O triângulo dos cupidos

Capítulo 22 - Bruna

Ainda estava no mundo dos cupidos. Decidi ficar aqui mais alguns dias, desta vez sem estar escondida, para conhecer o lugar. Até agora minhas asas ainda não voltaram e eu não faço ideia de como trazê-las de volta. Adônis e Eros já tinham tentado me ensinar um monte de vezes, mostrando as deles, mas por mais que eu me esforce, minhas asinhas e meus cabelos arco-íris não apareceram novamente. Será que eu fui deusa só por alguns minutos? Cumpri a missão e agora não sou mais? Bom, só sei que aqui me sinto em casa, mesmo sem asas. Não tenho as necessidades humanas, exceto pela necessidade de dois belos cupidos.

- Está gostando de ficar sentada na nuvem, Bru?

- Nossa, Eros, ela é tão fofinha.

- Eu disse que você não ia cair, tem que confiar mais em mim.

- Eu confio Eros, mas eu não voo, né? - eu respiro o ar puro - Aqui é tão calmo... Apesar das responsabilidades, não ter que se preocupar com trabalho, horários restritos, comprar coisas, padrões... é tão, tão melhor.

- Sim, fora que é lindo, né?

- Maravilhoso. Não entendo por que trocar tudo isso aqui por mim. Até eu começo a achar loucura, sabia?

- Eu iria a qualquer lugar para ficar perto de você.

Começamos a nos beijar. Estava com saudades de ser mimada por eles. Desde que acordei, ainda não tínhamos namorado. Muitas coisas estavam acontecendo nesse mundo, como a volta dos cupidos exilados, que foi a maior delas. Houve vários reencontros de irmãos cupidos de sangue, de cupidos com seus amores humanos, novos recomeços... Escuto alguém pigarrear atrás de mim.

- Está faltando alguém nessa equação aí, hein? Um cupido mais gostoso, eu diria.

- Adônis, vocês dois são igualmente gostosos.

- Mas eu sou mais cara de pau, princesa.

- Isso é inegável - ele me beija agora. Seus beijos são sempre mais safados. Se eu tivesse que escolher entre eles, estaria perdida. Os dois me completam, os dois são tudo para mim.

- Finalmente terminei de dar a aula de como conquistar o amor da sua vida - Adônis fala com um sorriso de canto de boca.

- Sério que tem essa aula aqui?

- Claro que não, Bru - Adônis sorri, aquele sorriso mais que safado.

- Estava zoando. Quem deveria dar uma aula desse tipo era você. Conquistou nós dois - ele solta uma risada gostosa. - Eu estava dando aula de esgrima. Não sou um bom professor, mas a demanda está alta para retreinar os nossos irmãos cupidos. E Vênus acha importante que todos saibam lutar de agora em diante, porque não se sabe quando um perigo pode surgir novamente.

- Parece que até os Deuses aprendem com seus erros, né?

- Parece que sim, caro amigo Eros.

- Surreal tudo isso que aconteceu, né? - falo, deitando no meio das pernas de Adônis, enquanto Eros segura e massageia meus pés. - Nunca imaginei passar uma semana dessas aqui.

- Nós também não, Bru. Sempre fui muito amigo desse cabeçudo aí, mas nunca imaginei dividir um amor com ele.

- Sendo que nós já a dividimos na infância, né?

- O que é mais surreal ainda... Outra coisa que ainda não me acostumei é que os outros cupidos, meu pai mesmo, não se importam que a gente fique os três juntos.

- Ah, somos cupidos que acreditam no amor, Bru. Se os três se amam, não tem por que julgar ou condenar qualquer coisa do tipo.

- Mas não é estranho mesmo para vocês?