Capítulo 4 - Bruna

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Acordo na madrugada, estendo meu braço e não sinto Eros, nem ouço barulho algum. Me enrolo no cobertor e começo a andar pelo apartamento.

Nada dele. Ele tinha ido embora enquanto eu dormia... o que eu estava esperando, que ele me mandasse flores e dissesse que queria namorar? Era isso que eu tinha procurado, uma noite de loucura, mas por que não me sinto bem com isso? O sexo com ele foi incrível, eu não me sentia assim há anos, foi delicado e atencioso comigo.

Só não esperava que seria abandonada no meio da noite, e isso me faz ter uma vontade louca de chorar. Vou tomar um banho. Ligo o chuveiro no quente, e me permito chorar um pouco... eu não sirvo para sexo casual... pelo menos agora sei disso. Foi tão casual que nem telefone trocamos, provavelmente eu nunca mais vou vê-lo... Como as pessoas conseguiam fazer isso com tanta naturalidade? Desligo o chuveiro e me enrolo na toalha, volto para a cama, pego meu celular e mando uma mensagem para Juliana, perguntando se estava tudo bem. Quando olho para o lado, vejo uma pena.

— Deve ser das asas do Eros, deve ter caído no meio do sexo. Quer saber? Vou guardar isso aqui para me mostrar que eu não sirvo para esse tipo de coisa.

Meu celular acende a luz e é a mensagem da Jú.

— Amiga, foi maravilhoso, tudo lindo, perfeito. Estou no Uber voltando para casa, amanhã te conto mais detalhes. Beijos, te amo.

— Que legal, amiga, aguardo ansiosa. Beijos, te amo mais.
Pego a pena e fico olhando e a girando no ar. Vamos sempre pensar pelo lado positivo da coisa, pelo menos não foi ruim... e com esse pensamento volto a pegar no sono.

Já era quase 11h00 quando acordo, dormi agarrada na porcaria da pena. Merda... a pego e coloco na última gaveta escondida. Vou para a cozinha e faço um café para mim na minha cafeteira italiana. Precisava de um café bem forte hoje, e isso que nem tinha bebido nem nada, era pelo estresse mesmo. Sem mensagens da minha amiga, mas tinha uma de bom dia do Paulo. Precisava respondê-lo, não estava afim de sair amanhã... Paulo é muito legal, mas não estou preparada para me relacionar. Mas e se ele quiser apenas sexo? Pior ainda, né, Bruna?

Hoje não estava nem um pouco afim de cozinhar nem sair para comer fora, estava naqueles dias de curtir uma bad. Respondo a mensagem do Paulo.

Bruna: — Oi, amigo, tudo bem? Infelizmente não vou conseguir sair amanhã, esqueci completamente do trabalho da faculdade, preciso fazer para enviar até segunda às 18h00, mas a gente marca depois.

Não demora muito, ele responde.

Paulo: — Está bem, gatinha, mas ainda não desisti do nosso cinema.

Mas espero que uma hora desista... a verdade é que hoje estou azeda para cassete. Quer saber? Vou treinar, que é a melhor coisa que eu faço, ficar aqui me lamentando não me leva a nada. Me visto com a roupa de academia e vou. É uma academia de bairro, não ficava longe do apê, ia sempre a pé. Vou abrir a porta do apartamento e ela está fechada... ué, como Eros saiu? Que estranho... foda-se.

Chego à academia, coloco meus fones de ouvido, meu rock, e começo a treinar. Queria apenas esvaziar a mente e mais nada, mas parece que quanto mais a gente quer ficar quieto aparece um espírito para encher o saco, e o fato de eu ser recém-separada atrai curiosos, e o mais interessante, ser “amigos” do meu ex. Estava fazendo supino quando chega Gabriel.

— Oi, Bruninha, tudo bem com você?

— Oi, Gabriel, tudo bem sim e com você? — as pessoas deveriam respeitar quem está usando fones de ouvido...

— Estou melhor agora conversando com você — aff, o mesmo papo de sempre — Vamos puxar um treino juntos? Estamos fazendo o mesmo hoje — porra, que azar.

O triângulo dos cupidosOnde histórias criam vida. Descubra agora