Capítulo 2 - Bruna

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Nossa, essa semana tinha sido tensa. Trabalho no faturamento de uma empresa de confecção de roupas, e tinha sido semana de entrega. Estávamos trocando a coleção de inverno para primavera, então estávamos correndo feito malucos, desde o faturamento até a expedição. Recebo uma mensagem da minha melhor amiga, Juliana.

Juliana:  Amiga, festa à fantasia hoje lá na balada da Vila Mariana, topas??

Bruna:  Aí amiga, essa semana foi tão agitada... Estou cansada...

Juliana:  Vamos, vai? Vai ser legal. Mulher não paga para entrar, e a senhorita tem de sair para se distrair, se divertir e fazer loucuras. =) Eu pago a gasolina e o estacionamento.

Bruna:  Falando assim, você me convence...

Juliana: Oba, me pega em casa às 22h00.

Bruna:  Combinado.

Eu tinha me separado há 5 meses depois de um relacionamento de 10 anos com Lucas. Namorávamos desde os nossos 15 anos. Achei que seria para sempre, como nos livros de romance que eu leio, mas percebi que isso de amor, romance e “para sempre” é coisa de livros mesmo. Ainda mais o homem perfeito, carinhoso, que cuida, está sempre atento às nossas necessidades, são protetores... Ai ai, melhor ficar com os livros do que me decepcionar.

Juliana insistia que eu deveria curtir a vida e fazer alguma loucura. Nesses 5 meses, estava reclusa e não tinha ficado com mais ninguém. Era outro medo meu, porque Lucas tinha sido meu primeiro em tudo. Meu medo era de me apegar ao primeiro babaca que aparecesse na minha vida, e esse mundo estava cheio de babacas, tirava pelo que as minhas amigas passavam.

— Boa tarde, Bruna. Hoje o dia está menos agitado, né?

— Boa tarde, Paulo. Tudo bem, sim. Nossa, graças ao bom Deus, porque estava ficando maluca.

Paulo é supervisor da expedição. As meninas falam que ele tem um interesse amoroso em mim, mas eu não vejo assim. Acredito que somos apenas bons amigos no trabalho. Ele é legal, bonito, mas não estava interessada em me apegar por agora. Tinha me separado há pouco tempo e queria me dedicar a mim mesma. Voltei a estudar, estava treinando na academia, não tinha espaço para relacionamentos e nem queria.

— Vai fazer alguma coisa hoje, Bru?

— Vou. A Ju me chamou para ir a uma festa à fantasia na Vila Mariana. Ela é muito doidinha, e assim, ainda em cima da hora vou ter de improvisar.

— Vai ficar linda de qualquer jeito que for.

— Obrigada!!

Ele sai da sala e vai receber uma mercadoria.

— Viu, Bruna, ele gosta de você — falou Rose, minha supervisora.

— Aí amiga, é só amizade.

— Você que não quer perceber, ele é louco por você, mas você não dá nenhuma brecha para ele. Gosta do seu ex ainda?

— Não, claro que não... Depois que saí do relacionamento, eu vi o quanto era tóxico para mim. Nem estudar ele deixava por ciúmes...

— Então por que não dá uma chance para o Paulo? Ele é gatinho.

— Eu sei que é, mas a gente trabalha junto. Tem pouco tempo que me separei, quero dedicar a mim.

— Você sempre colocando empecilhos em tudo, né?

— Um pouco — falei lhe dando um sorriso.

Às sextas, saímos uma hora mais cedo. Isso já ia me ajudar muito para procurar o que vestir de fantasia. Minha casa era próxima ao trabalho, uns 15 minutos de carro. Tinha em mente mais ou menos o que ia vestir. Pensei em um cupido; tenho asas em casa e um vestido branco. Só queria ver se achava um arco e flecha. Quando estava entrando no carro, Paulo vem ao meu encontro.

O triângulo dos cupidosOnde histórias criam vida. Descubra agora