Capítulo 6 - Adônis

33 7 0
                                    

Vim tomar banho aqui nas águas quentes para colocar as duas cabeças no lugar. Eros já tinha passado aqui para encher a porra do meu saco. Não consigo entender a pira do Eros pela humana, ele nunca ligou para humana nenhuma, e isso me deixou bastante intrigado. Ontem, ele ficou vigiando-a chorar. Confesso que fiquei com dó dela. A que tinha ficado obcecada por mim era maluca de pedra, mas a Bruna não, ela era diferente, ela me trazia um sentimento familiar... Existiam humanas diferentes, já tinha encontrado algumas, mas para chamar a atenção do Eros... Lá na balada, eu queria ter ficado com ela, mas Eros foi mais rápido que eu. A minha sorte é ele seguir as regras certinho e fez a merda que fez. Agora eu vou me aproveitar da merda dele e vou atacar. Eu não tenho medo de punição se é para eu atingir meus objetivos, e eu quero descobrir o que essa humana tem de diferente das outras.

Vênus sempre pega no meu pé porque eu sempre dou um jeito de ficar na Terra mais do que é permitido, mas eu nunca mexi com o equilíbrio dos seres humanos. Será que já aconteceu de algum cupido ficar com uma humana? E o que ele fez? Abdicou da eternidade? Isso seria muita loucura... E se já aconteceu, por que a gente nunca ficou sabendo? Ou será que existe humano que veio para o nosso mundo?

Vou à Terra atrás da Bruna. Quero entender o porquê de ela chamar tanto a atenção do Eros, e por que eu também me senti atraído por ela. Depois eu vejo o que faço. Eros foi um covarde, não vai ter coragem de ir atrás dela mesmo.

Com essa determinação, eu me ajeito para ir ao mundo dos humanos atrás dela. Como conheço sua energia, e Eros me mostrou algumas coisas dela, consigo localizá-la. Vou ver como ela é, estudar seus hábitos. A encontro no shopping almoçando, vai ser minha chance de conhecê-la melhor. Acho um pretexto para sentar com ela e puxar assunto. Nos apresentamos e continuamos uma conversa agradável. Ela é uma humana tímida, cheia de inseguranças. Por fora, parece ser forte e segura, mas se aprofundar a gente vê vários pequenos traumas, e Eros está incluso nessa lista dela. Tenho uma vantagem sobre ele.

Consegui um celular aqui, e vou usar para trocar mensagens com ela quando estiver nesse mundo. Percebi que ela é o tipo de mulher que gosta de ser cortejada e conquistada, nada ao acaso. Quero ficar mais tempo com ela, mas já paguei o sorvete e sinto que ela não quer chegar atrasada no trabalho.

- Posso te acompanhar até o carro? - Que fofinha, ela ficou vermelha de tão tímida. Melhor eu mudar para ela não me achar um abusado, acabamos de nos conhecer. - Só acompanhar, tá?

- Tá, tá bom...

Chegamos ao carro, ela destrava a porta e automaticamente eu a abro para ela entrar. Sei que esse tipo de coisa deixa as mulheres encantadas.

- Realmente foi um prazer te conhecer, Bruna. É uma mulher cativante.

- Obrigada, Adônis, e obrigada pelo sorvete.

- Espero poder te pagar muitos sorvetes ainda. - Lhe dou um beijo na bochecha, ela entra no carro e vai embora. Engraçado, na hora que ela foi embora, me veio uma sensação de vazio da sua presença. Começo a passar a mão pelos meus cabelos. Eu vim aqui para ver como ela era e acho que me fodi, porque quero saber mais dela... Isso não é normal, ela é uma humana como qualquer outra..., mas eu não sei explicar muito bem, mas ela tem um cheiro familiar, um cheiro de infância... Pego o celular e mando mensagem para seu número.

Adônis: - Quando posso te pagar outro sorvete? - Uma coisa que eu não ia fazer é perder tempo. Eu preciso saber por que eu e o Eros ficamos encantados com ela sem motivo aparente.

Ela me responde.

Bruna: - Vamos ver, mocinho.

E, pelo visto, ela ia ser... como os humanos daqui dizem... dura na queda. Fico parado um pouco nesse estacionamento, pensando no que fazer. O jeito vai ser procurar informações sobre ela, sobre cupidos antigos, sobre destino, o que for, porque preciso de respostas para isso que estou sentindo.

O triângulo dos cupidosOnde histórias criam vida. Descubra agora