Capítulo 8 Bruna

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Espere, eu ouvi o que acho que ouvi? Ele é um cupido? Eu estou maluca, deve ter tomado creatina demais. Porque ele se vestiu de cupido naquele dia? Ele acha que pode vir com esse papo? Ele acha que eu sou o quê?

- Repete isso, Eros, porque acho que não escutei direito.

- É isso mesmo, eu sou um cupido - esfrego meu rosto.

- Entra, vamos conversar aqui dentro antes que algum vizinho reclame. - Ele entra ainda meio tímido. Eu quero ficar com raiva dele, de verdade, mas eu sei que, lá no fundo, não consigo, mesmo porque ele não me prometeu nada naquela noite. Vejo que Eros olha direto para o meu vaso com as flores que Adônis me mandou. Bom, é bom que ele saiba que não vai ser fácil esse pedido de desculpas.

- Olha, Bruna, eu sei que é praticamente impossível acreditar em mim, é algo surreal e parece bem mentiroso, mas eu não sou deste mundo e nem o Adônis.

- Como você conhece o Adônis?

- Porque nós dois somos cupidos no nosso mundo.


Meu Deus, essa conversa estava cada vez mais esquisita, preciso de alguma coisa pra beber.

- Eros, senta no sofá. Eu vou pegar uma garrafa de vinho, quer uma taça?

- Aceito. - Lhe entrego a taça cheia, sento ao seu lado no sofá e tomo metade do meu vinho em um gole só.

- Olha, Bruna, eu nunca fui sincero em toda a minha vida, nunca quebrei regras, sempre fiz tudo certinho, sem sair fora da linha. Mesmo com você, naquele dia... eu deveria ter seguido o que meu coração falava, mas nunca fui de quebrar regras ou fazer qualquer tipo de loucura. Talvez falar a verdade para você sobre mim e o Adônis seja a minha primeira quebra de regras em toda a minha vida.

Escutar o Eros falando assim até parece um pouco comigo, que não gosto de quebrar regras, sair fora da linha ou fazer algo errado, e quando fiz, me dei mal... ou nem me dei mal...

- Que parte dessa história envolve o cupido? Você estava fantasiado de cupido, você sabe que não é um de verdade, né?

- Se você parar pra pensar, vai ver que estou falando a verdade. Quando estávamos fazendo amor, eu não tirei as asas. Quando fui embora no meio da madrugada, eu não saí pela porta; a porta estava fechada, não estava?

- Sim...

- Não tem por que eu inventar uma história mirabolante para você. Por que eu mentiria? Por que eu voltaria aqui para mentir para você? Se eu realmente quisesse transar apenas uma vez com você, por que eu voltaria?

O que ele fala faz sentido. Não tem por que ele inventar qualquer tipo de história para transar. Olha para ele? Ele consegue qualquer mulher, em qualquer lugar que for... Ele ainda conhece o Adônis... Minha cabeça está completamente confusa...

- Me prove.

- O quê?

- Me prove que você é um cupido, me mostre e eu vou acreditar em você.

- Mas é contra as regras mostrar quem somos e... foda-se, eu preciso começar a quebrar as regras se quero te conquistar para valer.


Eros então se levanta, coloca a taça na mesinha de centro e tira sua camisa.

Agora, assim, sem ser no calor do momento, consigo observar melhor esse homem, e que homem, que corpo. Parecia que tinha sido esculpido por deuses mesmo. Existe a mínima chance de ele estar falando a verdade? Então, uma luz emana de Eros e suas asas surgem, as mesmas asas que ele estava usando no dia em que nos conhecemos. Se isso não fosse verdade, Eros seria um ótimo mágico. As asas dele ficam se mexendo, e ele me olha fixamente.

O triângulo dos cupidosOnde histórias criam vida. Descubra agora