Capítulo 21 - Bruna

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Quando dei por mim, o corpo grande de Adônis estava cobrindo o meu completamente, e suas asas estavam em volta de mim. Foi tudo tão rápido que eu apenas vi o sangue escorrer pelo seu peito. Ele tinha entrado na minha frente e recebido aquela espada de fogo... Ele tinha me salvado. Ele tinha... ele tinha...


- Adônis, por favor... por favor... - Ele começa a cair em cima de mim. Num impulso, alcanço a espada e a retiro de suas costas. Estamos ambos no chão. Coloco sua cabeça no meu colo.


- Princesa, sabia que seus olhos estão cor de rosa? - Ele começa a tossir. - Você está brilhando... Pelo menos vou morrer olhando para o seu lindo rosto.


- Cala a boca, Adônis, você não vai morrer! - Começo a chorar. Ele levanta a mão e enxuga minhas lágrimas.


- Esses últimos dias foram os melhores da minha vida. E saber que você era a garotinha da minha infância... Isso só me deixou mais feliz. Eu te amo, princesa. Sempre te amei, desde quando você puxava minhas asas.


- Adônis, você não vai morrer! Para com isso... A gente vai ser muito feliz juntos. Vamos fazer nossa história. Então, aguenta... por mim. - Ele me dá um sorriso fraco, ainda com a mão no meu rosto.


Sinto uma energia emergir pelo meu corpo, uma luz me envolveu. Começo a sentir meu corpo quente, muito quente. Olho assustada para Adônis, que me observa admirado. Minhas costas começam a coçar, e, junto, vem uma dor..., mas suportável.


- Prin... princesa... estão nascendo... asas em você.


Eu tiro Adônis do meu colo e me levanto.


- Não se mexe, por favor - peço a ele.


A luz à minha volta está cada vez mais forte. Meus pés saem do chão, e as asas começam a crescer cada vez mais, me envolvendo. O que está acontecendo? Eu estou voando?

Minhas asas se abrem, e me vejo de frente para Orfeu, que me olha completamente assustado. Ao meu lado, está Eros.


- Eros, fica com Adônis.


- Dessa vez não, Bru. Não vou deixar você sozinha. Por mais que tenha uma energia gigantesca, você não sabe lutar ou usar o que quer que seja.


Olho para baixo e vejo Vênus acordando e indo até meu pai, que ainda está desacordado. Adônis luta para manter os olhos abertos, com a mão no peito. Tento descer para onde ele está, mas me desequilibro... Eu não sei usar asas.


- Olha, olha... o projeto de deusa tem asas também? Mas do que adianta ter asas e não saber voar? - Ele gargalha, um babaca prepotente.


- Filha? Você manifestou seus poderes - Vênus me olha admirada.


- Não sei se adianta de alguma coisa... Eu nem sei voar... - Olho para minhas asas. Elas são brancas com tons de azul, parecidas com as da minha mãe. Mas, ao contrário dela, não tenho quatro asas, apenas duas, enormes. Na parte de dentro, vejo algumas penas pretas. Meu cabelo está esvoaçando, e... ele não é mais castanho. Ele está colorido. Pego uma mecha entre os dedos... Parece um arco-íris...


- Eu te ajudo a lutar, filha. Vamos nos unir e vencer Orfeu - Vênus está ao meu lado.


- Duvido que me vençam...


Meu pai vem voando em nossa direção. Eros está ao meu lado, e ao lado de Vênus.


- Você não pode contra todos nós, Orfeu. Desista. Seus cupidos exilados não lutarão mais ao seu lado, e os que estavam já derrotamos - Vênus fala com sua voz forte e imponente.

O triângulo dos cupidosOnde histórias criam vida. Descubra agora