Estava nos braços de Vênus e vi Bruna sendo levada por Orfeu. Não podia fazer nada, nem eu e nem Adônis. Nunca me senti tão fraco e tão inútil na minha vida. Eu não achei que perderia assim tão fácil... Vênus nos leva para dentro do palácio e nos coloca sentados no sofá. Estávamos além de feridos fisicamente, com o ego completamente machucado.
- O que vamos fazer, Vênus? - perguntou Adônis.
- Não sei, Adônis. Na profecia dizia que eu não poderia intervir, mas consegui protegê-la aqui dentro... o que me deixa desconfiada de tudo isso que está acontecendo.
Enquanto ela conversa conosco, pega alguns frascos com bebidas coloridas e nos entrega.
- Bebam, vai ajudar vocês a recuperarem as energias e curar os machucados.
Obedecemos a Vênus e, enquanto bebíamos, o pai de Bruna chegou.
- Dorian... - Vênus vai ao encontro dele. Ele ainda está bem mal, bem machucado. Ela o coloca ao nosso lado e também entrega um frasco para ele, que toma imediatamente.
- Agora consigo conversar com vocês. Obrigado, Vênus. Tenho cupidos exilados que me seguem lá. Temos suspeitas de que toda essa porcaria de profecia seja mentira, uma invenção.
- Mas quem inventaria isso? - pergunto, nervoso.
- Orfeu. Já o vi lá várias vezes, só não tinha como provar que ele está por trás de alguma coisa... O porquê de ele ter raiva de tudo isso, de humanos, eu não sei. O que ele quer é dominar os dois lados. Ele vem exilando cupidos há anos...
- E eu nunca o questionei...
- Você foi negligente, Vênus, e sabe disso. Não agiu como líder ou deusa deste lugar.
- Eu sei, Dorian, não precisa esfregar na minha cara.
- Precisa sim, porque, por sua causa, por seu ego, nossa filha está lá com ele. Nossa filha pode morrer. Você tem noção do mal que fez para nós dois? Eu nunca entendi isso, Vênus...
- Eu gostava de você também, tá legal? Mas Orfeu ficou com ciúmes, ou pelo menos eu achava isso. Ele me convenceu de que uma deusa não poderia se envolver com um cupido comum...
- E Orfeu não era um cupido comum?
- Não totalmente, Eros. Ele é filho de Apolo com uma humana... Por isso, a raiva dele por seres humanos... por isso ele é forte. Ele tem o dom de um deus e, ali na hora, me convenceu de que precisava estar próximo de um Deus, que nossos filhos precisavam ser de sangue divino...
- Mas vocês nunca tiveram filhos...
- Dorian a questiona.
- Nunca, Dorian. Eu nunca quis ter filhos com ele, ainda mais depois de termos nossa Bruna.
- Que você abandonou, Vênus. Como pôde abandonar uma filha? Você ainda a trouxe para gente brincar com ela... - Adônis está indignado.
- Minha ideia era contar tudo para Dorian e ficar na Terra com eles. Eu viveria entre os dois mundos, pediria essa permissão, tinha decidido isso. Orfeu não aceitou...
- E ele inventou essa história de profecia. O que ele não contava é que poderiam existir cupidos exilados que não concordariam com isso... Vênus, você não consegue trazer esses cupidos de volta com seu poder? Fazê-los voltarem a ser cupidos do amor ou assumir algum outro lugar aqui?
- Eu não consigo, Dorian. Tentei. Eu vi que muitos nem tinham por que serem banidos. Se apaixonar por humanos nunca foi problema para cupidos ou deuses.
- Deuses sempre saem impunes de tudo... - Adônis resmunga.
- Tá bom, chega. Todo mundo está com os nervos à flor da pele, mas enquanto estamos aqui, Bruna está lá com eles. Sabe-se lá o que está acontecendo. Vamos focar nela, depois vocês discutem, depois se acertam, mas agora precisamos ir atrás dela - falo alto, bastante irritado com tudo isso.
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O triângulo dos cupidos
RomanceEm um mundo onde o destino do amor é guiado por forças sobrenaturais, dois cupidos, Eros e Adônis, entram em um jogo perigoso e sedutor. Eros, o cupido nerd que segue as regras à risca, e Adônis, o anti-herói que desafia todas as convenções, encontr...