Capítulo 13

5.4K 687 881
                                    

Baby, I'm preying on you tonight

Hunt you down, eat you alive

Maroon 5, Animals.

ROBERTO NASCIMENTO

Trinta minutos. É o que ela me pede antes de sair. Para quem já esperou por tanto tempo, trinta minutos não é nada. Sou paciente. Dez minutos depois, porém, mal consigo esperar, doido pra subir. É engraçado. Consigo ficar de tocaia num morro por duas horas esperando por vagabundo, mas não consigo esperar trinta minutos por essa mulher. É esse o efeito que ela causa em mim. Quando a vi andando até o meu carro, nem acreditei, porra. Sabia que, em algum momento, ela cederia, mas não sabia que seria tão cedo.

Depois que fui embora do apartamento dela, na sexta-feira, tive que ter muito autocontrole para não voltar lá. No dia seguinte, trabalhei em uma escala de 24x72 em uma operação no Morro do Juramento, mas minha cabeça ainda estava nela. Embora eu soubesse que, provavelmente, ela estava com raiva por eu ter saído sem ter dado a ela o que queria, mandei uma mensagem, mas não obtive resposta. Mesmo que ela estivesse louca pra me dar, eu queria que ela aprendesse, da pior forma possível, a não me desafiar ou duvidar de mim. Isso me deixava cego de raiva, mais do que o fato dela me chamar de truculento ou criticar o meu batalhão. Fiquei com mais raiva ainda quando hoje, mais cedo, ela desligou na minha cara. Vim, então, até o apartamento dela; iria pressioná-la até que ela cedesse. Não foi preciso muito. 

Foda-se, penso, enquanto desço do carro. Na portaria, eu me identifico, e o porteiro autoriza a minha entrada. Na sexta-feira, ele barrou a minha entrada no prédio, argumentando que eram normas do condomínio, mesmo depois de eu me identificar como capitão do BOPE. O trajeto até o apartamento dela parece uma eternidade. Quando ela abre a porta, porém, tudo vale a pena. Gostosa pra caralho. Ela usa uma blusa de alças, que me deixa doido pra tirá-la, e shorts. Não se parece nada com o que ela, geralmente, usa, e eu gosto disso. Meu pau também, aparentemente.

— Entra. — Ela diz. Eu entro, olhando ao redor. Da última vez em que estive aqui, não reparei, mas agora percebo que esse apartamento deve pagar o salário de todos os aspiras da PMERJ. Ela fecha a porta atrás de si, parecendo nervosa. Gosto de saber que, mesmo me chamando de fascista e me desprezando, no fundo ela me quer. Eu fodo com a cabeça dela, afinal.

— Tudo bem. Vamos lá. — Fala, tirando a blusa, sem deixar que eu fale. Puta que pariu. Ela usa um sutiã vermelho, e seus peitos quase pulam pra fora da peça. Meu pau lateja. Ela joga a peça no sofá.

— Você quem manda. — Digo. Mal sabe ela. — Só quero saber porque mudou de ideia. — Eu a provoco. Ela não mudou de ideia porra nenhuma. Essa mulher me quer desde que bateu o olho em mim; eu só estava dando um tempo, porém, para que ela percebesse e, enfim, aceitasse.

— Quero tirar você da minha cabeça. Sei que também pensa nisso, então, estou matando dois coelhos com uma cajadada só. —  Ela diz, e eu a observo, escondendo um sorriso com o polegar e o indicador. Assinto com a cabeça quando ela termina de falar. Mentirosa. Ela pede para que eu a siga até o quarto, o que eu faço de bom grado.

— Sem armas dessa vez. Falo sério. — Ela olha para mim. — Se você estiver armado, quero, por favor, que coloque aqui dentro. — Ela diz e aponta com a cabeça para a mesa de cabeceira ao lado da cama, abrindo-a.  Tão mandona. É uma pena que, logo, logo isso vai acabar. — Você tá armado? — Ela pergunta, se atropelando nas palavras.

Eu estou. Estou armado pra cacete.

— Tá. — Concordo. Ela parece surpresa. — Sem armas. — Tiro a arma do cós da calça, mostrando a ela, e coloco dentro da gaveta indicada. Olho para a 9mm e me lembro do que essa arma fez com ela na sexta-feira. Fernanda também parece se lembrar, porque estremece.

As duas faces da justiçaOnde histórias criam vida. Descubra agora