Capítulo 18

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Enid

Algumas horas antes

Assim que me despeço de Wednesday, vou para o auditório no prédio de artes. Ao entrar, estava o maior turbilhão: o pessoal do cenário movendo as cadeiras e até novos ajudantes que provavelmente só vieram de última hora por causa da nota.

Me aproximo de Divina, que estava gritando com um dos atores, ou melhor, com Cristina Peterson, que faria o papel da minha mãe na peça. Ao me ver, Divina ergueu as mãos.

— Yoko não te avisou que eu chegaria?! — pergunto, e ela assente.

— Mais ou menos, ela só disse depois que foi embora lá de casa, se cuida e a Enid vai dormir lá na Addams. Pra falar a verdade, tudo que ela falou depois de "Enid vai dormir na Addams" não entrou na minha cabeça! — Ela ri, e eu nego.

— Relaxa, loira, eu sei o quão certinha você é, não ia rolar nada mesmo! — Penso no momento na cozinha, e se Wednesday não nos tivesse parado, eu não sei se teria.

— Vamos lá! — Ela começa a andar e eu a sigo até atrás do palco, onde o pessoal estava provando os figurinos.

— A Célia já tá chegando para te ajudar com a última prova da roupa e o diretor liberou o chuveiro dos vestiários pra tomarmos um banho antes da peça.

Assinto e começamos a praticar até que chega a parte da Julieta interpretar com o Romeu.

— Onde tá o George, Divina? — Ela para de andar e olha para mim.

— Ele disse que só vinha mais tarde, teve um imprevisto familiar, mas vem na hora da apresentação. E como vocês ensaiaram tanto e já decoraram as falas, acho que tá de boa. — Essa ausência dele me deu um frio na barriga, mas fazer o quê.

Algumas horas se passam e o pessoal já tinha acabado de arrumar as cadeiras. Tristan terminou os holofotes e Divina deu um ok para todos irem tomar banho. Eu, Célia e os principais atores fomos primeiro, pois ainda tínhamos que nos arrumar antes do pessoal começar a chegar.

Depois de um banho e de vestir o figurino, que diga-se de passagem era muito desconfortável, fico me perguntando como uma mulher poderia se vestir assim todo dia. Prefiro mil vezes minhas camisetas e shorts ou calças jeans e tênis.

— Vamos começar a sua maquiagem, Nid! — Célia diz, e eu sento na cadeira enquanto ela me maquia. Helena faz uma trança em meu cabelo.

— Onde tá esse cara! — Divina aparece atrás das cortinas com um celular na orelha.

— O que foi? — Pergunto, e ela bufa.

— O George não atende a porcaria do celular, já tem gente chegando e ele não está aqui. Literalmente a peça se chama Romeu e Julieta e não só Julieta.

— Relaxa, ainda falta quase uma hora, ele vai chegar! — Célia diz, tentando tranquilizar Divina. O professor de teatro aparece sorridente.

— Como estão meus atores e atrizes favoritos? — O homem baixinho de barba longa e branca pergunta. Como sempre, ele vestia seu terninho e um cachecol azul no pescoço, mesmo que estivesse calor. Era parte do estilo dele.

— Bem, tudo bem por aqui, senhor Carlos! — Divina diz, meio nervosa, mas tentou atuar.

— Que bom, eu vou lá para a plateia para assistir de camarote. Essa releitura que vocês fizeram, quero mesmo ser surpreendido. E só pra lembrar, temos alguns empresários lá na plateia, então deem o seu máximo. Hoje pode ser a noite de vocês. — Ele diz, e todos no local soltam a respiração.

— Eu vou... ligar de novo! — Divina sai pelas cortinas segurando o celular. Célia termina a maquiagem e Helena logo o cabelo.

— Você tá belíssima, Enid. — As duas dizem, e eu agradeço. Os outros atores terminam de se arrumar e logo estamos apenas praticando uma última vez nossas falas. E nada de George aparecer, e isso tava estranho.

— Vem ver, gente! — Serafim, o cara que fazia o pai do Romeu, abre uma brechinha na cortina dando uma visão do salão quase lotado.

— Caramba! — Digo, e vasculho o lugar com o olhar, vendo todos lá: Torry, Eugene, Yoko, Tyler, até a tal da Camila mais no fundo e, na primeira fileira, a Wednesday. Ela estava lindíssima. Vestia um suéter azul-marinho de gola alta, uma calça preta e coturnos da mesma cor, o cabelo meio preso, meio solto.

— Sério, gente, o George sumiu! — Divina diz, entrando novamente onde nós estávamos.

— Não pode ser, a peça começa em cinco minutos! — Tristan diz, e todos concordamos.

— Eu mato ele! — Digo, e um apito no meu celular. Ao olhar, arregalo os olhos.

— Não pode ser! — Digo, e todos se juntam em torno de mim para ver o que havia me feito ficar pálida.

**George**

George – Espero que possa fazer a peça sem esse Romeu aqui. Se vira, Enid, agora vai ver o quanto eu sou importante e que não pode simplesmente me ignorar!

— Mais que moleque idiota! — Tristan diz, e Divina estava quase tendo um treco.

— O que vamos fazer? — Serafim diz.

— Tem alguém que possa substituí-lo? — Célia pergunta, e todos negam.

— Nós mal vimos a parte do Romeu. A única que sabe é ele e a Enid! — Serafim diz, e eu já estava andando de um lugar para o outro.

— E se adiamos a apresentação? — Helena pergunta, e Divina nega.

— Não dá, os empresários não vão voltar, o Carlos vai ficar furioso e o pessoal vai querer reembolso.

Escutamos o microfone ser ligado e Carlos começar a cumprimentar o pessoal.

— Estamos fritos! — Serafim diz, e todos nos olhamos.

Beijos da Torry 😘

A Química com você- Wenclair Onde histórias criam vida. Descubra agora