Elisa Aduquer
Acordo com a Fada Madrinha me chamando para uma reunião sobre a barreira. Querem que eu passe para o meu pai as decisões que estão tomando em Auradon, mas eu não falo com ele há meses. Sempre assim, não podem me excluir de decisões importantes por medo de Zeus.
Entro junto com Bela, Adam e a Fada Madrinha no local, vendo Ben confuso com nossa repentina visita. A cara de Adam não estava boa, então a decisão era complicada.
— Acho que sabemos por que estamos aqui — Adam fala seriamente. — As pessoas ficaram com medo de Hades. Ele quase escapou.
— O que ele teria feito se tivesse escapado? — Fada Madrinha pergunta em tom de repressão, insinuando que Auradon estaria extinta.
— Não podemos arriscar ter outro vilão à solta — Adam continua seu discurso.
Bufo enquanto ouço o que ele diz.
— Acima de tudo, Hades é meu tio, então cuidado com suas palavras — digo olhando para Adam, que engole em seco.
A Fada Madrinha se aproxima, me puxando para o lado dela.
— Eu sinto que tudo isso é culpa minha — Mal diz olhando para o chão. — Eu deveria proteger Auradon.
Adam continua fazendo seu discurso, e eu olho com frieza para ele. Detestava que nosso antigo rei tivesse pensamentos tão impiedosos contra as pessoas da ilha. Algumas não mereciam esse ódio.
Ben pega o celular, olhando alguns segundos antes de falar:
— O cetro da Malévola e a coroa da Rainha foram roubados — ele avisa, fazendo todos ficarem incrédulos.
Suspiro lentamente quando Adam acusa Uma, me fazendo lembrar de coisas que aconteceram meses atrás. Logo em seguida, Bela pergunta a Mal sobre o que faremos, e ela diz que a barreira terá que se manter fechada para sempre novamente.
Olho incrédula para todos que concordam, vendo Ben ter a mesma reação que eu e observando a dor nos olhos de Mal. Me viro para a porta.
— Elisa, por favor — Bela tenta me segurar, mas saio mesmo assim.
Não vou ficar em uma sala onde todos não conseguem perceber que a barreira já foi longe demais. É triste ver isso saindo da boca de uma das pessoas em quem mais confiei.
Não ligo para a pessoa que roubou o cetro; sou imune à magia dele. Pelo menos uma coisa boa que meu pai fez quando eu nasci: ele lançou uma magia de proteção que impede magias de fadas ou qualquer outro ser que não seja uma divindade. A única magia que funciona em mim é a dos deuses.
Sigo em direção ao Lago Encantado, me sentando na beirada. Observo o lugar florido e calmo, me sentindo com os pensamentos mais tranquilos.
— Pai, não sei se o senhor está me ouvindo, mas irei falar mesmo assim — digo olhando para o céu, contemplando as nuvens. — Por que me abandonou de repente? Por que não é mais como antes?
Controlo minhas lágrimas, lembrando de quando Zeus vinha me visitar quando eu era criança, agora ele não dá nem um sinal de vida.
— O que mudou? Fiz algo que te decepcionou? — pergunto seriamente, mas fico irritada. — Por que não me responde?!
Mesmo eu gastando minha voz para gritar, meu pai não aparece. Realmente é um babaca.
Me levanto da beirada, limpando minha roupa que estava suja de terra enquanto caminho para longe daquele lugar.
Ando até meus pés doerem, avistando o castelo de Evie.
— Elisa, que bom que apareceu — Carlos diz com um sorriso. — Me ajuda a carregar esses docinhos?
Mesmo eu estando um pouco irritada por causa do meu pai, não consigo dizer "não" para uma pessoa tão incrível quanto Carlos.
— Claro que sim — digo retribuindo o sorriso enquanto pego uma das caixas.
— Eu fiz um presente para Jane. Te mostro quando terminarmos de organizar tudo.
Concordo com a cabeça, entrando na cozinha do castelo e me deparando com Jay ajeitando as cestas.
— Você sumiu, garota — Jay diz comendo um salgado.
— Isso é para a festa, Jay — Carlos diz incrédulo.
Jay dá de ombros, como sempre. Esses dois estão me dando muita dor de cabeça ultimamente, já que Evie está tentando me passar o cargo de fazer as pessoas se acalmarem.
Carlos vai pegar toalhas enquanto eu organizo os docinhos dentro da cesta. Logo em seguida, coloco os salgados rapidamente para Jay parar de roubar.
— Elisa, qual é — Jay reclama.
Ignoro as reclamações dele, vendo Evie entrar na cozinha para jogar diversas coisas para ele pegar. No mesmo instante, Carlos volta com as toalhas, colocando-as na cesta.
Percebemos então que alguém havia comido um pedaço do bolo. Tentamos pensar em uma desculpa, mas no final Jane estará feliz demais para ligar para um simples pedaço de bolo.
— Preciso urgentemente de um banho — digo para Evie com um sorriso.
— Pode pegar o que quiser do meu guarda-roupa — ela diz, indo para um dos banheiros também.
Tomo um banho rápido só para tirar o cansaço do corpo. Logo em seguida, uso um feitiço para colocar um vestido branco curto que estava lá no meu reino. É por isso que é bom praticar magia.
Ouço um barulho estranho, me fazendo sair do banheiro rapidamente. Evie e os outros também perceberam, fazendo com que todos saíssem para fora do castelo. Encontramos Mal transformada em uma velha e Audrey com o cetro junto com a coroa.
— Até mais, queridinhos — Audrey fala antes de sumir em uma fumaça rosa.
Respiro fundo, pois vi a dor nos olhos de Mal antes de eu sair da reunião. Talvez ela tenha mudado de ideia, convencida de que a ideia de fechar a barreira para sempre era horrível. Prefiro acreditar nisso do que pensar o pior.
— Você já bolou um contra-feitiço para isso? — Jay pergunta, assustado com Mal.
— Nenhum feitiço pode reverter a maldição do cetro — Mal fala pensativa. — A Audrey quer vingança, e toda Auradon corre perigo.
— E agora? — Evie pergunta, olhando Mal.
— A única coisa mais poderosa que o cetro... é a brasa do Hades — Mal diz, me fazendo erguer uma sobrancelha.
Pelo visto vou conseguir achar mais respostas sobre o caso de Hades com minha mãe. É uma ideia genial, especialmente quando Celia revela que sabe onde ele se esconde.
— Eu vou junto — digo séria. — Quero conversar um pouquinho com meu tio.
Relutantes, eles concordam em me levar. Desde que fui salvar Ben na ilha, Mal sempre tenta me impedir de pisar lá de novo, mas sempre a convenço.
Na ilha também há algo para eu recuperar, minha pulseira. Para isso, terei que enfrentar o Harry, mas estou com a energia bem recuperada.
Eu e Evie ajudamos Mal a entrar no castelo para pegarmos algumas coisas e trocarmos de roupa novamente, pois não podíamos entrar de vestido na ilha.
Subo na moto junto com Evie, indo para a antiga ponte que dava para a ilha.
— Nobres corcéis livres a cavalgar, podem nos levar a qualquer lugar — Mal recita o feitiço para conseguirmos atravessar.
Assim como da última vez que passei, fiquei um pouco molhada com os respingos de água, mas o importante é que conseguimos chegar na ilha.
O feitiço que Audrey fez acaba sendo desfeito quando chegamos na ilha, fazendo Mal voltar ao normal.
Seguimos Celia até o local onde o pai dela fica, vendo que a relação dos dois era bem carinhosa. Fico feliz que pelo menos a garota tenha isso.
Ando pelo local, observando o estilo diferente que aquele vilão tinha.
Logo Carlos nos chama para ver uma notícia que estava passando na TV, onde falavam que um feitiço do sono estava se espalhando por Auradon.
— Precisamos voltar para Auradon rápido — digo olhando Mal.
Ela chama Celia, que se despede do pai para nos acompanhar até o lado de fora. Mas assim que chegamos à porta, escutamos um barulho estranho.
Rapidamente saímos, encontrando Harry Gancho roubando nossas motos. Sinto uma sensação de alívio ao ver que ele estava bem, parecia o mesmo da última vez que eu o vi quando salvei Ben.
— Eu estava com tanta saudade — ele diz, ligando a moto enquanto me olhava.
Jay, Evie e Carlos saem correndo atrás dos piratas. Celia tenta ir também, mas Mal impede.
— A gente tem que achar a brasa — ela diz para Celia.
Logo chegamos a um lugar escuro e muito sinistro. Assim que Celia abre, nos deparamos com uma caverna com um eco muito profundo e muito escura. Mas enquanto eu observava aquela escuridão, escuto um cachorro latindo, me fazendo assustar.
Seguimos para dentro do local, usando bicicletas completamente estranhas para continuar o caminho. Saímos das bicicletas, vendo o local onde Hades fica enquanto o latido do cachorro ficava mais alto.
Suspiro lentamente observando Hades dormindo enquanto eu estava escondida. Ele parecia tão assustador, mesmo dormindo, que eu não aguentaria um dia na presença dele.
Mal fica atrás dele para pegar a brasa, mas Hades pergunta:
— O que está fazendo aqui?
— Eu notei que acabou o seu milho em lata. — Celia diz, inventando uma desculpa perfeita.
Quando acho que Mal vai conseguir pegar a brasa por ele estar distraído, Hades percebe na hora e pega da mão dela.
Começo a descer lentamente a escada enquanto Celia me olha como se eu fosse louca, mas eu precisava de respostas, nem que fossem poucas.
— E aí, pai. — Mal diz, como se fosse a coisa mais normal do mundo.
Ela é minha prima todo esse tempo e não me contou? Como não fiquei sabendo disso? É claro, é por isso que fiz amizade tão rápido com ela.
Hades só a cumprimenta com um gesto de mão.
— Que show incrível você deu aquele dia. — Ele diz para Mal.
— É porque me ajudou. — Ela responde.
— Eu só estava indo ver você. — Hades fala, se virando e percebendo minha presença. — Pelo visto, trouxe sua prima junto.
Ignoro o tom de desprezo que ele usou para se referir a mim, pois não queria uma briga.
— Tenho algumas perguntas para fazer, tio Hades. — Digo me aproximando.
Olho incrédula quando ele se afasta, me olhando com um ódio que fazia meus ossos tremerem.
— Não me chame de tio, pois não considero você minha sobrinha. — Hades diz cruelmente. — Você é igualzinha a sua mãe.
Recupero meu ânimo enquanto respiro fundo.
— Hera me enviou um sonho sobre você. Nós dois sabemos que os sonhos que tenho não são em vão. — Digo engolindo meu orgulho. — O que teve com minha mãe?
Hades sorri friamente, dando um passo à frente. Seus olhos me observam calmamente, como se estivesse enxergando minha alma.
— Gosto da sua forma de pensar. — Ele cruza os braços. — Namorei sua mãe por um curto tempo, mas troquei ela na primeira oportunidade por Malévola, pois até mesmo aquela fada é mais suportável do que Elara.
Olho para Mal, que escuta a história com curiosidade, mas nosso tempo era muito curto.
— Por que odeia tanto ela? — Pergunto erguendo uma sobrancelha.
— Ela me traiu com seu pai. Tive que dar o troco e fiz isso da forma mais radical possível. — Hades diz friamente. — Tenho assunto para tratar com Mal, já que a nossa conversa foi encerrada.
— Mas eu ainda tenho perguntas. — Digo com teimosia.
Minha pele se arrepia quando meu tio me dá um olhar vazio, parecendo que ia explodir se eu não saísse rapidamente.
— Saia agora! — Hades grita severamente.
Mesmo que eu queira ficar, o tom dele me assustou. Minhas pernas se movimentam sozinhas, subindo a escada para fugir daquele homem sinistro.
Posso ser filha de Zeus, mas tenho certeza que até meu pai teria medo se visse o irmão com aquele olhar horripilante.
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Amor Entre as Ondas
RomanceElisa, uma princesa de Auradon, é conhecida como a filha de Zeus e tem um casamento arranjado com o filho da Branca de Neve. Porém, pressionada pelas expectativas, ela decide fugir para a Ilha dos Perdidos. Sua vida muda drasticamente quando conhece...