Capítulo 21

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Wednesday

Assim que termino umas coisas do estágio, ponho tudo em uma pasta e saio da biblioteca, esbarrando em Camila.

— Tava te procurando, Addams! — diz a garota, sorrindo, e eu assinto.

— Claro, do que se trata? — pergunto, pondo o peso do corpo sobre uma perna e coçando a nuca. Eu estava tentando apressar minha parte para ficar tranquila para viajar.

— Ah, nada demais, só te avisar que acabei minha parte e já entreguei ao Bill! — Ela diz, olhando fixamente para mim. Notei que ela fazia isso com bastante frequência, o que me incomodava um pouco.

— Eu também já terminei. Vou entregar agora mesmo! — digo, me preparando para ir até a sala, e noto que ela está me esperando. Quando começo a andar, ela me segue.

— Vou contigo, depois podemos tomar um café no refeitório! — fala ao meu lado.

— Bem... — Eu não queria ser chata nem nada, mas minha próxima parada estava longe de ser o refeitório. Eu queria ver a Enid. Perguntei há pouco à Divina quando acabaria a aula delas e onde esperar ela sair.

Após chegar à porta da sala, bato de leve e ouço a voz do homem mandando entrar.

— Boa tarde! — digo, me aproximando da mesa dele. Ponho a pasta sobre ela, e ele olha de mim para ela.

— Tão rápido? — pergunta, e eu ergo a sobrancelha.

— Adiantei. Vou viajar e não queria deixar para a última hora, então aí vai encontrar tudo sobre a minha pesquisa do caso, desde a análise até observações.

— Bem, espero que esteja ao menos relevante! — Seguro as palavras para não me arrepender depois e dou as costas para a mesa.

— Quer um conselho, Addams? — ele diz, e eu olho por cima do ombro.

— Não faça mais aquela palhaçada de me ameaçar, ok? Eu ainda sou seu professor, e sabe o que isso significa! — Dou um sorriso de lado e aceno.

— Claro que sei! — falo simplesmente e caminho para fora da sala, pisando fundo. Definitivamente, eu sou uma boa pessoa; outro já teria dado um jeito de esse cara ser expulso da universidade se tivesse essa chance. E definitivamente eu tinha, mas isso significaria me rebaixar ao nível dele.

Passo pela porta, e o barulho de eu a fechando chama a atenção de Camila, encostada na parede. Começo a caminhar na direção da saída e, antes de ter a oportunidade de seguir até o caminho do prédio de Artes, uma loira vem em minha direção.

Ela sorri ao me ver, e toda a raiva de segundos atrás evapora quando ela abre os braços e pula me abraçando. Seguro em sua cintura, erguendo-a no ar, e depois a desço ainda abraçada a ela.

— Oi, cariño! — falo, deixando um beijo em sua bochecha.

— Oi, baby! — ela diz, se afastando para me olhar, e em seguida me dá um selinho.

Enid parece olhar sobre o meu ombro e erguer uma sobrancelha. Eu me viro para ver o que ela observava, e Camila se aproxima.

— Oi, Enid! — a garota diz.

— Oi, Camila. Como vai? — Enid diz com uma voz diferente.

— Tudo bem. Estávamos indo tomar um café. Quer vir junto? — Reviro os olhos discretamente, e Enid olha para mim.

— Na verdade, acho que o café vai ficar para a próxima, Camila. Tenho que ir para casa. — Ela parece desapontada e com um pouco de raiva.

— Ok, então. Até depois do recesso! — Ela começa a caminhar para longe, e Enid se afasta lentamente.

— Não arrumou suas coisas ainda? — ela me pergunta, e eu sorrio negando.

— Sério mesmo? — ela diz.

— Não tenho mais aulas, então, se você estiver livre, me ajuda? — Tento fazer uma cara pidona, tipo o Thing quando quer mais ração.

— Tô livre. Vamos lá! — Ela pega na minha mão, e caminhamos até o estacionamento. Por ser o último dia, as aulas acabaram mais cedo. Eram exatamente três horas da tarde, e normalmente só saíamos lá pras cinco e meia.

...

Chegamos, e assim que abro a porta do apartamento, Thing vem checar quem chegou.

— Olha só quem veio te ver, Thing! — O gatinho mia, e Enid corre para pegá-lo nos braços.

— Oi, carinha! — ela diz, fazendo carinho no felino. Deixamos as bolsas no sofá e fomos para o quarto, Enid levou Thing consigo.

— Vai levá-lo? — a loira me perguntou enquanto sentava na cama com o felino no colo.

— Não, ele estranharia o lugar e tenho medo de ele fugir e, por não saber onde fica, se perder. Vou deixá-lo com minha vizinha, uma senhora. Ela também tem gatos, vai ser de boa. Ele vai até gostar.

— Então, por onde começamos? — pergunto, abrindo a porta do guarda-roupa.

— Suas roupas, depois pegamos os demais itens.

— Ok!

Beijos da Torry 😘

A Química com você- Wenclair Onde histórias criam vida. Descubra agora