60. Eu Gosto Desse Lado

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Lee Minho



— Se concentra no jogo, Lee Minho! — O treinador gritou com veemência, sua voz ressoando pelo ginásio, enquanto eu deixava, mais uma vez, um jogador reserva passar por mim, praticamente o presenteando com a oportunidade de fazer uma cesta. A frustração era visível em seu rosto, suas mãos gesticulando em um apelo desesperado para que eu focasse no jogo. — Tempo! — Ele ordenou com a voz firme. Senti meu corpo desabar no chão da quadra, exausto de tentar alinhar minha mente, que corria acelerada atrás de Jisung, com meu corpo, que parecia não responder. — Tome uma água e lave o rosto, vamos recomeçar daqui cinco minutos. — Ele sugeriu, mais brando. Assenti, mas não me movi, meus músculos parecendo feitos de chumbo.

Passei as mãos pelo rosto, tentando afastar a névoa de frustração e cansaço que me envolvia, até que uma mão com uma garrafa de água apareceu na minha frente, interrompendo meus pensamentos. 

Levantei os olhos lentamente, encontrando Jisung com as bochechas rosadas e o olhar evitando o meu, sua postura tímida contrastando com a determinação. 

— Eu me lembrei que estava te devendo uma garrafa de água e uma toalha, por não ter te ajudado nos treinos. Era parte do acordo, não era? Não quero ficar te devendo nada. — Disse ele, balançando a garrafa levemente. A peguei, sentindo o frescor do plástico frio contra minha mão e tentando reprimir um sorriso que ameaçava se abrir em meus lábios. — Depois eu... pego a toalha para você. Ainda vai jogar? — Ele perguntou, hesitante.

— Vou. — Respondi, mexendo as sobrancelhas de forma brincalhona, achando adorável a maneira como ele se encolhia embaixo do moletom grande e rosa, quase se escondendo dentro do tecido.

— Eu volto. — Disse ele, dando de ombros antes de se virar e caminhar para longe, seus passos rápidos parecendo uma fuga de qualquer objeção que eu pudesse fazer.

Fiquei o observando por um tempo, vendo-o caminhar até Andry. Suas sobrancelhas franzidas e os braços cruzados indicavam sua insatisfação pelo o que a amiga estava dizendo.

Ri baixinho, negando com a cabeça enquanto ouvia o apito novamente, percebendo que não havia me movido.

Bebi um longo gole da água, sentindo o líquido descer pela minha garganta, e coloquei a garrafa na lateral da quadra. Voltei à minha posição, sentindo-me um pouco mais disposto e determinado a dar o meu melhor no restante do treino.

...

— Eu sinto muito. — Uma aluna de Gastronomia, que eu já não me recordava mais do nome, apareceu no meio do meu caminho para a lanchonete. 

Ela segurava uma caixa de papelão cheia de donuts recheados, decorados com glacê e açúcar. Seu sorriso era largo, mas os olhos revelavam uma animação contida. Ela parecia ter ensaiado aquela abordagem várias vezes antes de finalmente se aproximar.

— Sente muito pelo o quê? — Arqueei uma sobrancelha, curioso e um pouco impaciente. A mulher continuou empurrando a caixa contra meu peito até que, resignado, acabei aceitando. 

Os donuts estavam quentes e com um cheiro doce gostoso, mas minha atenção estava completamente focada em suas próximas palavras.

— Bem, estamos na faculdade, mas o espírito de colegial continua vivo. Os rumores se espalham muito rápido e acho que todos já estão sabendo que vocês terminaram. — Ela mordeu o lábio inferior, trocando o peso dos pés de um lado para o outro, claramente nervosa. Seus olhos evitavam os meus, e sua voz saiu quase num sussurro. — Eu sinto muito, vocês eram muito fofos juntos. Precisa conversar?

Intense And Chaotic | Versão Minsung | EnemiesToLovers ✔Onde histórias criam vida. Descubra agora