quarto cheirava a mofo, comida estragada, no outro instante vários homens estavam por volta de mim, me chutando batendo e me xingando.

Me sentia incapaz apenas chorando e gritando, pedi por ajuda, implorei que parecem, e eles riram de mim.
Pouco tempo depois via minha mãe, que dizia não ser a minha hora e que tinha de aguentar mais um pouco. Chamei por ajuda e ninguém me ouvia, nem mesmo eu própria ouvia minha voz.
Me mexia e tentava gritar o máximo possível para que alguém me tirasse daquela sala fedorenta e lisa, totalmente escura.

— Por favor, me tirem daqui eu imploro. — Ninguém me ouvia.
Virei para todos os lados rápido e quando a porta foi aberta senti mãos me envolvendo em um abraço, minha respiração estava acelerada e eu estava suando, comecei a chorar sem me importar com mais nada.

— Já passou, se acalme, já passou, foi apenas um pesadelo.

— Eu estive lá, vivi tudo aquilo de novo, eu pedi por ajuda mas simplesmente fiquei sem voz — falei em meio ao choro e soluços.

— Eu sei, mais lembre que foi um sonho, você não vai voltar naquele sítio nunca mais, e ninguém volta a tocar você, ouviu?

— Babá.

— Estou aqui minha miúda, estou aqui.

— Me leva pra fora, preciso respirar.

— Está bem!

Acho que era a meia noite, esses dias tem sido assim, noites de pesadelos e insónia, felizmente Elias esta sempre comigo, apenas uma vez ele passou a noite fora, meu tio tem estado comigo sempre. E eu me sinto tranquila.
Quando ele descobriu o que eu havia passado e o meu verdadeiro estado ele quis me levar daqui queria esquecer a vingança e ir, apenas para me cuidar, ele disse que não iria aguentar perder mais uma pessoa, consegui acalmar ele.

O clã do sol uniu forças com os Melos, Esse era o nome de tráfico que eles usavam, era o seu símbolo, Tabita não foi vista mais e o governo Mexicano quer a todo o custo ter o caso em sua disposição, a morte da minha mãe e da dona Antonella tem sido tema de vários debates no México, várias outras pessoas sumiram do mapa, as mulheres que me deram todas aquelas piscas sumiram, apenas evaporaram.

Tentei manter contato com o jovem que me ajudou no hotel e ele também já estava a lado nenhum. Alguém sumiu com eles e a está altura Tabita deveria ter todos os poderes ao seu alcance.

Quando tive a confirmação que Tabita havia matado mamãe quase sai daqui e  queria matar ela com minhas mãos, de todos ela era a mais sombria, mas nada me preparou para a confirmação que ela tirou a vida da mamã, e ela sabe que eu estive lá, os dois homens que vimos no vídeo eram da realidade Tabita e Ageu, me arrependi de não ter dado outra surra a Ageu e que Tabita me aguarde, ela terá o que merece.

Respirar esse ar frio me deixou mais calma e sonolenta, Ely estava fazendo carinho em meu cabelo dando aquela sensação de paz e tranquilidade, estamos sentados perto da piscina, sério essa casa era grande, tinha várias coisas, piscina, ginásio, cinema, sala de jogos e muito lá coisa, e por todo esse tempo felizmente estava recuperada, foi um mês de preparação e podemos dizer que estamos prontos, aos poucos minha mente parou de pensar mil coisas e adormeci aí, no colo do meu brutamontes.

...

Levantei antes que Ely, talvez assim eu podesse sair e não me impedisse como nos últimos dias, tirei uma ducha rápida e me vesti, apenas estava de um calção jeans e uma t-shirt, sai sem fazer barulho.
Cheguei na garagem e tirei um dos carros que Don Fabián havia disponibilizado para gente, eram 3 para 4 da manhã, quanto mais cedo melhor.

TIRANIA, Meu Doce Caju.Onde histórias criam vida. Descubra agora