A Vingança de Uma Deusa

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18 anos atrás

Elara observava o mapa, notando que Hera não estava no Reino dos Pesadelos Malignos. Percebeu então que a deusa havia apenas brincado com ela o tempo todo. Talvez Hera nunca tivesse sequer ido naquele lugar e só quisesse amedrontá-la.
Elara repousou a mão sobre sua barriga, querendo sentir a bebê, que tinha apenas dois meses, pelo que ela sabia. Mas a incerteza era grande, afinal, não tinha ideia de quanto tempo realmente havia passado desde que tinha ido parar naquele reino sombrio. Ainda mais estranho era o fato de sua barriga permanecer intacta, como se o tempo não tivesse afetado sua gestação.
— Que coisa mais cruel. Vai realmente deixar a maldição atingir essa... criança que está em sua barriga? — uma voz ecoava do céu, que estava tão vermelho quanto sangue. — Sinto pena dessa menina.
Elara não precisou de muito tempo para reconhecer a voz misteriosa. Já tinhaouvido poucos minutos antes de ser arrastada para o Reino dos Pesadelos Malignos.
— Hera, você não acha que já sofri o bastante? — Elara perguntou com indignação.
— Você não sofreu nem um terço do que realmente merece — retrucou Hera, com amargura. — Sabe, você sempre foi a pior. Os piores vilões são aqueles que fingem ser bons e acabam acreditando nisso, mesmo sabendo que não é verdade.
— Então somos iguais, não é? — Elara rebateu com coragem. — Fazer alguém passar por um castigo como esse prova que você está longe de ser boa.
De repente, o mapa caiu das mãos de Elara, jogado ao chão pela magia de Hera.
— Como ousa me insultar assim? Você vai aprender a controlar essa língua — a voz de Hera tornou-se sombria. — Sua filha será inútil. Mesmo com grande poder, nunca poderá usá-lo completamente, pois dormirá por três dias após cada esforço. Ela terá que me agradar, trazendo romãs para mim. Só assim sentirei menos rancor.
Elara tentou argumentar, mas Hera continuou:
— E quanto a você, irá receber a maldição no lugar dela. Fui eu e Malévola que a criamos, especialmente para você. Sabíamos que, se a gênio dissesse que a maldição era para sua filha, você seria egoísta o suficiente para aceitar.
Elara sabia que não deveria ter confiado na criatura da lâmpada. Agora, tudo parecia tão tolo. Ainda assim, não se arrependia de ter pensado que a maldição era para sua filha.
— O que é essa maldição? — Elara perguntou, tentando manter a calma.
— Você vai enlouquecer um pouco mais a cada dia, mas o ápice da sua loucura será quando sua filha encontrar um amor verdadeiro. Você não aceitará, pois não acredita nisso — Hera explicou com frieza. — Quando não se reconhecer mais, a maldição finalmente acabará. E você morrerá no processo.
A risada cruel de Hera ecoou pelo local enquanto uma luz dourada cercava Elara, fazendo sua visão ficar borrada.
— Volte agora para o nosso mundo — Hera ordenou, segundos antes de Elara sentir como se seu corpo estivesse em chamas.
Quando a sensação passou, os olhos de Elara se abriram novamente. Olhando ao redor, percebeu que estava em um lugar familiar, mas que estava completamente diferente. Diante dela havia um edifício que fora construído há muitos anos, mas agora tinha um nome novo: Escola Auradon. Elara olhou ao redor, perplexa. O lugar, antes tão familiar, agora parecia completamente diferente.
— Elara? É você? — Uma voz feminina soou atrás dela, e Elara se virou rapidamente.
— Bela? — Elara perguntou, atordoada.
— Sim, sou eu. O que aconteceu aqui? — Bela perguntou, surpresa ao ver Elara.
— Eu é que te pergunto. Você desapareceu e pensamos que algo terrível havia acontecido com você — Bela respondeu, ainda olhando para Elara com olhos arregalados.
— Acabei sendo levada para o Reino dos Pesadelos Malignos por causa de Hera — Elara explicou, observando ao redor, ainda mais confusa. — Quanto tempo se passou? Três anos?
— Não, querida — Bela respondeu, com cautela. — Já se passaram muitos anos. Adam e eu nos casamos, unimos os reinos e nomeamos este lugar como Estados Unidos de Auradon. Criamos a Ilha dos Perdidos para aprisionar os vilões.
Elara ficou em choque ao ouvir isso.
— O quê? Mas como isso é possível? Eu ainda estou grávida! Minha filha já deveria ter nascido e seria adulta agora! — Elara exclamou, incrédula.
— O reino em que você ficou presa congela o tempo, minha querida — Bela explicou com um sorriso forçado, que Elara percebeu estar repleto de desconforto. Era como se Bela não quisesse Elara ali.
As duas conversaram por um longo tempo, e a cada nova revelação de Bela, Elara se sentia mais atônita. Descobriu que os vilões já estavam presos na ilha há três anos. Apesar da calmaria da conversa, o peso da maldição de Hera pairava sobre Elara, e ela sabia que sua vida nunca mais seria a mesma.

Harry Hook

Caminhamos até a Escola Auradon, pois precisávamos discutir um plano em um local seguro. É estranho pensar que o lugar mais seguro seria o dormitório da própria filha da vilã que está tentando nos matar.
Entramos no quarto de Mal, que estava uma bagunça completa, com sapatos e roupas espalhados por todo lado.
— Não tive tempo de arrumar — Mal diz, suspirando.
— Não importa. O foco agora é como vamos resolver o problema com sua mãe — Uma diz, cruzando os braços.
— E encontrar Elisa, que é o mais importante — digo, passando a mão pelo meu gancho.
O celular de Mal toca com um som agudo, mas logo ela atende, interrompendo o barulho e colocando o aparelho no ouvido.
— Encontrou ela? — Mal pergunta, olhando para o chão, mas logo arregala os olhos. — Como assim Benedict roubou a brasa, pai?
Aquele branquelo imbecil... Ele vai pagar caro se resolver machucar a minha Elisa. Pelo visto, uma "conversinha" não foi suficiente para o príncipizinho entender que minha namorada não quer nada com ele.
— Eu vou matar aquele moleque — digo, amargurado, apertando meu gancho com força.
— Ben ou Audrey devem saber se tem algum lugar onde Benedict costuma se esconder. O melhor seria perguntar à Branca de Neve, mas demoraria muito para chegarmos ao reino dela — Mal diz, tentando manter a calma.
— Audrey está junto com Jane ajudando a Fada Madrinha a pegar a varinha — Carlos fala, chamando Dude com um gesto de mão. — Onde você disse que as viu mesmo?
— Ah, elas estavam indo para o castelo da Fada Madrinha para pegar a varinha — Dude responde, sentando-se no chão.
Discutimos o plano e chegamos à conclusão de que nós, os meninos, iríamos atrás de Ben, Doug e Gil para tentar descobrir pistas que nos levassem ao imbecil do Benedict. Só de pensar nele, minhas mãos formigavam com a vontade de quebrar a cara daquele branquelo.
— Nós, as meninas, vamos procurar Audrey e Jane — Uma diz, colocando a mão na cintura.
— Isso. Ah, Jay, ligue para Lonnie para ver se ela está voltando da viagem com a mãe dela. Vocês parecem próximos — Evie diz, com um sorriso travesso, insinuando que Jay e Lonnie tinham algo a mais.
Não consigo evitar tossir. Se ela soubesse qual é o verdadeiro tipo do Jay, nunca imaginaria ele e Lonnie juntos.
Seguimos o plano como havíamos combinado, pois seria a forma mais eficiente de encontrar uma solução logo. Meu pensamento logo se volta para Elisa, e meu peito dói de preocupação. Eu sentia falta da voz dela, do sorriso, de tudo o que ela me fazia sentir. Mas, por mais que eu quisesse, não tinha ideia de onde minha namorada estava.

Amor Entre as OndasOnde histórias criam vida. Descubra agora